Mulheres estão em desvantagem na agricultura
7 de março de 2011O relatório da situação da alimentação e agricultura no mundo apresentado em Roma, na Itália, na véspera do dia Internacional da Mulher, revela uma descoberta surpreendente, segundo o diretor geral da agência da ONU para a Alimentação e Agricultura, a FAO. Jacques Diouf explicou que "ao eliminar a lacuna que separa o trabalho de homens em mulheres, o número de pessoas desnutridas em todo o mundo poderia diminiur entre 100 e 150 milhões".
Isso equivale a uma redução entre 12 e 15 % no número daqueles que passam fome, ainda segundo o responsável, e teria um impacto positivo para atingir a principal meta do milénio, que é a erradicação da pobreza e da fome no mundo.
Os rendimentos provenientes de áreas cultivadas por mulheres são inferiores às daquelas geridas por homens. Mas isso não quer dizer que as mulheres são piores agricultoras que os homens. Elas simplesmente não tem o mesmo acesso aos insumos, aponta o relatório. Se o tivessem os rendimentos das mulheres aumentariam. Isso porque elas produziriam mais e, por consequência, a produção agrícola mundial também apresentaria um crescimento.
O diretor geral da FAO aponta a solução do problema: "Eliminar as formas mais profundas de discriminação contra a mulher na agricultura permitiria um aumento nos benefícios que seria sentido por todos." Outra saída, segundo Jacques Diouf, seria dar mais crédito as mulheres, argumentando que esta é uma estratégia comprovada para melhorar a vida das crianças em termos de nutrição, saúde e educação.
Propostas de soluções
Terri Raney, economista sénior da FAO, enumera três pontos principais para modificar o atual quadro de desigualdade entre homens e mulheres agricultores. Ela diz que primeiro é preciso garantir uma igualdade com boa concordância entre os géneros. A economista reitera que em muitos países as mulheres ainda não tem direito a serem donas das suas próprias terras, não podem sequer ter uma conta bancária em seus nomes, e nem assinar um contrato e isso significa que legalmente não podem ser agricultoras.
O segundo passo, reforça Raney, é construir o capital humano de mulheres e meninas através da educação, da formação para a vida no campo. Segundo a economista, só assim as mulheres terão a informação necessária para serem boas agricultoras. Por fim, ela acrescenta que todas as entidades que quiserem promover a igualdade entre homens e mulheres precisam de entender que a agricultura "é, sim, uma questão de género".
Autor: Rafael Belincanta
Revisão: Nádia Issufo/Renate Krieger