A cidade de Nampula (norte de Moçambique) acordou sobressaltada nesta quinta-feira (08.03), quando um intenso tiroteio envolveu a Força de Intervenção Rápida (FIR), e os antigos guerrilheiros da Renamo. Até esta quinta-feira, estes homens estavam acantonados na sede politica do partido de Afonso Dlhakama, líder do maior partido de oposição em Moçambique.

Segundo a polícia moçambicana, os confrontos aconteceram no início do manhã, por volta das 05:00, quando efetuava a rendição da sua força. Segundo João Dina, da polícia, "a viatura que transportava as forças especiais foi atacada de forma violenta pelos guardas do líder da Renamo. Nós respondemos, o que acabou criando uma situação de pânico no seios da população."

E a calma parece estar a voltar à cidade de Nampula, onde a polícia reporta a morte de um oficial e ferimentos de três pessoas, sendo dois deles antigos guerrilheiros da Renamo e também um polícia.

A movimentada capital do norte, como é conhecida, retomou a sua rotina por volta do meio-dia desta quinta-feira (08.03), mas continua a tensão no bairro de Muatala, onde se localiza a sede política da Renamo.

A versão da Renamo

O secretário geral deste partido reagiu a este confronto numa conferência de imprensa em Maputo, a capital moçambicana. Ossufo Momade contou a versão da Renamo: "A Renamo comunica aos moçambicanos e à comunidade internacional que nesta quinta-feira a FIR, vinda de Maputo e Pemba, atacou e ocupou a delegação política que hospedava os desmobilizados da luta pela democracia."

Relativamente ao número de vítimas, os dados da Renamo não coincidem com os apresentados pela polícia. Ossufo Momade relata: "O ataque dos desmobilizados provocou sete baixas nas FIR, incluindo o respetivo comandante. Do nosso lado há dois feridos e um número não especificado de detidos."

Filipe Chimoio Paúnde, Secretário-geral da Frelimo, o partido que governa Moçambique desde a sua independência em 1975, reiterou a sua chegada a Nampula esta quinta-feira (08.03), a importância da preservação da paz no país. Este membro do governo é de opinião que estavam em perigo a vida de dezenas de moçambicanos e por isso acrescentou: "Condeno as pessoas que orientaram os desmobilizados a instalarem-se na delegação da Renamo sem nada fazerem. Quando muito a colocarem em perigo a sua própria vida."

Autor: Ezequiel Mavota (Maputo)
Edição: Nádia Issufo/Renate Krieger