Esta é uma iniciativa que pretende chamar a atenção para o aumento do número de assassinatos de mulheres protagonizados pelos seus parceiros. Também já foi convocada uma marcha para o próximo dia 26 de outubro.
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Na imprensa angolana, multiplicam-se os relatos sobre assassinato de mulheres protagonizados pelos seus parceiros. Em fevereiro deste ano, uma jornalista da Rádio Nacional de Angola foi espancada até à morte pelo marido. Em maio, uma bancária de nacionalidade cabo-verdiana foi alvejada mortalmente, também pelo esposo.
Mas foi em setembro que o número de assassinatos disparou: um jovem atropelou mortalmente a ex-namorada por não aceitar a reconciliação e um outro cidadão matou a namorada por esta se recusar a fazer um aborto fruto de um relacionamento de mais de três anos. Ainda em setembro, uma filha de um missionário foi assassinada pelo ex-namorado na província do Huambo. E estes são apenas os casos relatados pela imprensa.
Os motivos por detrás deste tipo de crimes são muitos. Em entrevista à DW África, Marlene Messele, socióloga angolana, fala de "casamentos precoces, cultura mal empregue, má interpretação da religião, problemas financeiros e falta de diálogo, principalmente, mau uso das redes sociais, opinião familiar para projeção de vida do casal, a inveja da projeção académica ou social de uma das partes, falta de amor, de paciência, infertilidade e a traição".
Mulheres angolanas lançam campanha “Parem de nos matar” nas redes sociais
Por causa destes assassinatos, as mulheres angolanas voltaram a lançar nas redes sociais a campanha "Parem de nos matar". Este é já o segundo movimento em menos de um ano que visa repudiar e chamar a atenção das autoridades e da sociedade para o fenómeno.
Punição severa
Marcelana Gilda, do Projecto AGIR, uma iniciativa comunitária que debate sem tabus várias questões sociais, políticas e económicas, diz que a falta de punição severa aos implicados contribui para o aumento destes casos. "Quando um homem mata uma mulher tem que ser punido, mesmo para que dê exemplo aos outros que ficaram. Porque se um homem mata e não é castigado severamente, os outros vão fazer o mesmo. Estamos numa sociedade onde, praticamente não existe proteção para as mulheres", diz.
Segundo a socióloga Marlene Messele, para a redução do número deste tipo de "crimes bárbaros, é necessário a máxima intervenção dos agentes de socialização: a escola, a família, a igreja, e os meios de comunicação social".
Marcha a 26 de outubro
Para além da campanha de repúdio, as mulheres convocaram uma marcha para o próximo dia 26 deste mês, à semelhança do que já aconteceu em dezembro do ano passado, quando mais de 500 mulheres marcharam na capital angolana.
Marcelina Gilda, uma das organizadoras desta marcha, explica à DW África que o protesto pretende "chamar a atenção porque não está certo que os homens matem as mulheres. Eles não fazem praticamente nada".
Angola: Jovens desempregados marcham em Luanda
O elevado índice de desemprego levou os jovens angolanos novamente às ruas. Durante a caminhada de sábado (08.12) os "kunangas", nome atribuído aos desempregados, exigiram políticas para a criação de postos de trabalho.
Foto: DW/B. Ndomba
Caminhar por mais emprego
Onde estão os 500 mil empregos que o Presidente da República, João Lourenço, prometeu durante a campanha eleitoral de 2017? Foi uma das questões colocadas pelos jovens desempregados que marcharam nas ruas de Luanda. A marcha decorreu sob o lema "Emprego é um direito, desemprego marginaliza".
Foto: DW/B. Ndomba
Apoio popular
Populares e vendedores ambulantes apoiaram o protesto deste sábado, que foi também acompanhado pelas forças de segurança. Participaram na marcha algumas associações como o Movimento Estudantil de Angola (MEA) e a Associação Nova Aliança dos Taxistas. Os angolanos que exigem criação de mais postos de trabalho marcharam do Cemitério da Sant Ana até ao Largo das Heroínas, na Avenida Ho Chi Minh.
Foto: DW/B. Ndomba
Níveis alarmantes
O Governo angolano reconhece que o nível de desemprego é preocupante no país. 20% da população em idade ativa está desempregada, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados no ano passado. Os jovens em Angola são os mais afetados - 46% não têm emprego.
Foto: DW/B. Ndomba
Palavras de ordem
Os manifestantes exibiram vários cartazes com mensagens dirigidas ao Presidente e ao Governo: "João Lourenço mentiroso, onde estão os 500 mil empregos?", "Ser cobrador de táxi não é minha vontade" e "Por kunangar perdi respeito em casa”, foram algumas das questões levantadas.
Foto: DW/B. Ndomba
Estágios, inclusão e subsídios
Além de empregos, os manifestantes exigem políticas de estágio - para que os recém formados tenham a experiência exigida pelas empresas – e programas que beneficiem pessoas com deficiência física. Este sábado, pediram também ao Governo que atribua subsídio de desemprego aos angolanos que não trabalham.
Foto: DW/B. Ndomba
Sem perspetivas de trabalho
O índice do desemprego piorou com a crise económica e financeira em Angola, desde 2015. O preço do crude caiu no mercado internacional, e, como o país está dependente das exportações de petróleo, entraram menos divisas. Muitas empresas foram obrigadas a fechar as portas e milhares de cidadãos ficaram desempregados.
Foto: DW/B. Ndomba
Formados e desempregados
Entre os manifestantes ouvidos pela DW África em Luanda, histórias como a de Joice Zau, técnica de refinação de petróleo, repetem-se. Concluiu a sua formação em 2015 e, desde então, não teve quaisquer oportunidades de emprego: "Já entreguei currículos em várias empresas no ramo petrolífero e nunca fui convocada", conta. Gostaria de continuar a estudar, mas, sem emprego, são muitas as dificuldades.
Foto: DW/B. Ndomba
É preciso fazer mais
Para a ativista Cecília Quitomebe, o Executivo está a "trabalhar pouco para aquilo que é o acesso ao emprego para os jovens". No final da marcha, a organização leu um "manifesto" lembrando que a contestação à política de João Lourenço começou a 21 de julho, quando o mesmo grupo de jovens exigiu mais políticas de emprego. Na altura, a marcha realizou-se em seis cidades. Este sábado, ocorreu em 12.