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PolíticaNíger

"Sanções da CEDEAO são injustas, mas vamos ultrapassá-las"

14 de agosto de 2023

O Níger está em condições de "ultrapassar" as sanções impostas na sequência do golpe de Estado, mesmo que estas representem "um desafio injusto", assegurou o primeiro-ministro nomeado pelos militares, Lamine Zeine.

Ali Lamine Zeine / Niger 2008
Foto: Karen Bleier/AFP/Getty Images

Numa entrevista à Deutsche Welle, Zeine afirmou: "Acreditamos que, mesmo que se trate de um desafio injusto que nos foi imposto, devemos ser capazes de o ultrapassar, e vamos ultrapassá-lo".

Zeine, um economista de formação que foi ministro das Finanças no início dos anos 2000, foi nomeado há uma semana pelos líderes do golpe de Estado que derrubaram o presidente eleito, Mohamed Bazoum, a 26 de julho, e referia-se às medidas tomadas pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Na entrevista à Deutsche Welle, descreveu como positiva a visita a Niamey, este fim de semana, de uma delegação de clérigos nigerianos: "Isto tranquiliza-nos porque eles são os porta-vozes de uma certa visão da sociedade nigeriana", afirmou.

Para Ali Mahaman Lamine Zeine, a Nigéria e a CEDEAO são parceiros importantes: "Temos um grande interesse em preservar esta relação importante e histórica e em assegurar que a CEDEAO trabalhe sobretudo em questões puramente económicas".

Abdourahamane Tiani, líder da Junta MilitarFoto: Télé Sahel/AFP

Suspensão das transações financeiras

Mas também adverte: "Acharmos que o princípio político e militar tem precedência sobre esta solidariedade económica seria muito lamentável", sublinha na entrevista.

As sanções impostas pela CEDEAO incluem a suspensão das transações financeiras com o Níger e o congelamento de todas as transações de serviços, incluindo o comércio de energia, o que levou a cortes de eletricidade no país.

A CEDEAO, enquanto privilegia a via do diálogo, também deu luz verde a uma intervenção armada contra os militares, ativando a sua "força de reserva", embora as modalidades de uma eventual intervenção militar desta organização representativa da África Ocidental não tenham sido reveladas.

O Níger e a Nigéria partilham laços históricos, étnicos e religiosos e acolhem uma maioria de muçulmanos sunitas.

O golpe de Estado no Níger de 26 de julho foi liderado pelo autodenominado Conselho Nacional para a Salvaguarda da Nação (CNSP), que anunciou a destituição do Presidente e a suspensão da Constituição.

O Níger tornou-se assim o quarto país da África Ocidental liderado por uma junta militar, depois do Mali, Guiné-Conacri e Burkina Faso, onde também foram perpetrados golpes de Estado entre 2020 e 2022.

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