Niassa: Incidente em estádio causa a morte de uma criança
Conceição Matende
11 de março de 2023
Uma criança morreu e pelo menos 28 ficaram feridas na sequência de um incidente no Estádio Municipal de Lichinga, na província moçambicana do Niassa, na abertura oficial dos jogos escolares.
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Um incidente ocorrido este sábado (11.03) no Estádio Municipal 1º de Maio em Lichinga, província moçambicana do Niassa, causou a morte de uma criança e deixou, pelo menos, outras 28 feridas.
Tudo aconteceu na abertura oficial dos jogos escolares ao nível da província, mas as circunstâncias do incidente continuam por esclarecer.
Das 28 crianças que deram entrada no hospital provincial de Lichinga, dezanove já tiveram alta e oito permanecem em observação.
Segundo o porta-voz do hospital provincial de Lichinga, Horácio Lupanheque, o hospital está preparado para dar acompanhamento aos pacientes internados.
"Queremos tranquilizar as famílias e os pais e encarregados de educação. A equipa médica está preparada para dar resposta a qualquer caso. Aos pais e encarregados que têm ainda crianças em observação no hospital apelamos que tenham calma. Não são casos graves, alguns são moderados e a maior parte já estão a resultar em altas. Desde a entrada dos feridos, só registámos um caso de internamento na enfermaria de cirurgia", explicou.
Comissão de inquérito
A secretária de Estado da província, Lina Portugal, não ficou indiferente ao sucedido e dirigiu-se ao hospital municipal onde estão internadas as vitimas.
"Foi-nos informado que infelizmente deste incidente perdemos uma criança e lamentamos profundamente tudo isto que aconteceu. Já nomeámos uma comissão de inquérito que até mais tardar segunda-feira deve nos dar a melhor informação circunstancial do que terá acontecido. A nossa solidariedade à família enlutada, os nossos sentidos pêsames e tudo iremos fazer para apoiar", garantiu.
Segundo o Diretor distrital de Educação, Juventude e Tecnologia de Lichinga, Marcelino Ferreira, as informações que circulam nas redes socias com relação ao incidente são falsas. Ferreira garante que não houve nenhum desabamento de muro do estádio.
"Sabemos que as crianças ao entrarem no estádio uma delas caiu e empurraram-se naquela agitação de poder ver o que é que realmente estava a acontecer dentro do estádio. Não podemos avançar agora com informação precisa porque ainda estamos a fazer o levantamento dos factos, mas nenhum muro do estádio desabou, o estádio continua intacto. Essas informações são veiculadas por pessoas de ma fé que tentam desinformar e criar agitação nas pessoas", esclareceu.
Niassa: da ruralidade à industrialização
A industrialização da província do Niassa é a grande esperança para as populações locais. A Zona Económica Especial (ZEE) de Ute criará emprego e dinamizará uma economia atualmente marcada pela escassez de comércio.
Foto: DW/M. David
Erguem-se fábricas
O Conselho de Ministros declarou Ute como Zona Económica Especial (ZEE) no ano passado. Com uma área de 681 hectares, 156 estão reservados para a construção de um porto seco - uma espécie de terminal terrestre - e algumas residências. A restante área albergará uma zona industrial que compreenderá postos de armazenamento e outras infraestruturas.
Foto: DW/M. David
Ute, uma localidade à mercê da falta de recursos
Ute é atualmente uma povoação remota onde falta praticamente tudo: as infraestruturas sociais praticamente não existem e o fornecimento de energia ainda é débil. Não obstante, os residentes estão confiantes de que a entrada em ação dos vários projetos previstos para a localidade trará dias melhores para a economia local e familiar. Na foto, é possível ver o Centro de Saúde local.
Foto: DW/M. David
Acessos garantidos
As condições de acesso à ZEE de Ute estão garantidas, uma vez que a estrada N14 e a linha férrea Lichinga-Cuamba passam nas suas imediações, permitindo o escoamento dos produtos para os portos de Pemba e de Nacala. Com quase 100 mil habitantes, o distrito de Chimbunila dista a 25 quilómetros da capital provincial do Niassa, Lichinga, e vai acolher a maioria dos investimentos previstos.
Foto: DW/M. David
Fábrica de serração quase pronta
De capital totalmente moçambicano, a fábrica de serração prevista para a ZEE está praticamente pronta. Antes de começar a operar, a unidade prevê contratar numa primeira fase cerca de 300 trabalhadores. A fábrica irá especializar-se no tratamento e processamento de madeiras para o mercado interno, mas também para clientes no estrangeiro.
Foto: DW/M. David
Matéria-prima não falta
A fábrica de serração conta com 31 mil hectares de florestas de pinho e eucalipto à sua disposição. As árvores vão sustentar a produção de madeira num período de, pelo menos, dez anos. À medida que o produto for escasseando, a empresa terá a responsabilidade de plantar novas árvores para garantir a sustentabilidade do projeto.
Foto: DW/M. David
Jovens de olho em novos postos de trabalho
Muitos jovens de Ute e de todo o distrito de Chimbunila veem nestes projetos uma porta de entrada para o mercado de trabalho, sobretudo porque na região há fortes índices de desemprego. Alguns jovens locais ouvidos pela DW África exigem transparência na abertura dos concursos de emprego e pedem que se dê prioridade à força laboral local.
Foto: DW/M. David
Nova fábrica de cimento, a primeira em décadas
A primeira fábrica de cimento do Niassa depois da Independência de Moçambique (1975) começou a ser construída em outubro de 2017 no distrito de Chimbunila. A unidade está a ser edificada lentamente e assim que estiver pronta deverá empregar cerca de 500 trabalhadores. Nas imediações desta estrutura fabril, está ainda prevista a construção de escritórios e armazéns.
Foto: DW/M. David
Cimento escoado para a região
Com investimento inicial chinês, a fábrica que está a ser erguida na povoação de N’toto, entre o distrito de Chimbunila e o município de Lichinga, terá uma capacidade de produção anual de 200 mil toneladas de cimento. Grande parte da produção será escoada para o mercado interno, mas também para o vizinho Malawi.
Foto: DW/M. David
Matéria-prima local
A matéria-prima que será utilizada para alimentar a fábrica não será importada, mas sim obtida localmente. A província do Niassa possui grandes quantidades de calcário e argila, sobretudo localizadas no distrito de Sanga.
Foto: DW/M. David
Cimento mais barato
A instalação da fábrica na província deverá reduzir o preço do cimento na região. Neste momento, um saco de cimento proveniente das províncias de Nampula e de Cabo Delgado custa cerca de 500 a 600 meticais (entre 7 e 8,50 euros), dependendo da qualidade do cimento.