Navio que desapareceu no mar angolano pode ter ido para o Delta do Níger
24 de janeiro de 2014 A petrolífera angolana Sonangol publicou nota, confirmando o desaparecimento do navio Kerala, de bandeira liberiana, no Golfo da Guiné. "Seguiam a bordo 27 tripulantes de nacionalidades indiana e filipina e, por altura do último contato, [o navio] encontrava-se fundeado ao largo da costa de Luanda", informa.
Segundo a proprietária da embarcação, DynaCom, o último contato com o navio-tanque foi feito por volta da 01h30 no dia 18 de janeiro. A informação está na página da internet da empresa.
A agência marítima de inteligência, Dryad Maritime, com base no Reino Unido, suspeita que a embarcação possa ter sido seqüestrada por piratas nos arredores de Angola. Esta hipótese também é levantada pela proprietária do navio DynaCom. Porém, até o momento não há nenhuma confirmação de rapto.
O diretor de inteligência da Dryad Maritime, Ian Millen, afirma que não é possível ter certeza, mas há indícios de que realmente tenha ocorrido um sequestro.
"A embarcação estava parada em uma área considerada segura em Luanda e nós tínhamos indicação aqui na Dryad Maritime que havia um navio suspeito descendo naquela direção do delta do Níger, na Nigéria, e nós tínhamos informações de algumas fontes preocupadas em relação a uma embarcação pirata. Depois os proprietários perderam o contato com o tanque", diz o especialista.
Área de risco
A empresa proprietária afirma, em comunicado na sua página da internet, que trabalha em conjunto com as autoridades responsáveis desde o desaparecimento do tanque e que as devidas ações estão sendo tomadas. A DynaCom se diz comprometida com a segurança da tripulação, do meio ambiente e da embarcação.
Apesar das incertezas, as buscas continuam. “Em casos de empresas como a Maritime nós estamos sempre controlando nossas fontes para ver se achamos a embarcação e poder passar essas informações para autoridades regionais ou internacionais. É possível que eles estejam indo rumo ao Delta do Níger, baseando-se no fato de que normalmente é onde esse tipo de crime ocorre”, calcula Millen.
A notícia de um possível sequestro vem na contramão da nota divulgada pelo Departamento Marítimo Internacional (IMB, da sigla em inglês) no dia 15 de janeiro. Segundo a organização registrou-se em 2013 o nível mais baixo de pirataria dos últimos seis anos, com um total de 264 casos. Segundo o relatório anual do IMB, com sede em Londres, o índice de pirataria mundial caiu 40% desde o ano de 2011.
Durante o ano de 2013, mais de 300 tripulantes foram seqüestrados e pelo menos 21 sofreram ferimentos por balas ou armas brancas. Ainda de acordo com o relatório, a pirataria na África Ocidental representou 19% do número total de ataques.
Piratas nigerianos
Nesta região os ataques são geralmente causados por piratas nigerianos aos arredores das águas do Gabão, Costa do Marfim e Togo. Eles também teriam sido responsáveis por 31 dos 41 casos de pirataria registradas no Golfo da Guiné.
Conforme o IMB, os ataques a navios na região são superiores aos atos de pirataria marítima no Corno de África mas, por ocorrerem em águas nacionais, têm de ser combatidos pelos governos de cada país.
IMB recorda que, no contexto africano, o Golfo da Guiné, na África Ocidental voltou a ser a zona dominante no que diz respeito a atos de pirataria ou de ataques a navios junto à costa e é, tal como na Indonésia, um dos pontos mais perigosos a nível mundial.