Daviz Simango, líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), quer criar uma nova dinâmica para vencer nas eleições de outubro. Analistas consideram que o partido tem poucas hipóteses se a RENAMO estiver na corrida.
Publicidade
Há mexidas na máquina governativa do MDM, na província nortenha de Nampula. Daviz Simango, presidente do partido, exonerou as antigas e nomeou as novas chefias daquele partido, depois da sua derrota na eleição interlarcar de 24 de janeiro. O objetivo é criar uma nova dinâmica com vista a vencer as próximas eleições de outubro.
Saem o delegado e a chefe de mobilização da cidade de Nampula, Luciano Tarieque e Luísa Pinto, exonerados no domingo (04.02). Entram Aiupa Nacozeria, antigo dirigente municipal expulso por Mahamudo Amurane por não alinhar com a sua ideologia, para as funções de delegado da cidade, e Luísa Marroviça, ex-chefe da bancada do MDM na Assembleia Municipal, para o cargo de chefe da mobilização. Foram nomeados e empossados por Daviz Simango cerca de duas semanas depois da derrota do MDM na eleição intercalar.
Novos desafios
Luciano Tarieque, o antigo delegado agora exonerado, nega que o motivo do seu afastamento esteja relacionado com a derrota do seu partido. "Eu não fui expulso do partido, simplesmente saí do cargo como delegado do MDM, mas continuo a ser membro". Afirmando-se pronto para gerir novas tarefas, Tarieque diz ainda que está satisfeito, porque "gerir uma instituição e sair saudavelmente, sem fazer desvios de fundos, é muito difícil para os africanos.''
Já os novos responsáveis empossados admitem que este é um grande desafio. E garantem que vão de tudo fazer para alcançar a vitória, tendo como lição a recente derrota.
Luísa Marroviça e Aiupa Nacozeria: Novas caras do MDM
"Nós [MDM] tivemos um pouco de retrocesso", admite Luísa Marroviça, a nova chefe de mobilização do MDM. Na eleição intercalar, nota que "a população não foi votar por falta de educação cívica". Por isso, diz que o MDM deve ter os seus "educadores cívicos para descer até à base e pedir o apoio da população".
Para Luísa Marroviça, também é preciso "estruturar todos os núcleos do partido". "Só assim é que nós vamos conseguir corresponder às eleições de 10 de outubro e nós vamos vencer".
Aiupa Nacozeria, novo delegado do MDM na cidade de Nampula, também está otimista quanto aos novos desafios do seu partido. Em Nampula, afirma que "o MDM está preparado para os pleitos eleitorais que se avizinham".
"Como partido, estamos a desenhar estratégias para os desafios que aí vêm", garante.
Com RENAMO não há vitória
O jurista moçambicano Arlindo Murririua elogia as mudanças no MDM, mas considera que as mesmas podem não trazer os resultados almejados. Para Murririua, vencer as eleições não será fácil, se a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o maior partido da oposição e baluarte nas províncias do norte, for candidata.
"Daviz Simango tem os seus conselheiros, tanto é que deve ver a dinâmica das pessoas para realmente inverter o sentido nas próximas eleições, principalmente em Nampula onde teve esses resultados catastróficos", considera.
O analista lembra, no entanto, que "o MDM entrou em Nampula por duas questões; primeiro, a figura [candidato de 2013] proposta pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) não era de consenso e a RENAMO boicotara as eleições. Havendo uma figura de consenso na FRELIMO e a RENAMO concorrendo, com certeza que o MDM fica no grupo dos partidos em extinção na cidade de Nampula".
Além da cidade de Nampula, também houve exonerações e nomeações em Nacala-Porto, a segunda maior cidade da província de Nampula, onde o partido de Daviz Simango perdeu as eleições de 2013 para a FRELIMO.
Eleições intercalares em Nampula
Já teve início em Nampula, norte de Moçambique, o ato eleitoral que elegerá o sucessor de Mahamudo Amurane. As eleições decorrem até às 18h00 e contam com cerca de 300 mil eleitores e cinco candidatos nos boletins.
Foto: DW/S. Lutxeque
Munícipes chegam cedo
Um pouco por toda a província, os munícipes responderam positivamente ao apelo da CNE para votarem o mais cedo possível e começaram a marcar lugar nas filas para as assembleias de voto duas horas e meia antes da abertura das urnas. As urnas estão abertas até às 18:00, com 296.590 eleitores inscritos e cinco candidatos nos boletins de votos.
Foto: DW/S. Lutxeque
Atrasos na abertura das urnas
Sete horas da manhã desta quarta-feira (24.01.) era o horário previsto para a abertura das 54 assembleias de voto, mas algumas só começaram a funcionar uma ou duas horas mais tarde. Os atrasos registaram-se nos postos de votação instalados nas escolas de Muthita, 12 de Outubro, Mpuecha, Namicopo e Nahene, entre outros.
Foto: DW/S. Lutxeque
Denúncia de ilegalidades
Durante a manhã, Mário Albino, candidato do movimento AMUSI, denunciou a presença "de novos eleitores que não constam nos cadernos eleitorais". As declarações foram feitas depois de ter ido votar. Mário Albino mostrou-se satisfeito e confiante na vitória. Para estas eleições, foram credenciados 1200 observadores nacionais e internacionais e cerca de 150 jornalistas nacionais.
Foto: DW/S. Lutxeque
CNE garante normalidade no processo
Daniel Ramos, presidente da Comissão Provincial de Eleições, negou as acusações. Segundo este responsável, o processo eleitoral está a decorrer sem problemas. Sobre o atraso na abertura de mesas da assembleia de voto, Daniel Ramos explica que ficou a dever-se às chuvas que caíram durante a noite de ontem e início desta manhã.
Foto: DW/S. Lutxeque
Falta de material
Também a plataforma de observadores eleitorais que acompanha o processo denunciou, à margem de uma conferência de imprensa, algumas irregularidades na abertura das eleições. Entre elas, a falta de material de votação. Segundo a organização, 57% das 401 assembleias de voto abriram à hora estipulada. As restantes abiriram com um atraso de cerca de uma/duas horas.
Foto: DW/S. Lutxeque
Assembleia de voto encerrada
A votação foi interrompida na Escola Comunitária de Malimusse. Membros do MDM paralisaram o processo devido a erros nos cadernos eleitorais. Luísa Morroviça (na foto), fiscal do MDM, afirma que o seu partido “não vai admitir brincadeiras do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral. A assembleia de voto em causa já admitiu o problema e confirma que a votação está interrompida desde manhã.
Foto: DW/S. Lutxeque
Cinco candidatos na corrida
Disputam o cargo de presidente do Município de Nampula Carlos Saíde do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Amisse Cololo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Paulo Vahanle da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Filomena Mutoropa do Partido Humanista de Moçambique (PAHUMO) e Mário Albino Muiquissince da Ação Movimento Unido Para Salvação Integral-Nampula (AMUSI).
Foto: DW/S. Lutxeque
Mandato curto
O MDM venceu as últimas eleições, em 2013, com 53,84% dos votos e a FRELIMO, que lidera o Governo em Moçambique, arrecadou 41,04%. Na altura, a RENAMO boicotou as autárquicas. Para além de contarem com mais candidatos, estas eleições diferenciam-se ainda pelo curto mandato que vão ditar, uma vez que as eleições autárquicas em Moçambique estão marcadas para 15 de outubro deste ano.