Nampula: Apelos ao civismo no primeiro dia da campanha
Sitoi Lutxeque (Nampula)
25 de setembro de 2018
Campanha eleitoral em Nampula arranca de forma ordeira e com promessas dos políticos que almejam conquistar os municípios.
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Na cidade de Nampula, a chamada capital do norte de Moçambique, a campanha para as eleições autárquicas de 10 de outubro iniciou de forma ordeira e pacífica, não obstante encontros frequentes entre as caravanas dos oito partidos e grupo de cidadãos concorrentes. Todos querem ganhar tempo para divulgar, o mais urgente possível, os seus planos de governação.
Amisse Cololo, cabeça-de-lista da FRELIMO, que neste ano concorre pela terceira vez, mas sem sucesso nas duas últimas, diz que nestas eleições o seu partido vai ganhar e faz promessas de maior inclusão na sua governação e melhoria das condições de vida dos citadinos."O partido FRELIMO quer mudar a cidade, criando melhores condições para os nossos munícipes. Criar melhores condições significa reativar a cintura verde [produção agrícola urbana] da nossa cidade, reabilitar as estradas, construir escolas, abastecimento de água, etc. A nossa governação vai ser inclusiva onde os munícipes tenham uma palavra a dizer", destacou o candidato.
MDM quer resgatar a cidade
O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), partido que retirou do poder em Nampula a FRELIMO em 2013, mas perdeu nas eleições intercalares, diz que quer resgatar a cidade e devolver o desenvolvimento que durante cinco anos aquela formação política proporcionou, mas sem deixar de lado o combate cerrado à corrupção. Fernando Bismarque é o cabeça-de-lista do MDM na cidade de Nampula.
"A grande promessa é acabarmos com a precariedade, criminalidade e colocarmos à disposição dos munícipes serviços de qualidade para a recolha de resíduos sólidos e, também, iremos combater sem tréguas a corrupção", disse.
Projetos aguardam vitória da RENAMO
Já Paulo Vahanle, atual edil de Nampula e cabeça-de-lista da RENAMO, que concorre pela sua própria sucessão, diz não ter dúvidas que o seu partido vai vencer as eleições olhando, segundo ele, pela capacidade das realizações "brilhantes" feitas durante um curto tempo. Vahanle citou entre essas realizações a remoção do lixo, a reabilitação de estradas e mercados. Mas há projetos com financiamentos já garantidos que, segundo ele, aguardam pela sua vitória para serem executados."Os nossos adversários comunicavam a nível internacional que a RENAMO só sabe disparar, mas não sabe governar, mas eu diariamente recebo mensagens a afirmar que estavam a ser enganados. Na Europa, América e Ásia disserem para vos informar que votem na RENAMO e eles continuaram a investir no desenvolvimento da cidade. Temos muitos projetos que estão pendentes e eles [investidores] dizem que só poderão investir se a RENAMO ganhar as eleições [de 10 de outrubro]. Um deles é a produção de energias [renováveis] para a cidade a partir de Namicopo [o populoso bairro da cidade]", disse.
Concorrem para as quintas eleições autárquicas de 10 de outubro, na cidade de Nampula, oito partidos e grupos de cidadãos, nomeadamente, a FRELIMO, RENAMO, MDM, PAHUMO, AMUSI, Movimento Alternativo de Moçambique (MAMO), Partido Liberal para o Desenvolvimento Sustentável (PLDS) e a Associação Moçambicana de Paz e Justiça Social (AMAPJS).
Aviso dos órgãos eleitoraisMas, entretanto, os órgãos de administração eleitoral já avisaram que não vão permitir situações que possam manchar o processo eleitoral, de acordo com Daniel Ramos, presidente da Comissão Provincial de Eleições.
Nampula: Órgãos eleitorais advertem que não irão tolerar atos que possam manchar a campanha
Também, o Comando-geral da Polícia moçambicana, através do seu comandante Bernardino Rafael, avisou, na semana passada em Nampula, que não se vai tolerar escaramuças durante a campanha e diz que a Polícia não quer ser culpada pelos fracos resultados dos partidos concorrentes.
O "boom económico" na cidade de Nampula
Com mais de 60 anos, a cidade de Nampula está em expansão: hotelaria, instituições públicas e melhores vias de comunicação são alguns dos exemplos. Mas há ainda muitos desafios para superar.
Foto: DW/S.Lutxeque
Cidade na rota do desenvolvimento
A cidade de Nampula completa 62 anos de elevação a cidade a 22 de agosto de 2018. Os últimos anos têm testemunhado uma constante em transformação. Novas infraestruturas, como hotéis, centros comerciais, edifícios de serviços públicos, estradas e vias férreas estão a fazer crescer a cidade.
