Governo nigeriano celebra liberação e diz que continuará as negocições com o grupo extremista.
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O grupo extremista Boko Haram libertou nesta quinta-feira (13.10.) vinte e uma adolescentes de Chibok. As jovens, que foram raptadas há mais de dois anos, já foram encaminhadas para a capital Abuja. Ainda na Nigéria, hoje foram confirmados pelo menos vinte e dois mortos no conflito ocorrido esta quarta-feira (13.10.) entre autoridades policiais e muçulmanos xiitas, em três cidades do norte do país.
Segundo a Presidência da Nigéria, a libertação das adolescentes ocorreu graças às negociações entre o Governo do país e o grupo extremista Boko Haram. Ainda segundo a Presidência, as negociações contou com apoio da Cruz Vermelha e do Governo da Suíça.
As vinte e uma jovens de Chibok foram liberadas em Banki, no nordeste da Nigéria, e seguiram sob custódia dos Serviços de Sergurança do Estado para Abuja, onde seriam rececionadas pelas autoridades do país, conforme informou mais cedo o porta-voz da Presidência, Femi Adesina.
"Sim, vinte e uma delas foram libertadas e agora elas estão a caminho de Abuja. O vice-presidente irá representar o Presidente na cerimónia oficial, na chegada das jovens. Claro que o Governo está satisfeito. Esta é uma das nossas preocupações. Este é o começo do que deve ser alcançado por nós”, disse.
O Presidente nigeriano, Mohammadu Buhari, a caminho da Alemanha, celebrou a notícia, segundo o porta-voz.
Famílias pedem que negociações continuem
13.10.2016 Nigéria/libertação - MP3-Mono
O Boko Haram raptou 276 meninas de uma escola secundária de Chibok em abril de 2014. Cinquenta e sete delas conseguiram fugir pouco depois. No início deste ano, um vídeo enviado ao Governo da Nigéria comprovou que as 219 meninas que permaneceram aprisionadas ainda estavam vivas no cativerio.
Desde 2014, as famílias das adolescentes pedem que o Governo negocie a libertação. O pai de uma das meninas, Malam Goni, fez um apelo nesta quinta, depois que recebeu a notícia da libertação das vinte e uma estudantes.
"Mesmo se for uma menina que esteja livre, damos graças a Deus. Eu entrego tudo na mão de Deus. Agora esperamos que as nossas filhos estejam voltando para casa. Se aquelas que estão livres nos confirmar que as outras estão vivas ou mortas, ficaremos mais aliviados, pois saberemos. Estamos exortando o Governo a fazer mais para resgatar o resto”.
Polícia entra em confronto com muçulmanos Xiitas
Nesta quarta-feira, em três cidades no norte da Nigéria, membros do grupo islâmico xiita entraram em conflito com a Polícia durante manifestações religiosas. Nesta quinta-feria, o Movimento Islâmico da Nigéria confirmou que vinte e duas pessoas foram mortas. A polícia, no entanto, diz que foi atacada pelos participantes das das procissões religiosas.
Em dezembro do ano passado, 350 muçulmanos xiitas foram mortos na cidade de Zaria, a 270 quilómetros da capital Abuja. A Amnistia Internacional acusa as Forças Armadas do país por este massacre.
Reféns do Boko Haram libertados na Nigéria: "Ainda dói"
As 293 mulheres e crianças libertadas na semana passada pelo exército nigeriano das mãos do Boko Haram foram levadas para um campo de refugiados perto da cidade de Yola. Mas o seu sofrimento está longe de terminar.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
O sorriso perdido
"O que se percebe imediatamente é que as crianças aqui quase não riem", conta um funcionário do acampamento de Malkohi, na periferia da cidade nigeriana de Yola. Cerca de metade das perto de 300 pessoas que eram mantidas em cativeiro pelo Boko Haram tem menos de 18 anos. Um terço das crianças no acampamento sofre de desnutrição.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Primeiros dias de vida no acampamento
Lami Musa é mãe da mais recente moradora do acampamento de Malkohi. Deu à luz na semana passada. Um dia depois foi salva por soldados nigerianos. Durante a operação de resgate várias mulheres foram mortas pelos terroristas. "Apertei firmemente a minha filha contra o meu corpo e inclinei-me sobre ela", recorda a jovem mãe.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Filho perdido durante o cativeiro
Halima Hawu não teve tanta sorte. Um dos seus três filhos foi atropelado enquanto os terroristas a raptavam. Durante a operação de resgate um soldado nigeriano atingiu-a numa perna, porque os membros do Boko Haram usam as mulheres como escudos humanos. "Ainda dói, mas talvez agora o pior já tenha passado", espera Halima Hawu.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Poucos alimentos para as crianças
Babakaka, de três anos, teve de passar seis meses com o Boko Haram. Só raramente havia algum milho para as crianças, contam antigos prisioneiros. Quando foram libertados pelos soldados, Babakaka estava quase a morrer de fome. Babakaka continua extremamente fraco e ainda não recebeu tratamento médico adequado no acampamento.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Sobrevivência por um triz
A mãe de Babakaka foi levada para o Hospital de Yola juntamente com cerca de outras vinte pessoas gravemente feridas. Durante a fuga, alguém que seguia à sua frente pisou uma mina. A explosão foi tão forte que a mulher ficou gravemente ferida. Perdeu o bebé que carregava.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Roupas usadas do Ocidente
Exceptuando algumas doações de roupas velhas, ainda não chegou muita ajuda internacional às mulheres e crianças do acampamento de Malkohi. Aqui há falta de muitas coisas, sobretudo de pessoal médico. Não há qualquer vestígio do médico de serviço no acampamento. Apenas duas enfermeiras e uma parteira mantêm em funcionamento o posto de saúde temporário.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Dependentes de voluntários
"Não entendo por que motivo o nosso serviço de emergência nacional não faz mais", reclama a assistente social Turai Kadir. Por sua própria iniciativa, Turai Kadir chamou uma médica para tratar das crianças mais desnutridas. Na verdade, essa é a tarefa da NEMA, a agência nigeriana de gestão de emergências, que está sobrecarregada.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
"Incrível capacidade de resistência"
Regina Musa voltou há poucos meses dos Estados Unidos para dar aulas de Psicologia na Universidade de Yola. Agora, a psicóloga presta aconselhamento psicológico a mulheres e crianças. "As mulheres têm demonstrado uma incrível capacidade de resistência", diz Musa. Durante o período traumático, muitas delas também se preocupavam com os filhos de outras pessoas. Autor: Jan-Philipp Scholz (em Yola)