Nagorno-Karabakh: Milhares de pessoas fogem para a Arménia
26 de setembro de 2023![](https://static.dw.com/image/66923944_800.webp)
O Governo da Arménia anunciou hoje (26.09) que chegaram ao país mais de 13 mil pessoas deslocadas pela intervenção militar do Azerbaijão no território secessionista de Nagorno-Karabakh, cuja população era de maioria arménia.
"Às 08h00 locais de 26 de setembro, 13.350 pessoas deslocadas chegaram à Arménia vindas de Nagorno-Karabakh", afirmou o Conselho de Ministros arménio, num comunicado publicado no seu site.
"O Governo fornece alojamento a todos aqueles que não têm onde viver", afirmou o Executivo do primeiro-ministro Nikol Pashinian, especificando que 11 mil refugiados já foram registados, mas que o processo irá prosseguir.
O Governo garantiu que irá disponibilizar alojamento aos deslocados, muitos dos quais estão atualmente hospedados num centro humanitário criado na cidade de Kornidzor, na fronteira com o Azerbaijão e a cerca de 150 quilómetros de Nagorno-Karabakh.
Enviados da Arménia e do Azerbaijão reúnem-se em Bruxelas
Esta terça-feira, pela primeira vez desde que o Azerbaijão estabeleceu o controlo sobre a região separatista do Nagorno-Karabakh, na semana passada, enviados da Arménia e do Azerbaijão vão reunir-se para conversações em Bruxelas.
Os conselheiros de segurança nacional da Arménia, do Azerbaijão, da França e da Alemanha estarão presentes nas conversações, que serão presididas pelo conselheiro diplomático principal da Presidência do Conselho Europeu, Simon Mordue.
A 19 de setembro, o Azerbaijão anunciou o lançamento de "operações antiterroristas" na região, depois da morte de quatro polícias do Azerbaijão e de dois civis, na sequência da explosão de minas colocadas por "sabotadores arménios", de acordo com Baku.
No dia seguinte, as autoridades do território secessionista, abandonado por Erevan, capitularam e foi acordado um cessar-fogo.
Pelo menos 200 pessoas morreram e 400 ficaram feridas, indicaram os separatistas arménios, e Nagorno-Karabakh viu-se confrontado com uma emergência humanitária, com relatos de escassez de eletricidade, gás, combustível e alimentos.
20 mortos e 280 feridos em explosão
Esta segunda-feira (25.09), pelo menos 20 pessoas morreram e mais de 280 ficaram feridas na explosão de um depósito de combustível na região.
O Ministério da Saúde de Nagorno-Karabakh disse que "muitas pessoas estão dadas como desaparecidas", pelo que se teme que o número de mortos possa aumentar nas próximas horas.
Quando se deu a explosão, encontrava-se nas imediações do depósito de combustível um grande número de viaturas com habitantes de Nagorno-Karabakh que pretendiam abandonar o enclave, após a derrota militar da semana passada contra o exército do Azerbaijião.
Poucas horas antes, uma delegação oficial do Azerbaijão tinha acordado com representantes arménios de Nagorno-Karabakh a entrega de ajuda humanitária, a implantação de serviços de saúde e uma comissão de trabalho conjunta para restaurar os serviços básicos e reabilitar as infraestruturas da região.
Comunidade internacional reage
No final da semana passada, a Alemanha instou o Azerbaijão a garantir os direitos e a segurança da população do Nagorno-Karabakh, maioritariamente constituída por arménios.
Na sexta-feira, a Comissão Europeia anunciou uma verba de 500 mil euros para reforçar a ajuda humanitária em Nagorno-Karabakh, nomeadamente aos deslocados que fugiram dos recentes conflitos armados no enclave.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, tem previsto visitar hoje o enclave azerbaijanês de Nakhchivan, situado entre a Arménia e a Turquia e separado do resto do território do Azerbaijão.
Erdogan vai visitar Nakhchivana a convite do homólogo do Azerbaijão, Ilham Aliyev, noticiou a agência de notícias turca, Anatolia. Ambos os líderes vão abordar as relações bilaterais e os últimos acontecimentos em Nagorno-Karabakh.