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PolíticaNíger

Níger realiza segunda volta das presidenciais

AFP | AP | Eric Topona | Mohamed Tidjani Hassane | cvt
21 de fevereiro de 2021

Disputa eleitoral deve culminar na primeira transição democrática do poder na história do país. Morte de sete trabalhadores eleitorais devido a explosao de uma mina ofuscou o pleito.

Bildkombo I Wahlen Niger I Mohamed Bazoum und Mahamane Ousmane
Mohamed Bazoum e Mahamane Ousmane

Milhares de soldados foram destacados para garantir a segurança da votação em todo o país, numas presidenciais que marcam a primeira transferência pacífica entre presidentes eleitos desde a independência do Níger de França em 1960.

O Presidente cessante Mahamadou Issoufou irá deixar o poder após dois mandatos de cinco anos.

"Tenho orgulho em ser o primeiro Presidente democraticamente eleito da nossa história a poder passar o bastão a outro presidente democraticamente eleito", disse Issoufou ao votar na Câmara Municipal de Niamey, capital do país, este domingo (21.02).

O seu sucessor será ou o seu braço direito Mohamed Bazoum ou Mahamane Ousmane, que se tornou o primeiro Presidente democraticamente eleito do país em 1993, mas foi derrubado num golpe de Estado três anos depois.

Ousmane, de 71 anos, concorre à presidência pela quinta vez desde a sua deposição em um dos quatro golpes militares a que o país assistiu, juntamente com seis eleições.

Expectativa dos eleitores

Um eleitor, o estudante de 29 anos Idrissa Gado, disse que a eleição é uma "fonte de orgulho" para os nigerinos.

"O próximo Presidente deve agir contra os rebeldes, é a grande preocupação no Níger que deve ser tratada. Queremos paz e segurança", disse Gado ao votar em Niamey.

Independente de quem vencer, o ladrilhador Ibrahim Kadi Mahmane espera que o novo líder "não esqueça os pobres e as pessoas que vivem nas aldeias".

Eleitor vota na segunda volta das presidenciaisFoto: Issouf Sanogo/AFP/Getty Images

Grande favorito

Depois de obter 39,3% dos votos da primeira volta, a 27 de dezembro, Bazoum é considerado o grande favorito nesta segunda volta.

"Espero que a sorte esteja com o vencedor... Tenho muitas razões para acreditar que está, de facto, do meu lado", disse o candidato ao votar na capital Niamey.

Aos 60 anos de idade, o ex-ministro do Interior já selou o apoio dos candidatos que ficaram em terceiro e quarto lugares na primeira volta.

"Bazoum tem uma coligação que se espera vencer, se as instruções de voto dos partidos que o apoiam forem respeitadas pelos seus ativistas", avaliou Ibrahim Yahya Ibrahim, do International Crisis Group.

O seu concorrente Mahamane Ousmane, que obteve quase 17% dos votos na primeira volta, pode contar com o apoio de uma coligação de 18 partidos da oposição chamada Cap 20-21, bem como de Hama Amadou - anteriormente considerado o candidato mais forte contra Bazoum e que foi banido da corrida devido a uma sentença de prisão por tráfico de bebés.

Receios de fraudes

Várias missões de observadores estrangeiros acompanharam a votação, incluindo a missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e da Organização Internacional da Francofonia.

A Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) afirmou numa declaração este domingo que "cartões de voto falsos" tinham estado a circular em várias regiões do país.

Ao votar na sua aldeia natal de Zinder, Mahamane Ousmane afirmou: "Se os cidadãos virem que estas eleições foram mais uma vez manipuladas, receio que a situação seja difícil de gerir".

Ousmane apelou a todos os responsáveis, a todos os níveis, "para assegurar que estas eleições sejam limpas e verdadeiras para que os cidadãos possam identificar-se com os resultados eleitorais”.

Magagi Ganda Aissa, da sociedade civil em Niamey, avaliou a votação de forma positiva na capital. "Tudo está a correr bem, tudo está calmo,” disse à DW África, acrescentando ter, entretanto, tomado conhecimento de "homens armados a entrar nas mesas de voto no interior e a confiscar as urnas”. "Vamos ver como acabou. Se são apenas alguns incidentes aqui e ali, não é um problema. Mas se 10, 20, 30% das mesas de voto forem afectadas, é preocupante," concluiu.

Um diplomata, falando sob condição de anonimato, disse que a preocupação não era tanto relativa a "práticas injustas" mas sim à imponente máquina eleitoral do partido no poder.

Sete mortos em explosão

Sete trabalhadores eleitorais foram mortos no início deste domingo na conturbada região ocidental de Tillaberi, quando o seu veículo atingiu uma mina, disse o governador da área à agência de notícias AFP.

A explosão também feriu três trabalhadores, incluindo os chefes das mesas de voto, disse Tidjani Ibrahim Katiella.

A equipa tinha sido enviada pela comissão eleitoral para monitorizar a votação, acrescentou o governador.

A explosão ocorreu na cidade de Dargol, a cerca de 100 quilómetros de Niamey.

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