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Nigéria: Presidente admite dezenas de mortes em protestos

AP | AFP | DPA | cvt
24 de outubro de 2020

Foram mortas 69 pessoas desde o início dos protestos contra a brutalidade policial na Nigéria, disse o Presidente Muhammadu Buhari na sexta-feira. Ruas de Lagos permaneceram desertas este sábado.

Nigeria l Proteste in Lagos
Agitação em Lagos, na passada quarta-feira (21.10)Foto: UnEarthical/Reuters

Foi a primeira vez que o Presidente nigeriano Muhammadu Buhari admitiu que houve mortes.

Buhari não disse se as forças de segurança foram responsáveis pelas mortes de civis, mas sublinhou que 11 polícias e sete soldados foram "mortos por desordeiros", elevando o número total de mortos para 69.

"Ao longo dos distúrbios, as agências de segurança observaram uma extrema contenção", disse Buhari numa reunião virtual com antigos líderes nigerianos sobre a situação da segurança no país na sexta-feira (23.10), de acordo com uma transcrição.

A ONU e outros membros da comunidade internacional, contudo, dizem que noite da passada terça-feira (20.10) as forças de segurança lançaram uma repressão sangrenta contra os manifestantes que não aderiram ao recolher obrigatório em Lagos. A Amnistia Internacional diz que pelo menos 12 manifestantes foram mortos em Lagos só nessa noite.

Buhari observou que tinha feito concessões aos manifestantes, após o início das manifestações contra uma unidade especial de polícia conhecida pela sua brutalidade, há cerca de duas semanas.

O Governo concordou em suprimir a Brigada Especial Anti-Roubo (SARS, na sigla em inglês), disse ele, mas "os manifestantes recusaram-se a cancelar o protesto. Em vez disso, gradualmente tornaram-se violentos".

"É lamentável que o protesto inicial genuíno dos jovens em partes do país contra a SARS tenha sido desvirtuado e mal conduzido", acrescentou o Presidente.

A transcrição não mencionava responsabilizar ninguém pelas mortes, mas dizia que tinha havido danos generalizados à propriedade e que milhares de reclusos tinham sido libertados durante a agitação.

Manifestação em Abuja, na passada terça-feira (20.10)Foto: Kola Sulaimon/AFP/Getty Images

Silêncio inicial

Uma das principais prisões da Nigéria foi incendiada na quinta-feira (22.10) durante os distúrbios.

Inicialmente, o governador de Lagos negou que houve mortes na terça-feira à noite, admitindo mais tarde a morte de uma pessoa, enquanto o Exército nigeriano chamou as informações sobre as mortes de "notícia falsa". Buhari apelou à calma, mas também não mencionou as mortes.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, e o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, estão entre os líderes que emitiram declarações contra a violência mortífera.

Ruas desertas em Lagos

Este sábado (24.10), Lagos, a maior cidade da Nigéria, reabria cautelosamente depois de um recolher obrigatório ter sido aliviado após dias de agitação.

As ruas no centro da cidade ainda estavam largamente desertas, mesmo depois de o governador local ter dito que as pessoas seriam agora autorizadas a sair entre as oito e as 18 horas.

Sanwo-Olu disse ainda que um painel judicial para apurar os disparos contra manifestantes no centro de Lagos começaria a trabalhar na segunda-feira (26.10).

Segundo um jornalista da agência noticiosa AFP, a presença da polícia era menos intensa nas ruas do centro da cidade este sábado.

Nigéria desmantela unidade policial, mas protestos continuam

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