Nigéria: arqueólogos alemães devem retornar para casa
AFP | AP | tm
27 de fevereiro de 2017
Polícia nigeriana diz que não está claro se resgate foi pago pelas autoridades alemães. Pesquisadores foram libertados no fim de semana e devem retornar para casa em breve.
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Nesta segunda-feira (27.02), o porta-voz do Ministério de Negócios Estrangeiros da Alemanha, Martin Schaefer, confirmou que os dois acadêmicos libertados no fim de semana permaneceram na embaixada alemã em Abuja, capital da Nigéria, e devem retornar para casa em breve.
Entretanto, a polícia nigeriana disse que não está claro se um resgate foi pago pela libertação dos arqueólogos. O Governo da Alemanha, por sua vez, não comentou sobre negociações de reféns ou pagamentos de resgate.
O professor Peter Breunig e o seu assistente, Johannes Behringer, da Universidade Goethe de Frankfurt, foram raptados na quarta-feira passada na cidade de Jenjela, na província de Kaduna, a menos de 100 quilômetros de Abuja. Dois moradores locais que tentaram ajudá-los foram mortos pelos sequestradores.
A libertação dos dois arqueólogos ocorreu na noite de sábado (25.02), informou neste domingo um comunicado da polícia.
Os sequestradores fizeram contato direto com a embaixada alemã, segundo informou à agência de notícias Associated Press nesta segunda-feira um oficial de polícia envolvido na busca pelos criminosos. Na sexta-feira, um trabalhador de Jenjela disse à mesma agência que os sequestradores exigiram um resgate de 60 milhões de naira (200 mil dólares).
Segundo as autoridades da Nigéria, não está claro se os sequestradores foram pagos ou se eles foram pressionados pela operação maciça lançada pela polícia e forças de segurança do país.
O oficial da polícia disse que os agentes de segurança criaram um cordão para bloquear uma floresta espessa onde os sequestradores frequentemente fazem pessoas reféns.
Nigéria: Auto-estrada no meio da floresta?
A floresta Ekuri, no sul da Nigéria, uma das últimas florestas tropicais intactas do país, está em perigo. O governo local quer construir uma estrada de seis faixas a atravessar a vegetação. A população está indignada.
Foto: DW/A. Kriesch
Protesto no paraíso
Até agora, nenhum meio de comunicação internacional veio até esta pequena aldeia, na floresta Ekuri. "É a primeira vez que alguém nos ouve", diz um dos habitantes que espontaneamente organizaram um protesto. O governo do estado de Cross River, no sul da Nigéria, quer construir uma auto-estrada gigante, no coração da floresta. Estes manifestantes temem perder a casa e os meios de subsistência.
Foto: DW/J. P. Scholz
Sem luz e sem estradas
Aqui, muitas pessoas sentem que foram deixadas ao abandono: Foram elas que tiveram de construir as pontes que dão acesso à aldeia. Não há água canalizada, nem eletricidade. Antes das últimas eleições, houve um político que os visitou - de helicóptero. Os habitantes dizem que ele ofereceu dinheiro e fez várias promessas. Mas, depois das eleições, nunca mais apareceu.
Foto: DW/J. P. Scholz
Terras confiscadas
Os habitantes receberam a notícia no início do ano. Ao ler o jornal, descobriram que não só o governo regional planeava construir uma auto-estrada no estado de Cross River, como também expropriar todas as terras num perímetro de 10 quilómetros em redor da nova rodovia.
Foto: DW/J. P. Scholz
A primeira super-estrada da Nigéria
A estrada deverá ligar um novo porto em Calabar, a capital do estado de Cross River, ao norte da Nigéria - o plano é construir uma das estradas mais modernas de África, com 260 quilómetros, seis faixas e internet de alta velocidade para todos os condutores. O projeto custará 800 mil milhões de nairas, quase quatro mil milhões de euros. Não se sabe ainda ao certo como será financiada.
Destruindo o verde da floresta
Algumas árvores começaram a ser cortadas mesmo sem se saber como o projeto iria ser pago. O governo local nem esperou pelo estudo de impacto ambiental, exigido por lei. Entretanto, o estudo já deu entrada, mas não cumpre as normas internacionais, informa o Ministério nigeriano do Ambiente.
Foto: DW/A. Kriesch
Bulldozers à espera
O Ministério ordenou que se parasse de imediato o abate de árvores antes de receber o estudo de impacto ambiental e depois dos protestos de ambientalistas e habitantes. Os bulldozers estão parados na floresta, à espera de "luz verde".
Foto: DW/A. Kriesch
Natureza ímpar
Na floresta Ekuri habitam animais ameaçados de extinção, como o mandril ou o gorila de Cross River. Há aqui mais de 1.500 espécies de plantas. Esta é uma das florestas tropicais mais diversas do planeta.
Foto: DW/A. Kriesch
"Estão a esconder alguma coisa"
Odigha Odigha é ex-presidente da Comissão Florestal de Cross River e está agora a tentar travar a construção da auto-estrada, com a organização "Coligação pelo Meio Ambiente" - "Ao todo, são 520.000 hectares de terras que serão nacionalizadas, 25% da área deste estado", diz Odigha. "Ainda ninguém nos disse por que estão interessados numa área tão grande - estão a esconder alguma coisa."
Foto: DW/A. Kriesch
Comércio de madeira em vez de desenvolvimento?
Alguns ativistas e habitantes suspeitam que, além da construção da estrada, há também interesse em comercializar a valiosa madeira da floresta. Por isso é que não se expande a estrada principal que já existe, dizem. A nova estrada gigante serviria, assim, como pretexto para poder cortar a madeira e vendê-la ao exterior, a preços inflacionados.
Foto: DW/A. Kriesch
Governo local desmente
A ministra da Informação de Cross River nega. "Vamos plantar duas árvores por cada árvore cortada", diz Rosemary Archibong. Mas continua a não ser claro por que é necessário nacionalizar 10 quilómetros de cada lado da rodovia. "As pessoas deverão beneficiar do desenvolvimento ao longo da estrada, por exemplo através da agricultura", responde Archibong. "Mas esse tema ainda vai ser debatido."
Foto: DW/A. Kriesch
Habitantes continuam protesto
Os habitantes da floresta Ekuri queixam-se que ninguém falou com eles. Margret Ikimu está desiludida com a política: "Primeiro, deviam melhorar esta estrada decrépita que passa por aqui", diz. "O governo regional já está há um ano no poder e ainda não vimos mudanças. E agora querem levar o único que nos resta, a floresta."