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Nuno Nabiam: "Ninguém está acima da lei na Guiné-Bissau"

Lusa
10 de outubro de 2020

O primeiro-ministro guineense afirmou que ninguém está acima da lei no país, nem o próprio, nem o Presidente do país, e que os autores dos alegados espancamentos de dois ativistas políticos serão levados à Justiça.

Guinea-Bissau Wahl Kandidat Nuno Gomes Nabiam 16.05.2014
Foto: Seyllou/AFP/Getty Images

Nuno Nabiam falava aos jornalistas durante uma visita ao centro de treino militar em Cumeré, a 40 quilómetros a norte de Bissau, onde foi questionado sobre os incidentes com dois ativistas políticos.

Queba Sané, conhecido por R.Kelly, e Carlos Sambú, dois jovens ativistas políticos alegaram, na sexta-feira (09.10), numa conferência de imprensa, terem sido raptados por elementos ligados à segurança pessoal do Presidente guineense, e terem sido levados ao Palácio da Presidência, onde alegadamente foram alvos de espancamentos.

Os dois ativistas acusaram diretamente Tcherno Bari, vulgarmente conhecido no país por Tcherninho, um elemento do corpo de segurança do presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, de os ter raptado e ordenado o seu espancamento.

"Como o Presidente da República já assumiu publicamente e eu concordo, ninguém está acima da lei. Nós todos somos cidadãos. É um ato que todos nós repudiamos, porque não podemos aceitar", defendeu Nuno Nabiam.

"A justiça tem de se pronunciar”

O primeiro-ministro disse que tem exortado aos membros do seu Governo para a necessidade de se evitarem atos que possam pôr em causa "ainda mais a imagem" do país e que, a ser verdade o que os ativistas denunciaram, a justiça tem de se pronunciar.

Nuno Nabiam defendeu que tem feito apelos no sentido de todos trabalharem para "tirar o país do buraco em que se encontra atualmente", enfatizou.

"Não se pode permitir que, num momento em que o país se está a reerguer, haja situações que coloquem em causa outra vez o nome da Guiné-Bissau", sublinhou Nabiam, pedindo, contudo, que se aguarde pelo pronunciamento do procurador-geral da República, que já anunciou a abertura de um inquérito.

Presidente quer ouvir ativistas

Em conferência de imprensa, na presença da Liga Guineense dos Direitos Humanos, os ativistas Carlos Sambú e Queba Sani (R.Kelly), disseram que foram raptados no bairro da Ajuda, na capital guineense e levados para a Presidência da República.Foto: Iancuba Dansó/DW

O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, prometeu que irá falar pessoalmente com os dois ativistas que alegam ser vítimas de tortura por parte de elementos da segurança presidencial.

"Haverá consequências, porque os dois jovens são da minha confiança. Considero-os como meus filhos, fizeram campanha para mim diretamente e são jovens do MADEM-G15” (Movimento para a Alternância Democrática), afirmou Umaro Sissoco Embaló, numa conferência de imprensa em Lisboa para fazer o balanço da visita de Estado a Portugal.

O Ministério Público da Guiné-Bissau anunciou na quinta-feira a abertura de um inquérito que visa os responsáveis morais e materiais daquilo que classificou como um "ato ignóbil".

Para o Presidente guineense, este caso está a ser alvo de "um aproveitamento político porque lamentavelmente os jovens são jovens do MADEM”.

Mas eu "ainda sou um dos vice-presidentes do MADEM”, recordou o governante, mostrando-se pessoalmente empenhado no caso.

"Eu é que dei a instrução ao procurador-geral da República e à Polícia Judiciária” para investigar o caso e, na próxima semana, "vou mesmo falar com eles, porque eu os considero como meus filhos”, disse o chefe de Estado, que estende esta preocupação sobre a violência a outros casos, que envolveram ataques a um deputado e a um dirigente do Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau (PAIGC, na oposição).

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