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ConflitosNíger

Níger: Junta acusa França de querer "intervir militarmente"

AFP | Lusa | bd
31 de julho de 2023

A junta do Níger diz que a França está a planear ataques para libertar Bazoum. A União Europeia diz que apoiará todas as medidas acordadas pela CEDEAO, que incluem um possível "uso da força".

A junta militar do Níger denunciou hoje uma ameaça "iminente de intervenção militar em Niamey" por parte da CEDEAO.Foto: Balima Boureima/picture alliance/AA

 

A nova Junta Militar do Níger acusou esta segunda-feira a França, antiga potência colonial, de querer "intervir militarmente" para reintegrar o Presidente deposto Mohamed Bazoum.

"Na sua busca de formas e meios para intervir militarmente no Níger, a França, com a cumplicidade de alguns nigerianos, reuniu-se com o chefe do Estado-Maior da Guarda Nacional do Níger para obter a necessária autorização política e militar", diz uma declaração lida na televisão nacional.

Num outro comunicado, os golpistas acusaram os serviços de segurança de uma embaixada ocidental anónima de terem disparado gás lacrimogéneo no domingo contra os manifestantes pró-golpe na capital Niamey.

O comunicado refere que seis pessoas foram hospitalizadas após o incidente.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu no domingo uma ação "imediata" se cidadãos ou interesses franceses fossem atacados no Níger, depois de milhares de nigerianos se terem concentrado em frente à embaixada francesa.

O sentimento antifrancês é elevado em algumas antigas colónias africanas, à medida que o continente se torna um novo campo de batalha diplomático, com a crescente influência russa e chinesa.

A França tem cerca de 1500 soldados na nação da África Ocidental, que é um dos seus últimos aliados na região do Sahel, depois de as forças francesas terem sido obrigadas a retirar do vizinho Mali no início deste ano.

Depois do Mali e do Burkina Faso, o Níger tornou-se o terceiro país do Sahel a ser afetado por ataques jihadistas ligados ao grupo Estado Islâmico e à Al-Qaeda.

A junta militar avisa contra tentativas estrangeiras de libertar Mohamed Bazoum, afirmando que isso resultaria em derramamento de sangue e caosFoto: Sam Mednick/AP/dpa/picture alliance

União Europeia apoirá CEDEAO

"A União Europeia apoia todas as medidas tomadas pela CEDEAO em resposta a este golpe de Estado e apoiá-las-á de forma rápida e decisiva", afirmou Borrell, em comunicado.

O chefe da diplomacia europeia indicou que a União Europeia "associa-se às fortes condenações" expressas pelos chefes de Estado da região contra o "inaceitável golpe de Estado" perpetrado no Níger.

"O Presidente, [Mohamed] Bazoum, democraticamente eleito, continua a ser o único chefe de Estado do Níger. Nenhuma autoridade para além da sua pode ser reconhecida. Ele deve recuperar, sem demora e sem condições, a liberdade e a plenitude do cargo", afirmou.

"É importante que a vontade do povo do Níger, tal como expressa nos votos, seja respeitada. (...) Consideramos os golpistas responsáveis por quaisquer ataques contra civis, pessoal ou instalações diplomáticas", acrescentou Borrell.

Milhares de pessoas protestaram no domingo em frente à embaixada francesa em Niamey, numa manifestação de apoio ao golpe militar no país, antes de serem dispersadas por bombas de gás lacrimogéneo, segundo a agência de notícias AFP.

No domingo, a CEDEAO lançou um ultimato aos golpistas do Níger, afirmando que não exclui o uso da força se não libertarem e devolverem ao poder o Presidente deposto, no prazo de uma semana.

Bazoum está detido na sua residência desde quarta-feira.

Foto: AFP/Getty Images
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