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Na Nigéria, iniciativa privada promove revolução no setor energético

19 de junho de 2012

Sustentabilidade, um dos temas da Rio+20, é o caminho para superar desafios no fornecimento de energia na Nigéria. Apesar das riquezas petrolíferas, o país pretende diversificar. Uma revolução feita por particulares.

A photograph made available 19 August 2010 shows the Chevron oil facility under contruction in Escravos, 56 miles from Warri in the oil rich Niger delta region of Nigeria 17 August 2010. Nigeria is the fifth largest exporter of oil to the United States and the largest producer of oil in Africa. For decades, thousands of spills across the fragile Niger Delta have hampered the livelihoods of fishermen and farmers, contaminated water sources and polluted the ground and air. Approximately 300 spills are estimated each year. Some are small and some are continuous leaks but compounded they continue to pollute the delta. EPA/GEORGE ESIRI Schlagworte Fabrik, Erdöl, düster, Ufer, Wolken, Schiff, dunkel, Öl, Wirtschaft, Himmel, Schiffe, Natur, Industrie, Verkehr, Unternehmen, Gewässer
Öl Ölförderung Nigerdelta Niger NigeriaFoto: picture-alliance/dpa

O ruído dos geradores de energia pode ser ouvido por toda a Nigéria. Os equipamentos funcionam a diesel e podem ser vistos em varandas, quintais e garagens por toda parte. Fazem barulho e poluem o ar.

Mas sem eles, nada funciona na Nigéria porque as fontes de abastecimento de energia são desastrosas. Às vezes, há eletricidade por algumas horas. Mas quando a energia falta, pode levar dias ou mesmo semanas a voltar.

Geradores de energia podem ser vistos em varandas, quintais e garagens por toda parte na NigériaFoto: picture-alliance/dpa

O advogado Kayode Ajulo irrita-se sempre que pensa que a sua existência depende de uma caixa barulhenta que gera a sua energia. Mas sem o gerador, ele teria de fechar o seu escritório de advocacia com 20 funcionários.

"Pode ser uma surpresa mas, por mês, gasto só para o diesel, 50 mil Naira, ou seja 250 euros", calcula. E depois ainda vêm os custos do gerador em si, para a manutenção. "Este abastecimento de energia débil custa-me, por ano, mais de dois milhões de Naira - ou seja, dez mil euros", conclui o advogado.

Petróleo, para onde vai o lucro?

Apesar de 90% das receitas do governo nigeriano serem provenientes do petróleo, o sistema de abastecimento de energia permanece caóticoFoto: AP

Isto apesar de a Nigéria ser o produtor número um de petróleo em África, posicionando-se mesmo antes de Angola. O ouro negro do Delta do Níger representa 90% das receitas do governo nigeriano. Mas parece que os lucros não revertem para a melhoria do sistema de abastecimento de energia.

Ao contrário, o petróleo acabou por impedir que durante décadas houvesse alguém que se interessasse por outras formas de energia. O empresário Dahiru Baba trabalha desde 1984 no norte da Nigéria com energia solar. Nesta região, o sol brilha, idealmente, em média 300 dias por ano.

Ele explica que, quando o petróleo foi encontrado, perdeu-se o interesse em outros tipos de energia, como a hídrica, por exemplo. "Ninguém pensava no meio ambiente. Além disso a energia solar e a eólica ainda nem se consideravam", avalia.

Energia solar é alavanca do futuro

Investimentos em energias alternativas, como a solar, é feito por particularesFoto: DW

No entanto, desde a descoberta do petróleo na Nigéria, há mais de 50 anos, também se fez muito pelas energias renováveis. Alguns dos modelos de Dahiru Baba poderiam fornecer energia para um hospital inteiro. Mas mesmo uma pequena célula solar já faz maravilhas.

O empresário diz que um pequeno modelo, por exemplo, não custa mais que 20 mil naira – ou 100 euros - e é adequado para quem vive no campo. "Produz energia suficiente para uma ou duas lâmpadas, um rádio e para recarregar um telemóvel. É muito barato", comenta.

Mas até agora ainda não existe nenhum apoio por parte do governo para a energia solar, apesar de haver discussões sobre o tema. No entanto, em meio a tantos megaprojetos, as discussões correm o risco de cair no esquecimento.

Apesar de tudo, o governo estabeleceu uma meta ambiciosa: em 30 anos, 50% das necessidades energéticas do país devem ser satisfeitas através de energias renováveis.

Dickson Akoh, diretor do Corpo de Paz na Nigéria, mostra algum ceticismo. Para ele, apesar dos novos desenvolvimentos, a maioria das considerações só está no papel. "Esforçamo-nos por arranjar alternativas, mas até agora só temos palavras", lamenta.

Autores: Alexander Göbel/ Carla Fernandes
Edição: Cris Vieira/António Rocha


 

19.06 Energie Nigeria - MP3-Mono

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