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Mulheres da Guiné-Bissau querem mais poder no comando do país

Braima Darame (Bissau)27 de agosto de 2013

Um grupo de mulheres da Guiné-Bissau inicia na segunda-feira (02.09) uma campanha de informação dedicada às mulheres para que passem a assumir mais responsabilidades e poder na sociedade guineense.

Várias formandas assistem à palestra sobre Direitos Humanos e Liderança FemininaFoto: Braima Darame

Quarenta anos depois de ter conquistado a independência, a Guiné-Bissau continua a ser governada por homens, sem que as mulheres tenham obtido um papel relevante no desenvolvimento do país.

Por isso, várias mulheres, de diversos quadrantes da sociedade guineense, que se queixavam de ser fortemente discriminadas e, quase sempre, relegadas para segundo plano, decidiram unir-se por uma presença mais forte no comando do país.

A União Europeia investiu cerca de 450 mil euros num projeto destinado a apoiar a participação destas e de outras mulheres na construção da paz na Guiné-Bissau. A iniciativa envolve meia centena de organizações não-governamentais e estruturas femininas de base comunitária.

Ana Constância Gomes é uma das formadoras do movimentoFoto: Braima Darame

Mulheres formadas para a Paz

A ideia da organização é formar mulheres guineenses nas áreas dos Direitos Humanos, liderança feminina e prevenção contra a violência de género.

"Vamos levar algumas dinâmicas que aprendemos aqui para as mulheres poderem entender qual é o seu papel no terreno”, explica Ana Constância Gomes, uma das formadoras.

Estimular a participação das mulheres na prevenção e gestão de conflitos nas regiões de Bafatá, no Leste do país, em Cacheu, no extremo Norte, e no Setor Autónomo de Bissau, em benefício de todos os habitantes dessas regiões, é uma das linhas fortes do movimento, explica Ana Constância Gomes.

“Nós, as mulheres, somos utilizadas como um objeto. Quando existe uma campanha, as mulheres vão atrás a bater palmas, a dançar, a cozinhar. Mas quando chega o momento da partilha, nós somos postas de lado. Não temos a mesma visibilidade. Os homens acham que eles é que são os detentores do poder”, critica. “Isto é um estereótipo que tem de acabar”, frisa a dinamizadora.

Mulheres da Guiné-Bissau querem mais poder no comando do país

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Neste momento, a campanha de sensibilização está a dar instrução às organizações não-governamentais nacionais ligadas à proteção dos direitos da mulher e à prevenção da violência de género. O objetivo é capacitá-las como formadoras e também como multiplicadoras.

“Se educares uma mulher, estás a educar uma sociedade. Nós, mulheres, somos capazes de apaziguar, de resolver problemas. E nós pomos a funcionar o que corre mal”, defende Ana Constância Gomes.

Eunice Mendes, uma das participantes, acredita que este tipo de formação chegou no momento certo. “Nós precisamos dela para transmitir a outras mulheres, que não têm a oportunidade de aqui estar, as diferenças entre o homem e a mulher e para explicar qual é o tipo de violência que elas muitas vezes são vitimas e não sabem”, esclarece.

Uma mulher vota nas eleições presidencias da Guiné-Bissau em março de 2012Foto: AP

Projeto estende-se a todo o país

Com a duração de dois anos, o projeto prevê a formação de nove organizações não-governamentais guineenses. Será também reforçada a capacidade de 40 estruturas femininas de base comunitária das regiões de Bafatá e Cacheu.

Estão previstas 120 ações para tornar eficaz a integração das mulheres nos poderes locais e na gestão de conflitos.

O projeto está a ser coordenado pela organização não governamental holandesa SNV, em parceria com a organização não-governamental guineense RENLUV - Rede nacional de Luta contra a Violência baseada no Género e Criança da Guiné-Bissau.

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