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ConflitosNíger

Níger: "A CEDEAO não vai dizer quando e onde vai atacar"

Lusa
4 de agosto de 2023

Os contornos de uma "possível intervenção militar" contra os militares golpistas no Níger foram "definidos", diz a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Foto: KOLA SULAIMON/AFP

O anúncio foi feito esta sexta-feira (04.08) pelo comissão para os Assuntos Políticos e de Segurança da CEDEAO, Abdel-Fatau Musah, no final da reunião de três dias, em Abuja, dos chefes de Estado-Maior da organização.

"Todos os elementos de uma possível intervenção foram trabalhados nesta reunião, incluindo os recursos necessários, mas também como e quando vamos projetar a força", disse Musah.

"Os chefes de Estado-Maior e as suas equipas têm trabalhado 24 horas por dia (desde quarta-feira) para desenvolver um conceito de operações para uma possível intervenção militar na República do Níger, a fim de restaurar a ordem constitucional e garantir a libertação do Presidente detido", acrescentou.

No entanto, "a CEDEAO não vai dizer aos golpistas quando e onde vai atacar", disse, adiantando que se trata de uma "decisão operacional que será tomada pelos chefes de Estado" da organização.

Em 30 de julho, a CEDEAO, que impôs pesadas sanções a Niamey, deu aos golpistas sete dias para restabelecerem a Presidência de Mohamed Bazoum, derrubado em 26 de julho, sob pena do recurso à "força".

Chefes de Estado-Maior da CEDEAO estiveram durante três dias reunidos na Nigéria para discutir golpe de Estado no NígerFoto: KOLA SULAIMON/AFP

"Queremos que a diplomacia funcione"

Os golpistas autointitulam-se Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria (CNSP), que é liderado pelo general Abdourahamane Tiani.

A dois dias do fim do ultimato, a CEDEAO continua a afirmar que privilegia a via diplomática para resolver a crise no Níger, nomeadamente através do envio de uma delegação a Niamey.

A opção militar é, na sua opinião, a última a ser posta em cima da mesa.

"Queremos que a diplomacia funcione e queremos que esta mensagem seja claramente transmitida (aos golpistas), nomeadamente que lhes damos todas as oportunidades para inverterem o que fizeram", acrescentou o responsável da CEDEAO.

Os golpistas garantiram já uma "resposta imediata" a "qualquer agressão" por parte de um país da CEDEAO.

O Mali e o Burkina Faso, vizinhos do Níger governados também por militares após os golpes de Estado de 2020 e 2022, respetivamente, apoiam a junta. Os dois países, que foram suspensos dos órgãos de governo do bloco da África Ocidental, declararam que qualquer intervenção armada seria considerada "uma declaração de guerra" e teria como consequência a sua retirada da CEDEAO.

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