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Naufrágio em Moçambique: "Eles fugiam da cólera"

Sitoi Lutxeque (Nampula)
8 de abril de 2024

Subiu para 97 o número de vítimas mortais num naufrágio no domingo, no distrito da Ilha de Moçambique. Autoridades continuam a procurar sobreviventes.

Naufrágio no norte de Moçambique fez, pelo menos, 97 mortos
Foto: TVM/AFP

Uma embarcação artesanal de pesca, com capacidade para 30 pessoas, naufragou no domingo à tarde com mais de 130 passageiros a bordo, na região de Quissanga.

O barco fazia o trajeto Lunga – distrito vizinho de Mossuril – até à Ilha de Moçambique,

Abdul Chemuna é familiar de três das, pelo menos, 97 vítimas mortais contabilizadas até agora.

"Eles fugiam da doença da cólera", que afeta a região de Lunga, "e entrou um grande número de pessoas no barco, que não suportou com todas elas e acabou afundando", contou.

O proprietário do barco, cuja identidade não foi possível apurar, admitiu em declarações aos jornalistas que a embarcação ia sobrelotada. Mas disse que a intenção era "boa"; visaria facilitar o transporte das famílias, uma vez que há crise de transportes do género para passageiros.

Buscas prosseguem, foram encontrados 13 sobreviventesFoto: TVM/AFP

"Transportávamos, na totalidade, 130 pessoas. Durante a marcha, quando notei que o ambiente não estava bom [a água já entrava na embarcação], pedi ao meu marinheiro para que pudéssemos fazer algo rapidamente, mas havia sempre infiltração de muita água e não conseguimos evitar o pior", explicou.

Acusações contra proprietário do barco

As autoridades marítimas e policiais anunciaram que estão a trabalhar em estreita colaboração. Há ações em curso para resgatar tripulantes desaparecidos nas águas da região de Quissanga, no distrito da Ilha de Moçambique, revelou Rosa Chaúque, porta-voz da polícia moçambicana na província de Nampula.

"A polícia costeira, lacustre e fluvial fez-se ao terreno e foi possível resgatar 13 sobreviventes. Neste momento, continuam os trabalhos de resgate", afirmou Rosa Chaúque.

As autoridades adiantaram que a embarcação se destinava à pesca, não era de passageiros.

Suspeitam ainda os responsáveis de se aproveitarem da vulnerabilidade das populações para poder ganhar dinheiro, daí que garantem investigar e responsabilizar os mesmos: "Há um trabalho que está a ser feito" para apurar o que aconteceu com a embarcação, notou Rosa Chaúque, "e a polícia irá tomar as suas medidas".

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