1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
Estado de DireitoSão Tomé e Príncipe

"Não sei se vou sair viva de São Tomé"

8 de dezembro de 2022

A mulher do suspeito de liderar o ataque a um quartel militar em São Tomé e Príncipe diz temer pela sua vida. E pede proteção ao Estado para sair do país. A morte do alegado mandante do ataque continua por esclarecer.

Militares no dia da suposta tentativa de golpe de EstadoFoto: Ramusel Graca/DW

Graça Costa ainda chora a morte do marido, Arlécio Costa, "assassinado" num quartel militar a 25 de novembro, após um ataque que foi descrito pelas autoridades são-tomenses como uma "tentativa de golpe de Estado".

Arlécio Costa, antigo combatente do "batalhão Búfalo", foi acusado de ser o mandante do assalto. É uma tese que Graça Costa não aceita: "Disseram que, no golpe de Estado, houve seis horas de tiroteio, e em seis horas de tiros não houve nenhum morto? Não houve nenhum ferido?"

Arlécio Costa foi acusado de ter sido o mandante do ataque ao quartel militar a 25 de novembroFoto: Ramusel Graça/DW

Graça Costa diz que o marido foi preso em casa, em pleno dia. "Eram sete e tal, quase oito horas, as tropas puseram uma bala na câmara e disseram para ele não se mexer, e eu também não me mexi. Pensei que nos iam matar. Como é que, num país democrático, vêm buscar um homem em casa para ser morto, como ele foi morto?"

Desde a morte do marido, a angolana diz que vive com medo. Pede agora proteção e apoio das autoridades para regressar com o filho à África do Sul, onde o casal viveu durante vários anos.

"Tenho que voltar para a África do Sul. Só vim ficar aqui com o meu marido e eles o mataram. Da forma como eles vieram buscar o meu marido e o mataram, fico agora cheia de medo. Não consigo dormir à vontade, porque, assim que tocam à campainha ou batem no portão, fico com medo. Eu não sei se vou sair viva daqui de São Tomé, eu e o meu filho."

Inquérito prossegue

Decorrem investigações sobre o que aconteceu a 25 de novembro, com peritos das Nações Unidas e da Polícia Judiciária portuguesa.

De visita a Portugal, o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, disse que a morte de Arlécio Costa e de outros três atacantes foram "execuções extrajudiciais de pessoas que são testemunhas-chave".

Primeiro-ministro são-tomense, Patrice TrovoadaFoto: Ramusel Graça/DW

Entretanto, o novo chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, João Pedro Cravid, anunciou reformas urgentes.

"As Forças Armadas de São Tomé e Príncipe atravessam um momento delicado por causa dos acontecimentos de 25 de novembro. Eu conto com todos. Haverá reformas nas Forças Armadas, nós vamos mudar o paradigma, vamos mudar a forma de pensar", prometeu o brigadeiro.

Arlécio Costa esteve envolvido numa tentativa de golpe de Estado em 2003 e foi condenado em 2009. A mulher pede proteção do Estado e apoio após a morte do marido.

Saltar a secção Mais sobre este tema