Movimento Democrático de Moçambique diz que ainda não foi comunicado oficialmente sobre a saída do edil de Nampula do partido e, portanto, não considera esta posição.
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Na cidade de Nampula, no norte moçambicano, o "caso Amurane" continua a ser motivo de discórdia e contradições entre os membros do Movimento Democrático de Moçambique (MDM). Apesar de o edil Mahamudo Amurane já ter afirmado publicamente que não é mais membro do partido, o porta-voz Sande Carmona afirma que o MDM até o momento não foi notificado oficialmente sobre esta decisão.
Até que haja uma comunicação oficial, por parte do edil, Carmona garante que Amurane ainda faz parte do MDM, contradizendo o que outros integrantes já haviam dito. "O MDM ainda não recebeu, formalmente, uma comunicação do Amurane a dizer ao contrário daquilo que toda gente sabe [abandonar o partido]. Quando formalmente disser que já não é do MDM, ele pode perder a popularidade. A popularidade que ele tem pertence ao MDM", diz.
Entretanto, Sande Carmona garante que o partido liderado por Daviz Simango já está a trabalhar com vista às eleições de 2018, para se manter na governação do município de Nampula. E, apesar das diferenças internas, um apoio à reeleição de Amurane não parece estar descartada, conforme a declaração do porta-voz.
"Os órgãos do partido nessa devida altura saberão posicionar-se e encontrarão uma resposta sobre uma saída dessa possibilidade que está a aventar. Lembrando que em nenhum momento o MDM apareceu publicamente a reagir em torno do ‘teatro' do colega Amurane", afirma.
29.08.2017 'Novela' Amurane-MDM - MP3-Mono
Mahamudo reafirma estar fora
Mas Mahamudo Amurane volta a afirmar que já não pertence ao MDM. "Se o Carmona [porta-voz do MDM] ou mesmo Daviz [Simango líder do partido] acham que eu sou membro do partido, isso é com eles, não tenho nada a ver. Já esclareci o que se passa com o MDM. Foram ao público querendo manchar a minha imagem”, assegura, afirmando: "Estou completamente distanciado do MDM".
O presidente do Conselho Municipal da cidade de Nampula volta a dizer que vai concorrer à sua própria sucessão nas eleições de outubro de 2018, sem alinhar com o MDM.
"Vou-me recandidatar para o segundo mandato. Eu tenho compromisso com este povo que votou para este programa que estou a cumprir. Tenho estado com grupos de jovens para ouvir como é que posso me recandidatar e oportunamente vai se perceber que grupo vai suportar essa candidatura".
Mahamudo Amurane afirma que não está a criar o seu próprio partido, como se tem afirmado, e também não vai concorrer pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) nem pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).
Ilha de Moçambique: a "menina dos olhos" de Nampula
Há 200 anos, que a primeira capital de Moçambique foi elevada à cidade. Desde 1991 a ilha é Património Mundial da Humanidade. O arquipélago no norte de Moçambique concentra um incalculável valor histórico e cultural.
Foto: DW/J.Beck
Primeira capital de Moçambique
Situada na Província de Nampula, a Ilha de Moçambique é um destino turístico muito procurado na África Austral pelo seu vasto património histórico e cultural. "Descoberta" pelo navegador português Vasco da Gama, em 1498, aquando da viagem marítima para a Índia, esta ilha foi a primeira capital de Moçambique. É atualmente habitada por cerca de 15 mil pessoas.
Foto: DW/J.Beck
Pequena ilha, grande história
Apesar de ter apenas três quilómetros de comprimento e 400 metros de largura, esta pequena ilha carrega uma grande história. Quando Vasco da Gama a "descobriu", ela já era um importante lugar de trocas comerciais entre os africanos e os povos árabes. Após a chegada dos portugueses, a ilha ganhou uma importância estratégica na rota que ligava Lisboa a Goa, a "Carreira da Índia".
Foto: DW/J.Beck
Habitações com história
A Ilha de Moçambique está dividida em duas partes: a “cidade de pedra e cal” e a “cidade de macuti“. Na primeira (à direita da rua), eram construídas as casas que pertenciam às camadas mais altas da sociedade, onde estavam os palácios e fortalezas. Na segunda (à esquerda da rua), viviam as pessoas de classes mais baixas.
Foto: DW/J.Beck
Cidade de "macuti"
Na chamada “cidade de macuti“ viviam os mais pobres - os pescadores, por exemplo. É nesta parte da cidade que se encontram, como o nome indica, as construções mais precárias cobertas por macuti - as tradicionais folhas de coqueiro espalmadas.
