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ONU preocupada com escalada de violência no Burundi

rtr / afp / gcs,kg,ac10 de novembro de 2015

"O Burundi está a viver uma profunda crise política", alertou o secretário-geral adjunto da ONU para os Assuntos Políticos. O chefe da diplomacia burundesa diz, no entanto, que o país "não está a arder".

Foto: picture-alliance/AA/N. Renovat

As Nações Unidas alertam para uma possível escalada da violência no Burundi. Esta segunda-feira, o secretário-geral adjunto das Nações Unidas para os Assuntos Políticos, Jeffrey Feltman, informou os membros do Conselho de Segurança de que o Burundi está a viver uma "profunda crise política" com "implicações sérias na estabilidade e harmonia étnica do país".

O Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al-Hussein, teme que a violência aumente se não se fizer nada: "As pessoas responsáveis, independentemente do seu posto ou afiliação política, devem ser chamadas a prestar contas. E é preciso exercer toda a influência possível para travar o que pode ser uma catástrofe iminente."

Pelo menos 240 pessoas, incluindo membros da oposição, jornalistas e ativistas de direitos humanos, foram mortas no Burundi desde abril, na sequência dos protestos contra a candidatura do Presidente Pierre Nkurunziza a um terceiro mandato, à revelia da Constituição. Mais de 280 mil pessoas procuraram refúgio noutros países.

Presidente do Burundi, Pierre NkurunzizaFoto: picture-alliance/dpa/C. Karaba

Esta segunda-feira, pelo menos duas pessoas morreram e um agente da polícia ficou ferido em confrontos na capital Bujumbura, um dia depois do fim do prazo dado pelo Presidente Pierre Nkurunziza para que civis entregassem armas ilegais. No fim-de-semana, homens armados, vestidos com uniformes da polícia, mataram nove pessoas num bar, incluindo um funcionário das Nações Unidas.

Sanções?

Preocupada com a série de assassinatos, sequestros e detenções arbitrárias no Burundi, a França elaborou uma proposta de resolução ao Conselho de Segurança da ONU, ameaçando as autoridades burundesas com sanções.

Mas, esta segunda-feira, durante a reunião do Conselho, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Burundi, Alain Nyamitwe, afirmou que o país está calmo: "O Burundi não está a arder", há apenas "pequenos grupos de criminosos" a atuar, afirmou. De acordo com Nyamitwe, o Governo está a dialogar com a oposição; possíveis sanções seriam "ineficazes".

No entanto, segundo o analista Ulrich Delius, pressionar as autoridades burundesas e preparar o envio de forças de manutenção da paz da ONU para o Burundi são as únicas alternativas que restam depois de o Governo ter ignorado todos os apelos de moderação.

"O Conselho de Segurança deve enviar um sinal claro de que está pronto para dar os próximos passos, sozinho ou em conjunto com a União Africana, para punir os responsáveis e recorrer ao Tribunal Penal Internacional, de forma a exercer pressão política sobre o Burundi", afirma o especialista da organização alemã Sociedade para os Povos Ameaçados (GfbV, na sigla em alemão).

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Ainda não é claro se o Conselho de Segurança aprovará sanções contra líderes do Burundi. Esta segunda-feira, o embaixador adjunto russo, Petr Iliichev, referiu que sanções não ajudariam a atenuar a crise.

Tensões étnicas

Entre a comunidade internacional cresce o temor de que as tensões entre hutus e tutsis no Burundi resultem em algo semelhante ao genocídio no Ruanda, em 1994, em que morreram mais de 800 mil pessoas.

"Recordamo-nos do que aconteceu na região, no vizinho Ruanda, há 21 anos", disse o embaixador britânico Matthew Rycroft aos jornalistas. "Não podemos deixar que a história se repita."

O Presidente ruandês, Paul Kagame, apelou ao Burundi que evite um conflito étnico.

O analista político tanzaniano Gwandumi Mwakatobe diz, porém, que a intervenção de outros países deve ir além de declarações: "O que o Burundi precisa agora não é de pressão, mas, acima de tudo, de esforços diplomáticos ao nível mais elevado possível."

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