O Süddeutsche Zeitung traz uma matéria sobre a decepção e as baixas expectativas dos africanos com a visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao continente. O jornalista alemão escreve: “O fato de ele ir ao continente tem mais a ver com a China”. Na reportagem fala-se em reconquistar um território perdido, em interesses econômicos nos recursos naturais e no mercado de consumo.

Nesta visita, Obama passará por Senegal, África do Sul e Tanzânia. A matéria termina com a citação de uma fonte ouvida pelo Süddeutsche Zeitung, que diz: “Acho que não é indevido dizer que ele não fez nada pelo continente. Para alguns, George W. Bush fez mais pelo continente africano que Barack Obama.”

Boom econômico africano na mira dos EUA

Também o Frankfurter Allgemeine Zeitung pautou o tema esta semana numa matéria crítica em que descreve o roteiro de Obama e enfatiza a consolidação da democracia nos três países de destino como decisiva para a presença do presidente norte-americano nos mesmos.

O jornal alemão salienta o interesse econômico dos norte-americanos, ao revelar que 500 homens de negócio acompanham o presidente Obama.

Fala-se não apenas no interesse em recursos naturais, mas no mercado de consumo emergente com o surgimento de uma classe média no continente. A reportagem destaca ainda que George W. Bush e Bill Clinton, ex-presidentes dos Estados Unidos, teriam visitado África com maior frequência que Barack Obama.

Interesse com atraso

“Washington quer recuperar o território perdido“ é o título escolhido pelo Die Tageszeitung para uma matéria sobre a visita de Obama, que é considerada a primeira verdadeira viagem dele ao continente. Obama estaria atrasado em seu interesse por África, segundo o jornal.

Fala-se também da política de segurança empenhada pelos EUA no continente, citando a guerra dos drones contras os islamistas na Somália, a base norte-americana no Níger e a perseguição ao líder rebelde do Uganda, Joseph Kony.

Já o Berliner Zeitung fez uma cobertura positiva antes da visita de Barack Obama à África, destacando um discurso do presidente norte-americano, em que ele elogiou o boom econômico de África e declarou ser Nelson Mandela “um herói para todo o mundo”. Ao longo da semana, emergiu no entanto a reportagem crítica sobre a demora do presidente em visitar seu continente de origem.

Nelson Mandela é centro das atenções

Consenso entre os jornalistas alemães é, no entanto, o fato de as atenções de África se voltam neste momento para o homem que nunca abandonou os africanos: Nelson Mandela. Em sua versão eletrônica, o Berliner Zeitung apresenta uma galeria de fotos, com alguns dos principais momentos da vida do ex-presidente da África do Sul.

A revista Der Spiegel criou em sua página na internet uma rubrica especial sobre Nelson Mandela, onde ao longo da semana trouxe informações sobre o estado de saúde do Prêmio Nobel da Paz.

Na reportagem desta sexta-feira (28.06), a filha mais velha de Mandela, Makaziwe Mandela, exige respeito por parte da mídia estrangeira que, para ela, estaria “exagerando” no interesse por informações a respeito do estado de saúde de seu pai. As declarações de Makaziwe repercutiram também nas revistas Focus e Der Stern.

O estado de saúde do ex-presidente da África do Sul, Prêmio Nobel da Paz e ícone da luta pela igualdade racial, Nelson Mandela, foi acompanhado de perto não apenas pelas mídias impressas, como também as tevês e rádios alemãs noticiavam diariamente o que se passou no hospital em Pretória.

Foi a terceira semana consecutiva que Nelson Mandela esteve no foco dos jornalistas alemães.