Foto: DW/S.Lutxeque
Mais oferta hoteleira
Nos últimos anos, o setor da hotelaria e turismo é um dos que mais se tem notabilizado, em crescimento e expansão das atividades na cidade de Nampula. Só nos últimos cinco anos, abriram dois grandes hotéis que dão emprego a milhares de moçambicanos. Na foto vê-se o Grand Plaza Hotel, totalmente de capitais moçambicanos e inaugurado em junho passado pelo Presidente da República.
Foto: DW/S.Lutxeque
Novo Palácio da Justiça em Nampula
A cidade recebeu um dos maiores empreendimentos do setor judiciário que acolhe várias instituições, nomeadamente, a Procuradoria, o Serviço Nacional de Investigação Criminal, o Tribunal Judicial, o Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica, e a Administração do próprio Palácio da Justiça. O empreendimento foi construído de raiz e ocupa uma área de mais de dois quilómetros quadrados.
Foto: DW/S.Lutxeque
Centros comerciais desenvolvem economia
Com a descoberta e exploração de vários recursos minerais e naturais na província, muitas empresas, na sua maioria de origem estrangeira, fixam-se em Nampula. Muitas arrendam escritórios em centros comerciais. Um dos exemplos é o Milénio Center, construído nos últimos anos. Fornece serviços de aluguer de escritórios, lojas, cafetarias, estabelecimentos bancários entre outros.
Foto: DW/S.Lutxeque
Proliferação de quiosques "take-away"
Não são só as grandes empresas que contribuem para desenvolver a cidade. Também há um aumento de quiosques que confecionam e vendem produtos na via pública. Desde 2016, só na cidade de Nampula, as autoridades já municipais já licenciaram centenas destes estabelecimentos para o exercício de atividades. Em quase todas ruas existem quiosques, vulgarmente conhecidos por "take-away".
Foto: DW/S.Lutxeque
Mais e melhores estradas na cidade
A reabilitação e construção de estradas, em vários pontos do centro da cidade foi um dos marcos dos últimos cinco anos. Boas estradas são uma necessidade para responder ao aumento do parque automóvel que se vem registando desde a independência do país, sobretudo nos últimos anos.
Foto: DW/S.Lutxeque
Grande investimento em ferrovias
A cidade de Nampula, está localizada ao longo do Corredor de Nacala, considerado o "pulmão" económico da província. É atravessada por uma linha férrea que liga ao distrito de Nacala-a-Velha a Moatize, com passagem pelo vizinho Malawi, numa extensão aproximada de 900 quilómetros. A linha representa um investimento de quase 4 mil milhões de euros.
Foto: DW/S.Lutxeque
Filial do Banco de Moçambique
Na foto vê-se a filial do banco de Moçambique em Nampula. O Banco Central investiu cerca de 240 milhões de dólares nas obras de construção da sua nova sede em Maputo e nas filiais de Nampula e Xai-Xai, bem como na reabilitação e ampliação das filiais de Chimoio e Beira.
Foto: DW/S.Lutxeque
Casas modernas em construção
"Modern Town-Nampula" é um grande projeto de construção que se prevê que resulte em 1800 casas construídas de raiz, no bairro de Mutauanha, numa zona de expansão. Este projeto projeto do Governo moçambicano, através do Fundo de Fomento de Habitação foi lançado em setembro do ano passado e prevê atribuir habitação aos jovens a título de crédito.
Foto: DW/S.Lutxeque
Mercado Municipal também mais moderno
O Mercado Municipal, vulgarmente conhecido por Mercado Central, é um dos mais antigos estabelecimentos comerciais que sobrevive até aos dias de hoje. Esta infraestrutura já passou por reabilitações e vai sobrevivendo aos maiores e atuais estabelecimentos comerciais. Antigamente, eram vendidos vestuários e diversos eletrodomésticos. Agora, limita-se a produtos de primeira necessidade.
Foto: DW/S.Lutxeque
Construção da estrada Nampula-Nametil
A estrada que liga a cidade de Nampula a Nametil, sede do distrito de Mogovolas, já está em construção. São mais de 70 quilómetros. Os cidadãos consideram que vai alavancar a economia, pois vai ligar, e assim, aproximar, uma zona de produção à cidade.
Foto: DW/S.Lutxeque
Bairros periféricos excluídos do "boom"
A cidade de Nampula conta com mais de um milhão de habitantes e dispõe de cerca de 18 bairros. Começam também a surgir zonas de expansão, onde muitos não beneficiam, na sua totalidade, do "boom" económico que a cidade ultrapassa. A degradação de estradas ou mesmo falta de vias de acesso, bem como a falta de corrente elétrica, água potável e lixo abundante são alguns dos problemas.