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Chuvas no Lobito fazem mais de 70 mortos

Nelson Sul de Angola (Benguela) /Lusa/AFP/gcs13 de março de 2015

De acordo com a Proteção Civil, pelo menos 35 crianças estão entre as vítimas mortais das chuvas que caíram no Lobito nos últimos dias. Dezenas de casas ficaram destruídas, várias escolas foram inundadas.

Angola sofre regularmente com inundações (foto tirada em Luanda em novembro de 2014)Foto: DW/C. Vieira

A agência de notícias estatal Angop refere que, no Bairro Novo, o nível das águas chegou a atingir os três metros. Na cidade do Lobito (província de Benguela), pelo menos 70 pessoas morreram devido às chuvas, entre elas 35 crianças, segundo a Proteção Civil. Várias escolas, igrejas e unidades de saúde ficaram inundadas. 119 casas desabaram, oito escolas estão parcialmente destruídas e estima-se que 400 famílias ficaram desalojadas.

O Governo angolano assegura que a situação está sob controlo. As equipas de busca continuam à procura de sobreviventes. Nessas operações estão envolvidas forças militares e para-militares da Marinha de Guerra e da Polícia Nacional.

A UNITA pediu ao executivo que se apresse a "aliviar o sofrimento" dos habitantes do Lobito que foram afetados pelas chuvas. Em comunicado, o maior partido da oposição angolana apela ainda ao Governo angolano que tome medidas para que situações idênticas não se repitam no futuro.

Governo envia missão interministerial para zona sinistrada

O Presidente angolano José Eduardo dos Santos, já despachou para a província de Benguela uma comissão interministerial composta pelos titulares das pastas da Administração do Território, da Saúde, do Interior, da Reinserção Social e da Construção , para "in loco" avaliar a situação.

Por outro lado e segundo Bornito de Sousa, ministro da Administração do Território, o chefe de Estado angolano disponibilizou cerca de um milhão de euros para apoiar e reassentar as famílias sinistradas.

Casas em zonas de risco

Segundo o secretário de Estado para Protecção Civil e Bombeiros, Eugénio Laborinho, as águas arrastaram pessoas que habitavam em casas críticas nas zonas de risco, principalmente em linhas de passagem de água nas encostas de montanhas.Eugénio Del Corso, bispo da diocese de Benguela, diz que esta tragédia podia ter sido evitada. "Acho que é um pouco culpa das autoridades eclesiásticas e civis, não terem feito uma avaliação dessa situação", afirmou à Rádio Ecclesia.

Bairro da Juventude em BenguelaFoto: Nelson Sul D’Angola

Entretanto, José Patrocínio, coordenador da organização de defesa dos direitos humanos OMUNGA, sediada no Lobito, espera que "todas as ações de emergência de apoio às populações afetadas sejam rápidas e efetivas".

No blogue "Quintas de Debate", o ativista pede ainda que se apurem responsabilidades. "A procura de denominadas 'zonas de risco' para a construção das suas habitações, essencialmente pelos mais pobres, demonstra em si a falência das políticas habitacional e urbanística do Governo angolano", escreveu Patrocínio.

Reacende o debate sobre construções anárquicas
A tragédia do Lobito, reacendeu o sebate sobre as cionstruções anárquicas em Angola e a falta de um plano-diretor na área da habitação e urbanismo por parte do Governo de José Eduardo dos Santos.

Para vários especialistas, se dezenas de famílias terão sido vítimas das fortes chuvas que se abateram sobre a província de Benguela, é também porque as autoridades não conseguiram cumprir as várias promessas feitas ao longo dos anos concernentes a uma habitação condigna para os angolanos

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Em Angola, as chuvas fizeram nove mortos em abril de 2013 e seis em novembro de 2012.

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