A Frente de Libertação de Moçambique acusa o município da Beira de ter desviado dinheiro para comprar dois camiões de lixo, posteriormente enviados para Quelimane. Município diz que foi tudo feito dentro da legalidade.
Foto: DW/A. Sebastiao
Publicidade
Há um braço de ferro entre a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) na Assembleia Municipal da Beira. Em causa está um negócio que não cheira bem à FRELIMO. No início desta semana, o partido denunciou um suposto desvio de cerca de nove milhões e meio de meticais (cerca de 118 mil euros), alegadamente ocorrido em agosto de 2017, para adquirir dois camiões porta-contentores de lixo. Os veículos foram depois enviados para o município de Quelimane.
A FRELIMO diz que a aquisição foi ilegal porque não passou pela apreciação das bancadas. "O Conselho Municipal adquiriu meios de transporte para recolha de resíduos sólidos e os mesmos foram alocados à cidade de Quelimane de uma forma que fere a própria sensibilidade de gestão do município da Beira", criticou Manuel Severino, chefe da bancada do partido na Beira.
O presidente do Conselho Municipal da Beira já afirmou que não houve qualquer desvio de fundos. Daviz Simango esclareceu que existe um acordo de geminação entre os municípios da Beira e de Quelimane.
Negócio de camiões de lixo cheira mal à FRELIMO
This browser does not support the audio element.
E foi nesse âmbito que foi acordado que o Conselho Municipal da Beira iria lançar um concurso para a aquisição dos camiões em causa e mais 12 contentores - tudo financiado pelo Programa de Desenvolvimento Municipal (PRODEM).
A versão é confirmada pelo coordenador do PRODEM no Conselho Municipal de Quelimane, Ascensão Chauchane (na foto).
"E para além da aquisição de outros equipamentos, estava contemplada também a aquisição de porta-contentores, uma vez que existe um acordo degeminação entre o município de Quelimane e o município da Beira", lembra o responsável.
O lixo da discórdia
O lixo continua, entretanto, a ser motivo de discórdia na Beira. Esta terça-feira, a FRELIMO foi acusada pelo município de espalhar lixo pelas artérias da cidade, facto que resultou na apreensão do camião que transportava os resíduos.
A FRELIMO diz que apenas estava a retirar das ruas lixo que incomodava os munícipes. "O que teria acontecido é que um dos nossos membros, porque não podia coabitar com resíduos sólidos dentro da sua casa, optou por despejá-los naquele local", explica Manuel Severino, lembrando que "é um local que o Conselho Municipal oficializou para deitar lixo."
Lixo e obras intermináveis em Chimoio
Residentes de Chimoio, no centro de Moçambique, estão insatisfeitos com as pilhas de lixo nas ruas, os buracos nas estradas e os trabalhos de reabilitação que nunca mais acabam. Edilidade promete pôr mãos à obra.
Foto: DW/B. Jequete
Lixo a bloquear a passagem
Os munícipes de Chimoio, no centro de Moçambique, pedem às autoridades para olharem para estas imagens. Este monte de lixo está a bloquear uma das vias de acesso ao bairro 4, uma zona nobre da cidade, alegadamente porque não há camiões suficientes para fazer a recolha. Mas, para muitos cidadãos, isso não é desculpa e é preciso que a edilidade aja de imediato.
Foto: DW/B. Jequete
Contentores são poucos
Há poucos contentores de lixo na capital da província de Manica e os que há estão só nalguns bairros, lamenta o académico Paulino Agostinho Baerano. Além disso, demora para que o lixo seja recolhido. Este cidadão pede, por isso, ao município que defina uma estratégia para a recolha dos resíduos urbanos em tempo útil, a fim de evitar a eclosão de doenças.
Foto: DW/B. Jequete
Município promete melhorias
Rosa Farai Cuno, outra munícipe de Chimoio, queixa-se também do lixo "nas bermas das estradas, nas ruas e em locais de maior concentração populacional" - por exemplo, junto aos mercados. A edilidade promete "envidar esforços" para superar a falta de meios e começar a recolher o lixo de forma mais regular. Outro problema que aflige os cidadãos são os buracos nas ruas.
Foto: DW/B. Jequete
Buracos ou covas?
Muitas vias de acesso estão esburacadas e precisam de reabilitação urgente. Há motoristas de transportes semicoletivos, vulgo "chapas", que já nem se atrevem a circular por algumas estradas em Chimoio devido ao excesso de buracos. Os condutores afirmam que as suas viaturas teriam pouco tempo de vida se conduzissem por ali. A situação piora quando chove; as estradas ficam alagadas.
Foto: DW/B. Jequete
A passo de caracol
Os munícipes queixam-se também que há obras que estão a ser feitas a passo de caracol. Estes trabalhos de asfaltagem do prolongamento da rua do Báruè deviam ter terminado a 17 de novembro de 2017, mas o projeto está por concluir.
Foto: DW/B. Jequete
"Não temos clientes por causa das obras"
As obras dificultam a entrada nas oficinas desta rua. Os proprietários dizem que o seu negócio está a ser prejudicado e pedem ao município para pressionar o empreiteiro. O edil de Chimoio, Raúl Conde, garante que já o fez. Os trabalhos pararam "por causa do tempo chuvoso, mas, assim que a chuva parou, as obras estão a ser executadas", afirmou. Os trabalhos deverão terminar ainda neste semestre.
Foto: DW/B. Jequete
Para quando novas placas?
Há lugares em Chimoio que já não têm placas com os nomes das ruas e avenidas; outros onde elas estão em mau estado. Munícipes pedem à edilidade para retificar a situação e colocar novas placas.
Foto: DW/B. Jequete
Empreiteiro foge, edil vai processá-lo
O Conselho Municipal de Chimoio pretendia construir uma ponte aérea a ligar o prolongamento da Avenida da Liberdade à EN6, para diminuir o número de carros a circular no centro da cidade. Porém, o empreiteiro que ganhou o concurso da obra pegou na primeira "tranche" que recebeu e fugiu com o dinheiro, conta o edil Raúl Conde. O autarca promete agora processar o empreiteiro.
Foto: DW/B. Jequete
Obra que nunca mais acaba
A principal via que liga a EN6 ao cemitério de Chissui está bloqueada. É um troço de um quilómetro e meio em obras desde 2016. As viaturas particulares, os "chapas" e os carros funerários são obrigados a usar uma via alternativa. Munícipes acusam o edil de nada fazer para inverter o cenário. Contactado pela DW, o edil Raúl Conde promete que a obra termina ainda este ano.
Foto: DW/B. Jequete
Obras continuam a ser adjudicadas
Mesmo com o atraso e abandono de algumas obras em Chimoio, o Conselho Municipal continua a fazer concursos para adjudicação. Mas alguns munícipes ouvidos pela DW África pedem que, primeiro, se termine as obras em andamento e só depois se adjudique mais.
Foto: DW/B. Jequete
Nem tudo está mal
Há, pelo menos, uma obra que encanta os automobilistas: a ampliação e reabilitação da EN6, no troço Beira - Machipanda. Os empreiteiros chineses prometeram e cumpriram a promessa de reabilitarem a estrada.