Foto: DW/J.Beck
Património Mundial da Humanidade
Foi em 1991 que a ilha de Moçambique passou a integrar a lista dos destinos considerados Património Mundial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO. De passagem pela ilha há vários monumentos que não pode deixar de visitar.
Foto: DW/J.Beck
Fortaleza de São Sebastião
Construída no século XVI pelos portugueses, a Fortaleza de São Sebastião visava dar proteção e apoio aos barcos que navegavam na chamada Carreira da Índia. É um dos mais representativos exemplos da arquitetura militar portuguesa na costa oriental de África.
Foto: DW/J.Beck
Capela de Nossa Senhora do Baluarte
A Capela de Nossa Senhora do Baluarte, construída em 1522 na extremidade norte da ilha, é hoje o único exemplo da arquitetura manuelina em Moçambique. O manuelino, ou também gótico português tardio, é um estilo que se desenvolveu no reinado de D. Manuel I nos séculos XV e XVI. O acesso à capela faz-se apenas pelo interior da Fortaleza de São Sebastião.
Foto: DW/J.Beck
Palácio de São Paulo
Construído em 1610, o Palácio de São Paulo, também conhecido como Palácio dos Capitães-Generais, funcionou primeiro como Colégio da Companhia de Jesus, tendo sido depois convertido no palácio do governador - função que manteve até a Ilha de Moçambique deixar de ser a capital do país, em 1898. No palácio podemos hoje visitar o Museu da Marinha e o Museu-Palácio de São Paulo.
Foto: DW/J.Beck
Outros locais de interesse turístico
O monumento dedicado ao poeta português Luís Vaz de Camões, que viveu entre 1567 e 1569 na Ilha de Moçambique, é outro dos locais que os visitantes da Ilha não podem deixar de conhecer, assim como a Igreja da Misericórdia e Museu de Arte Sacra e a Capela de São Francisco Xavier. Todos estes edifícios históricos estão localizados na Cidade da Pedra.
Foto: DW/J.Beck
Um destino multicultural
Apesar da clara influência do povo português, cabem na ilha de Moçambique apontamentos de muitas outras geografias mundiais. Encontramos aqui um largo número de culturas e religiões diferentes. Ao caminharmos pelos diferentes bairros da ilha, cruzamo-nos com várias igrejas e capelas, mas também com mesquitas e um templo hindu.
Foto: DW/J.Beck
Escola Maometana
A maioria dos habitantes da ilha pertence à religião muçulmana. A "Escola Maometana / The Mohamedia Madresa School" localiza-se ao lado da "Mesquita Central Seita Sunni" próximo do centro da Ilha de Moçambique. A ilha foi marcada durante séculos pela cultura suaíli e o islão dos povos da África Oriental, como também acontece na vizinha Tanzânia.
Foto: DW/J.Beck
Ilha em risco – um futuro incerto
Nos últimos anos, muitos são os especialistas que chamam a atenção para a possibilidade deste pequeno paraíso poder vir a desaparecer por causa das alterações climáticas. Teme-se que, devido à erosão costeira, um dia a ilha possa acordar no fundo do mar. Até ao momento já foram consumidas várias áreas pequenas.
Foto: DW/J.Beck
Fecalismo a céu aberto
Mas para além do câmbio climático, há outros problemas mais profanos no dia a dia da ilha. Muitos habitantes usam as praias como casa de banho, o que ameaça a saúde pública e coloca em perigo os atrativos turísticos da ilha. Para melhorar o saneamento básico, foram construídos sanitários públicos em vários lugares da ilha.
Foto: DW/J.Beck
Degradação apesar de Património Mundial
Apesar da classificação em 1991 como Património Mundial pela UNESCO, encontram-se muitos prédios em ruínas na Ilha de Moçambique. A recuperação é lenta. Desde que a capital do país passou para Maputo, no sul de Moçambique, os investimentos públicos concentram-se no sul do país. O norte e a Ilha de Moçambique perderam protagonismo político.
Foto: DW/J.Beck
Esforços em torno da preservação
No entanto, e apesar do património histórico omnipresente na ilha, ela quer continuar a ser um lugar para se viver. Por isso, o Governo de Moçambique e parceiros internacionais têm vindo a unir esforços para criar melhores condições sócio-económicas. E, claro, para preservar o património histórico e cultural da ilha.