Naufrágio no Lago Vitória: Número de mortos sobe para 209
DPA | AFP | Reuters | cvt
22 de setembro de 2018
Ministro dos Transportes da Tanzânia informou, este sábado (22.09), que o número de mortos no naufrágio da embarcação de passageiros subiu para 209. Mais uma pessoa foi resgatada com vida. Operações de resgate continuam.
Publicidade
Mais corpos foram recuperados durante as operações de resgate em andamento, disse o ministro dos Transportes da Tanzânia, Isack Kamwelwe.
Uma pessoa foi encontrada viva dentro da embarcação submersa, dois dias depois do acidente, informou ainda o ministro.
Alphonce Charahani, um engenheiro de balsas, está em estado crítico.
Charahani teria sido encontrado em uma bolha de ar no interior da embarcação, segundo informações do jornal "The Citizen".
O número de sobreviventes é estimado em cerca de 100 pessoas.
"A embarcação virou muito rápido e nos cobriu", disse o sobrevivente Charles Ngarima à agência Reuters. "Tive a sorte de poder nadar debaixo de água," contou Ngarima.
Sobelotação
Investigações iniciais mostram que a sobrecarga pode ter causado o acidente, informou o secretário-chefe dos Serviços de Informação, John Kijazi.
Estimativas mostraram que a embarcação transportava mais de 300 pessoas, mas o número exato de passageiros permanece desconhecido.
"Juntamente com o número de corpos que foram recuperados, podemos deduzir que a embarcação estava a transportar mais pessoas do que a sua capacidade, que era de 101 passageiros," disse Kijazi.
O Governo da Tanzânia oferecerá cerca de 220 dólares em compensação às famílias de cada vítima, disse a porta-voz do Governo Jenista Mhagama à emissora local.
O Presidente da Tanzânia, John Magufuli, anunciou três dias de luto e pediu a prisão dos responsáveis.
O turístico Lago Vitória, rodeado por Uganda, Tanzânia e Quênia, é palco de múltiplos acidentes e a cada ano centenas de pescadores morrem em naufrágios provocados pelas fortes tempestades, segundo veículos de imprensa.
Neste lago, a Tanzânia viveu um dos piores naufrágios do século XX, em maio de 1996, quando o "MV Bukoba" afundou, deixando um balanço de pelo menos 615 mortos.
Lago Tanganica: um grande lago em perigo
Um grupo ambientalista alemão elegeu o Lago Tanganica como "o lago em perigo de 2017". Faz parte dos Grandes Lagos e é partilhado pela Tanzânia, República Democrático da Congo, Burundi e Zâmbia.
Foto: NASA
Lago Tanganica
A Global Nature Fund, uma ONG com sede na Alemanha, nomeou o Lago Tanganica, localizado na África Central, como o "Lago Ameaçado de 2017". Em conjunto com parceiros locais, esta organização pretende alertar para a necessidade da adoção de medidas que levem à preservação deste lago, partilhado por quarto países africanos, nomeadamente, República Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e Burundi.
Foto: picture alliance/dpa/C. Frentzen
Poluição – uma das muitas ameaças
Poluição, sobre-exploração e sedimentação são alguns dos problemas que ameaçam a diversidade de espécies neste vasto lago africano. Resíduos industriais e domésticos, provenientes das cidades e aldeias localizadas no litoral, são descarregados nesta água. Também os "ferry" e os pescadores, que utilizam óleo para os geradores e para as luzes de pesca noturna, poluem o lago.
O Lago Tanganica possui 1.470 metros de profundidade, o que faz dele o segundo lago mais profundo do mundo. É também o segundo maior lago de água doce em volume. Só aqui estão aglomerados quase 17% dos recursos de água doce não congelada existentes no planeta. Milhões de pessoas dependem do lago para o seu sustento.
Foto: SeaWiFS Project
Crescimento da população aumenta pressão
O crescimento da população no Burundi, na República Democrática do Congo, na Tanzânia e na Zâmbia tem aumentado a pressão sobre os recursos do Lago Tanganica. Um milhão de pessoas vive na bacia deste reservatório e depende da pesca: cerca de cem mil são pescadores. Quanto maior a população, mais bocas são necessárias alimentar.
Foto: Getty Images/AFP/J. Cendon
Famoso pela biodiversidade
Crocodilos do Nilo, garoupas gigantes, medusas de água doce e enguias são apenas alguns dos exemplos da biodiversidade do Lago Tanganica. No total, possui mais de 1.500 espécies de plantas e animais, das quais 40% não podem ser encontradas em qualquer outra parte da Terra.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Fischer
Pesca excessiva
Os recursos naturais do Lago Tanganica estão a ser explorados em demasia. A pesca excessiva no lago levou a uma dramática redução nas capturas. Entre 1995 e 2011, o número de pescadores quadruplicou, enquanto o número total de peixes diminuiu cerca de um quarto. A quantidade de peixe capturada, por ano, por cada pescador individualmente desceu 81% no mesmo período de tempo.
Foto: Brent Stirton/Getty Images for WWF-Canon
Os desafios ambientais
Pius Yanda, professor especialista em alteracões climáticas da Universidade de Dar Es Salaam, na Tanzânia, entende que é importante que se discuta sobre como se deve responder às ameaças à integridade ecológica do lago. "Se as pessoas participarem ativamente no processo de discussão sobre as ameaças ambientais que o lago enfrenta será melhor", afirma.
Foto: Imago
Alterações climáticas
Em 2016, um estudo da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, mostrou que a escassez de pescado no lago não se deve apenas à pesca excessiva, mas também às alterações climáticas. O aumento da temperatura da água, registado desde 1800, está a contribuir também para o declínio das algas, o principal alimento dos peixes.