Níger: França terminou operação de retirada de cidadãos
Lusa
3 de agosto de 2023
Operação de retirada dos cidadãos franceses e outros estrangeiros do Níger terminou hoje. Governo da França pediu que se garanta segurança das representações diplomáticas em Niamey.
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"A retirada dos nossos cidadãos do Níger acaba de ser concluída", declarou o ministro das Forças Armadas francês, Sébastien Lecornu, numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter), especificando que 1.079 cidadãos franceses e estrangeiros, incluindo europeus, "estão agora em segurança".
O número exato de franceses retirados não foi indicado.
Segurança em Niamey
Também hoje, o Governo da França disse ter pedido ao Níger que tome "as medidas necessárias para garantir plenamente a segurança" das representações diplomáticas estrangeiras em Niamey, em particular a francesa, caso aconteçam novas manifestações no país.
"Em um momento em que foram publicadas várias convocações para manifestações para 3 de agosto, a França reitera que a segurança das instalações e do pessoal diplomático é uma obrigação oriunda do direito internacional e, em particular, da Convenção de Viena”, ressaltou o Ministério das Relações Exteriores francês em comunicado.
"A França pediu às forças de segurança do Níger que tomem as medidas necessárias para garantir plenamente a segurança dos complexos diplomáticos estrangeiros em Niamey, em particular os da França", acrescentou a pasta da ministra Catherine Colonna.
Paris aproveitou a oportunidade para condenar mais uma vez "com a maior firmeza" os atos de violência cometidos contra sua embaixada no Níger no domingo (30.07), "por grupos organizados e equipados" durante uma manifestação de apoio aos golpistas.
Manifestações
Centenas de pessoas favoráveis aos militares responsáveis pelo golpe de Estado no Níger estão hoje reunidos em Niamey para uma manifestação de apoio, segundo jornalistas no local.
Os manifestantes, alguns dos quais empunhando grandes bandeiras russas, começaram a reunir-se no centro da capital, na Place de l'Indépendance (Praça da independência), a pedido da M62, uma coligação de organizações "soberanistas" da sociedade civil, revela o jornalista da agência de notícias francesa AFP, no local.
Segundo os jornalistas da AFP, os membros do M62 garantem a segurança da manifestação, que decorria num ambiente calmo.
Hoje também celebra-se o aniversário da independência do Níger em relação à França, que mantém cerca de 1.500 soldados no país.
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Golpe de Estado
A 26 de julho, um golpe de Estado no Níger, liderado pelo general Abdourahamane Tchiani, derrubou o Presidente democraticamente eleito Mohamed Bazoum.
Em menos de um ano, o continente africano viveu oito golpes e tentativas de golpe de Estado. A maior parte aconteceu na África Ocidental, região do continente mais fértil para as intentonas. Não há fator surpresa.
Foto: Radio Television Guineenne/AP Photo/picture alliance
Níger: Tentativa de golpe fracassada
A tentativa de golpe de Estado aconteceu a 31 de março de 2021, dois dias antes da tomada de posse do Presidente Mohamed Bazoum. Na capital, Niamey, foram detidos alguns membros do Exército por detrás da tentativa. O suposto líder do golpe é um oficial da Força Aérea encarregado da segurança na base aérea de Niamey. O Níger já sofreu 4 golpes de Estado: o último, em 2010, derrubou Mamadou Tandja.
Foto: Bernd von Jutrczenka/dpa/picture alliance
Chade: Uma sucessão com sabor a golpe de Estado
Pouco depois do marechal Idriss Déby ter vencido as presidenciais, morreu em combate contra rebeldes. A 21 de abril de 2021, o seu filho, o general Mahamat Déby, assumiu a liderança do país, sem eleições, nomeando 15 generais para o Conselho Militar de Transição, entre eles familiares seus. Idriss governou o Chade por mais de 30 anos com mão de ferro e o filho dá sinais de lhe seguir os passos.
Foto: Christophe Petit Tesson/REUTERS
Mali: Um golpe entre promessas de eleições
O coronel Assimi Goita foi quem derrubou Bah Ndaw da Presidência do Mali a 24 de maio de 2021. Justifica que assim procedeu porque tentava "sabotar" a transição no país. Mas Goita prometeu eleições para 2022 e falou em "compromisso infalível" das Forças Armadas na defesa da segurança do país. Pouco depois, o Tribunal Constitucional declarou o coronel Presidente da transição.
Foto: Xinhua/imago images
Tunísia: Um golpe de Estado sem recurso a armas
No dia 25 de julho de 2021, Kais Saied demitiu o primeiro ministro, seu rival, Hichem Mechichi, e suspendeu o Parlamento por 30 dias, o que foi considerado golpe de Estado pela oposição, que convocou manifestações em nome da democracia. Saied também levantou a imunidade dos parlamentares e garantiu que as decisões foram tomadas dentro da lei. Nas ruas de Tunes, teve o apoio da população.
Foto: Fethi Belaid/AFP/Getty Images
Guiné-Conacri: Um golpista da confiança do Presidente
O dia 5 de setembro de 2021 começou com tiros em Conacri, uma capital que foi dominada por militares. O Presidente Alpha Condé foi deposto e preso pelo coronel Mamady Doumbouya - que dissolveu a Constituição e as instituições. O golpista traiu Condé, que o tinha em grande estima e confiança. Doumboya tinha demasiado poder e não se entendia com a liderança da ala castrense.
Foto: Radio Television Guineenne via AP/picture alliance
Sudão: Golpe compromete transição governativa
A 25 de outubro de 2021, os golpistas começaram por prender o primeiro ministro, Abdalla Hamdok, e outros altos quadros do Governo para depois fazerem a clássica tomada da principal emissora. No comando estava o general Abdel Fattah al-Burhan, que dissolveu o Conselho Soberano. Desde então, o Sudão vive manifestações violentas, com a polícia a ser acusada de uso excessivo de força.
Foto: Mahmoud Hjaj/AA/picture alliance
Burkina Faso: Golpe de Estado festejado
A turbulência marcou o começo do ano, mas a intentona foi celebrada em grande nas ruas da capital, Ouagadougou. A 23 de janeiro de 2022, o tenente-coronel Paul Damiba liderou o golpe de Estado ao lado do Exército. Ao Presidente Roch Kaboré não restou outra alternativa se não demitir-se. Tal como os golpistas de outros países, comprometem-se a voltar à ordem constitucional após consultas.
Foto: Facebook/Präsidentschaft von Burkina Faso
Guiné-Bissau: Intentona ou "inventona"?
Tiros, alvoroço, mortos e feridos no Palácio do Governo marcaram o dia 1 de fevereiro de 2022 em Bissau. O Presidente Umaro Sissoco Embaló diz que os golpistas queriam matá-lo e ao primeiro ministro, Nuno Nabiam. Houve algumas detenções, mas até hoje não se conhece o líder golpista. No país, acredita-se que tudo não passou de um "teatro" orquestrado pelo próprio Presidente, amplamente contestado.