Muhammadu Buhari foi reeleito para um segundo mandato como Presidente da Nigéria. Segundo a comissão eleitoral, Buhari conseguiu cerca de 55% dos votos. Mas principal partido da oposição contesta os resultados.
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Muhammadu Buhari obteve mais de 15,1 milhões de votos (cerca de 55%) contra 11,2 milhões (41% dos votos) do rival Atiku Abubakar, nas eleições de sábado (23.02).
"Tendo cumprido os requisitos da lei e obtido o maior número de votos, Muhammadu Buhari do Congresso dos Progressistas [APC] é o vencedor destas eleições, voltando a ser eleito Presidente", anunciou esta madrugada Mahmood Yakubu, presidente da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI).
Após a divulgação dos resultados oficiais, Buhari afirmou que esta é "uma nova vitória para democracia".
Na rede social Twitter, postou uma fotografia em que está de braços no ar, mostrando quatro dedos em cada mão: o número total de anos para que foi eleito.
"A nova administração vai intensificar os seus esforços no setor da segurança, na reestruturação da economia e no combate à corrupção", prometeu Muhammadu Buhari perante uma plateia de simpatizantes na sede do APC, em Abuja.
"Gostaria de fazer um apelo especial aos meus apoiantes, para não se gabarem ou humilharem a oposição. A vitória é recompensa suficiente para os nossos reforços", acrescentou o Presidente reeleito.
O partido no poder, o APC, venceu em 19 dos 36 estados do país, segundo a comissão eleitoral. Mas o partido do principal candidato da oposição, Atiku Abubakar, contesta os resultados.
Oposição pondera ação judicial
A poucas horas do anúncio dos resultados oficiais do escrutínio, o Partido Democrático do Povo (PDP) rejeitou os números que até ali haviam sido divulgados pela CENI.
Alegando fraude eleitoral, exigiu mesmo a suspensão da contagem de votos e novas eleições em quatro estados do país: Yobe, Zamfara, Nasarawa e Borno.
"À medida que os resultados começaram a ser divulgados no domingo, colocando claramente o PDP na liderança, o partido no poder e o Presidente Buhari enviaram para as diferentes regiões do país altos funcionários para influenciarem os resultados", afirmou Uche Secondus, porta-voz do PDP. "Entendemos, por isso, que os números agora anunciados pela Comissão Eleitoral estão incorretos, o que é inaceitável para o nosso partido e para o povo."
Até agora, Atiku Abubakar ainda não se pronunciou publicamente sobre os resultados. Mas Osita Chidoka, um representante do PDP, adiantou esta quarta-feira (27.02) aos jornalistas que o partido está a ponderar contestar os resultados em tribunal.
Muhammadu Buhari reeleito Presidente da Nigéria
Violência e atrasos
As eleições gerais de sábado na Nigéria deviam ter-se realizado uma semana antes, mas foram adiadas pela comissão eleitoral em cima da hora devido a problemas logísticos.
Alguns observadores alertaram, na altura, para as implicações que o adiamento poderia ter na afluência às urnas. E, na verdade, a participação nestas eleições - 35,6% - foi menor do que a registada nas presidenciais de 2015, em que 44% dos eleitores registados foram votar.
A CENI fez um balanço positivo do escrutínio deste ano. No entanto, vários grupos da sociedade civil lamentaram o elevado número de mortos registados durante as eleições. Segundo os dados mais recentes, 53 nigerianos perderam a vida em episódios de violência.
Quem são as mulheres mais poderosas de África?
Nove mulheres africanas dão que falar no mundo da política e dos negócios, geralmente dominado por homens. Saiba quem são e como se têm destacado.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Primeira mulher Presidente em África
Ellen Johnson Sirleaf foi a primeira mulher eleita democraticamente num país africano. De 2006 a 2018, governou a Libéria, lutando contra o desemprego, a dívida pública e a epidemia do ébola. Em 2011, ganhou o Prémio Nobel da Paz por lutar pela segurança e direitos das mulheres. Atualmente, lidera o Painel de Alto Nível da ONU sobre Migração em África.
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Um grande passo para as mulheres etíopes
Sahle-Work Zewde foi eleita, em outubro, Presidente da Etiópia. O poder no país é exercido pelo primeiro-ministro e o Conselho de Ministros. Entretanto, a eleição de uma mulher para a cadeira presidencial é considerada um grande avanço na sociedade etíope, onde os homens dominam os negócios e a política. Mas isto está a mudar. Hoje em dia, metade do Governo é formado por mulheres.
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Mulher mais rica de África
Isabel dos Santos tem uma reputação controversa em Angola. É filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que a colocou na administração da Sonangol em 2016. Mas o novo Presidente, João Lourenço, luta contra o nepotismo e despediu Isabel dos Santos. Mesmo assim, dos Santos ainda detém muitas participações empresariais e continua a ser a mulher mais rica de África, segundo a revista Forbes.
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Magnata do petróleo e benfeitora da Nigéria
1,6 mil milhões de dólares norte-americanos é a fortuna da nigeriana Folorunsho Alakija. A produção de petróleo faz com que a dona da empresa Famfa Oil seja a terceira pessoa mais rica da Nigéria. Com a sua fundação, a mulher de 67 anos apoia viúvas e órfãos. Também é a segunda mulher mais rica de África, apenas ultrapassada pela fortuna de Isabel dos Santos de 2,7 mil milhões (segundo a Forbes).
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Oficial da dívida da Namíbia
Na Namíbia, uma mulher lidera o Governo: desde março de 2015, Saara Kuugongelwa-Amadhila é primeira-ministra – e a primeira mulher neste escritório na Namíbia. Anteriormente, foi ministra das Finanças do país e perseguiu uma meta ambiciosa: reduzir a dívida nacional. A economista é membro da Assembleia Nacional da Namíbia desde 1995.
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Discrição e influência
Jaynet Kabila é conhecida pela sua discrição e cuidado. Irmã gémea do ex-Presidente congolês Joseph Kabila, é membro do Parlamento da República Democrática do Congo e também é dona de um grupo de meios de comunicação. Em 2015, a revista francesa Jeune Afrique apontou-a como a pessoa mais influente do Governo na RDC.
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Triunfo diplomático
A ex-secretária de Estado do Ruanda, Louise Mushikiwabo, será secretária-geral da Organização Internacional da Francofonia em 2019. Isto, mesmo depois de o país ter assumido o inglês como língua oficial há mais de 10 anos. A escolha de Mushikiwabo para o cargo é vista como um triunfo diplomático. O Presidente francês, Emmanuel Macron, foi um dos apoiantes da sua candidatura.
Outra mulher influente: a nigeriana Amina Mohammed, vice-secretária-geral das Nações Unidas desde 2017. Entre 2002 e 2005, já tinha trabalhado na ONU no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Mais tarde, foi assessora especial do então secretário-geral, Ban Ki-moon, e, por um ano, foi ministra do Meio Ambiente na Nigéria.
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A ministra dos recordes no Mali
Recente no campo da política externa, Kamissa Camara é a mais jovem na política e primeira ministra do Exterior da história do Mali. Aos 35 anos, foi nomeada para o cargo pelo Presidente Ibrahim Boubacar Keïta e é agora uma das 11 mulheres no Governo. No total, o gabinete maliano tem 32 ministros.