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Níger: Guiné-Bissau e Cabo Verde apoiam decisão da CEDEAO

Manuel Oliveira | com agências
3 de agosto de 2023

Guiné-Bissau e Cabo Verde apoiam decisão da CEDEAO, incluindo o uso de força militar. Os países condenam o golpe de Estado no Níger e apelam ao regresso do Presidente Bazoum ao poder.

Nigeria Abuja | ECOWAS-Treffen zur Lage in Niger
Foto: KOLA SULAIMON/AFP

A comunidade Internacional está de olhos postos no Níger. Depois do golpe de Estado da semana passada, que derrubou o Presidente Mohamed Bazoum, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) realizou um ultimato aos golpistas.

Os países lusófonos pertencentes à CEDEAO, Guiné-Bissau e Cabo Verde, condenam o golpe de Estado e posicionam-se junto da mesma, incluindo no que toca ao uso de força militar.

Umaro Sissoco Embaló, Presidente da República guineense, diz que "há todo o tipo de opções em cima da mesa”. Embaló conta que "as chefias militares estão reunidas em Abuja, na Nigéria” e que "as tropas vão se começar a movimentar nas fronteiras entre o Níger e a Nigéria”.

"É incondicional que Bazoum volte ao poder. Vai acontecer o que aconteceu na Libéria e na Serra Leoa, porque não podemos aceitar o golpe”, afirma o Presidente guineense.

Também Cabo Verde, país integrante da CEDEAO, mostrou a sua indignação para com o golpe de Estado. Numa nota de imprensa, o governo diz condenar o golpe de Estado e acrescenta que "espera que a normalidade institucional e a estabilidade possam ser retomadas”.

José Maria Neves, Presidente da República cabo-verdiana, afirma que Cabo Verde "condena veemente todos os levantamentos militares e tentativas de tomada de poder à força”.

"Juntamos a nossa voz a todos os Presidentes da região no sentido dos militares libertarem imediatamente o Presidente Bazoum e garantir a restauração da ordem constitucional no Níger”, afirma o Presidente num apelo ao retorno à normalidade. 

Foto de grupo de membros da CEDEAO, reunidos em setembro de 2021 no GanaFoto: Nipah Dennis/AFP

CEDEAO vê uso de força militar como uma possibilidade

Umaro Sissoco Embaló foi o último líder da presidência da CEDEAO que agora está a cargo da Nigéria. Na cimeira de julho, liderada pelo mesmo, a CEDEAO criou uma "troika” para encontrar soluções para erradicar o terrorismo na região.

O ex-líder da cimeira da CEDEAO afirma agora que "todas as opções estão em cima da mesa incluindo a opção militar”. "Neste momento está em causa a credibilidade de África. Isto já ganhou uma dimensão regional e não sub-regional. Ontem reunimos e analisámos a situação; a comunidade internacional acompanha a nossa decisão”, acrescenta Embaló.

A CEDEAO declarou também que, apesar de ser uma última opção, o uso de força militar não deixa de ser uma opção.

Abdel-Fatau Musah, comissário da CEDEAO responsável pelos Assuntos Políticos e de Segurança, afirma que "a opção militar é a última opção em cima da mesa, o último recurso, mas temos de estar preparados para esta eventualidade".

Ao mesmo tempo, os diplomatas russos apelaram ao "diálogo" para evitar uma "deterioração da situação", argumentando que "a ameaça de usar a força contra um Estado soberano não ajudará a desanuviar as tensões e a resolver a situação no país".

Centenas de pessoas abandonam Niamei rumo à EuropaFoto: Stanislas Poyet/AFP

Países retiraram cidadãos do Níger

Cabo Verde já retirou oito cidadãos do Níger, que deixaram a capital em aviões franceses. O Ministério dos Negócios Estrangeiros explicou que os esforços estão a ser coordenados com França e Portugal.

Segundo a declaração feita pelo Ministério cabo-verdiano, os oito cabo-verdianos deixaram o Níger e chegaram a Paris na noite de ontem (02/08). Os cidadãos terão sido "recebidos pela representação de Cabo Verde em França, que já preparou toda a logística" para regressarem ao seu país.

Vários países europeus iniciaram a retirada de cidadãos do Níger. França, Espanha e Itália levantam aviões de Niamei, capital do país, trazendo centenas de cidadãos europeus ou de outros países através de acordos mútuos, como é o caso de Cabo Verde.

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