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Número de mortes na Nigéria pode passar de 200

23 de janeiro de 2012

Atentados terroristas não devem encorajar cristãos a deixar o norte da Nigéria, defende responsável da associação dos cristãos no país. Ele justifica: a violência é obra do grupo Boko Haram e não da comunidade muçulmana.

Atentado terrorista do dia 20/01/12 é o pior já registrado em Kano
Atentado terrorista do dia 20/01/12 é o pior já registrado em KanoFoto: picture-alliance/dpa

A polícia da Nigéria encontrou nesta segunda-feira (23/01) oito carros armadilhados na cidade de Kano. Os veículos haviam sido abandonados em diferentes pontos da cidade ao norte da Nigéria, mesma localidade onde na última sexta-feira cerca de 170 pessoas morreram vítimas de ataques terroristas, reivindicados pela seita radical islâmica Boko Haram.

Neste último domingo, o presidente nigeriano Goodluck Jonathan se deslocou a Kano onde a população ainda está em choque com as cenas macabras registradas há três dias.

Solidariedade na hora do pânico

O cristão natural do Delta do Níger Goodluck Jonathan visitou feridos em um hospital e se reuniu com o emir de Kano, um dos mais importantes líderes tradicionais do norte da Nigéria.

Ao chegar ao aeroporto, o Presidente nigeriano reiterou a decisão de levar os criminosos ao tribunal. Goodluck Jonathan saudou o engajamento das forças de segurança em acabar com a violência perpetrada pelo grupo Boko Haram.

"Algumas prisões já foram efetuadas e alguns dos atacantes morreram nas explosões. Muitos deles eram homens-bomba. Para as vítimas que foram hospitalizadas, os médicos continuam a fazer o que podem para lhes salvar a vida", esclarece o Presidente da Nigéria.

Os atos de violência da última sexta-feira em Kano são os piores já registrados nesta localidade. Os principais alvos eram o quartel-general da polícia, um edifício dos serviços secretos e serviços de imigração.

Goodluck Jonathan (e) reunido com o emir de KanoFoto: picture-alliance/dpa

Frank Roger, chefe do serviço externo do instituto alemão Goethe, em Kano, estava num dos locais atingidos e relata que houve muita confusão e pânico nas ruas mas que teve a impressão que as pessoas cuidavam umas das outras.

Aumenta o número de mortos

Enquanto isso, o número de mortos continua a subir. Ainda há muita gente internada em hospitais. A Cruz Vermelha anunciou que o balanço atual do número de mortos na cidade ultrapassa os 160. Oficialmente se fala em 170 e fontes hospitalares, citadas por agências noticiosas, admitem que as vítimas mortais poderão atingir os 250.

Os islâmicos radicais que reivindicaram os ataques são da seita Boko Haram. A mesma que ordenou recentemente aos cristão para abandonarem o norte da Nigéria.

Presidente nigeriano reitera decisão de levar criminosos a tribunalFoto: picture alliance / dpa

Ranson Belo, responsável da Associação dos Cristãos da Nigéria, em Kano, disse à DW que os ataques não assustam, porque os atos de violência foram obra do grupo Boko Haram e não da comunidade muçulmana na Nigéria.

"Os cristão devem permanecer em Kano. Não devemos ter medo de nada e nem de ninguém. Acredito que tudo irá correr bem", repassa Ranson Belo em mensagem aos cristãos.

Por seu turno, Faruk Dalhatu, diretor da rádio privada no norte da Nigéria "Freedom Rádio", parceira da DW, afirma que Kano poderá vir a ser comparada a Maiduguri, onde foi fundada em 2002 a seita Boko Haram. O grupo efetua ataques contra igrejas e restaurantes quase que diariamente.

"Já tínhamos essas crises, mas nunca a este ponto. Os atentados não visam os civis mas sim o governo e as suas instituições", acredita Faruk Dalhatu.

Atentado terrorista em Kano matou cerca de 170 pessoasFoto: Reuters

Repercussão mundial

Os ataques ocorridos em Kano suscitaram em todo o mundo repulsa e indignação. O secretário geral da ONU Ban Ki-moon considerou estes atos de violência "um desrespeito inaceitável pela vida humana".

O ministro alemão dos Negócios Estrangeiros Guido Westerwelle disse que os sangrentos ataques contra os cristãos e as instituições governamentais são uma ameaça à paz na Nigéria.

Autor: Thomas Mösch/António Rocha
Edição: Bettina Riffel/Nádia Issufo

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