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Muitas famílias não têm o que comer em Angola

Anselmo Vieira (Huíla)7 de julho de 2016

A seca continua a afetar o sul de Angola. Apesar de ter caído alguma chuva, as colheitas não chegam para acudir às necessidades das pessoas afetadas nas províncias da Huíla, Namibe, Cunene e Kuando Kubango.

Foto: DW/N.Sul D'Angola

A situação é preocupante e agrava-se a cada dia que passa. Embora tenham procurado lavrar a terra para conseguirem sobreviver, muitas famílias pouco ou nada colheram e estão a passar fome. Por isso, a solução para muitos é o êxodo rural.

Os municípios dos Gambos, na Huíla; Curoca, no Cunene; Bibala, no Namibe; e Savata, no Kuando Kubango estão entre os que mais inspiram cuidados, segundo várias entidades não-governamentais.

As ONG reconhecem o esforço do Governo, mas entendem que podia fazer mais, porque ainda há famílias que não tem o que comer, sobretudo nos locais mais recônditos.

Dom Pio Hipunhyaty, bispo da Diocese de OndjivaFoto: DW/A. Vieira

"Há gente que não tem nada", sublinha o bispo da Diocese de Ondjiva. Dom Pio Hipunhyaty volta a apelar à "boa vontade de todos" para lutar contra o flagelo da seca, através da doação de bens alimentares.

O prelado chama também a atenção para surgimento de várias epidemias. "Onde há falta de água potável sabemos que isto arrasta consigo outras enfermidades. E também é natural que a falta de água e de alimentos traga consigo epidemias".

Necessário mais apoio

Como consequência do êxodo de populares, o município do Kuvango, na província da Huíla, está a acolher famílias provenientes do Cunene. A zona do Muvundo, última aldeia a sul, tem estado a receber vítimas da seca. Por isso, o administrador Miguel Luís pede apoio para ajudar essas pessoas.

A situação no Namibe é preocupante, sublinha Dom Dionísio Hissilenapo, que pede sobretudo os dirigentes para serem realistas quanto à seca, que tem estado a ceifar muitas vidas.

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"A situação social do Namibe é marcada sobretudo pela seca, pela fome e pela sede. Às vezes há pessoas que dizem que a situação está tão controlada que não há fome. Não é verdade", afirma. "A nossa gente anda doente e nós vamos continuar a fazer o nosso trabalho enquanto líderes, enquanto responsáveis da Igreja (Católica)", afirma.

Domingos Fingo, diretor-geral da Associação Construindo Comunidades (ACC), que opera na região, diz que a situação é preocupante, sobretudo nas zonas pastoris. "Há problemas sérios não só nas comunidades rurais, onde o nível de vida se degradou nos últimos tempos", refere.

Apesar desta situação, o ministro da Administração e Território, Bornito de Sousa, diz que o Governo angolano está atento. "O Executivo central e os governos provinciais estão a tratar o assunto (da fome) com sentido de prioridade", assegura.

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