Nigéria: Cresce preocupação com a saúde do Presidente
Fred Muvunyi | tms
6 de maio de 2017
O Presidente Muhammad Buhari fez sua primeira aparição pública em semanas, em meio a crescente preocupação com seu estado de saúde e questionamentos se ele deveria estar no poder.
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O Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, foi visto nas orações de sexta-feira (05.05) numa mesquita na vila presidencial, em Abuja. Esta foi a primeira vez em semanas que ele foi visto em público.
No início deste ano, Buhari passou quase dois meses em tratamento, em Londres, por causa de uma doença não revelada. Ele voltou ao trabalho em meados de março, mas agora muitas vezes trabalha de casa, de acordo com seus assessores.
O Ministro de Estado da Aviação da Nigéria, Hadi Sirika, tentou minimizar a preocupação pública, dizendo que Buhari decidiu tirar um descanso dos deveres oficiais, conforme o conselho dos seus médicos.
"O presidente está em forma", disse Sirika à DW. "Ele mesmo disse isso quando voltou de um check-up médico em Londres, que ele vai descansar por algum tempo e vai voltar para mais check-ups".
A primeira-dama, Aisha Buhari, escreveu no seu perfil do Twitter que a saúde de seu marido "não é tão ruim quanto está sendo percebida".
Um vídeo postado no Twitter pelo assessor presidencial, Bashir Ahmad, mostrou Buhari vestido de branco, cumprimentado outros fiéis na mesquita e acenando após as orações.
Rumores sobre a saúde do Presidente deram origem à incerteza considerável no país, com algumas pessoas comparando a situação atual com o drama que caracterizou o fim da presidência de Umaru Yar'Adua. O Presidente Yar'Adua morreu no cargo em 2010. Sua morte provocou lutas internas políticas antes da tomada de posse do Presidente Goodluck Jonathan, predecessor de Buhari.
Apoio ao Presidente
Buhari deveria se encontrar com seu homólogo do Níger, Mahamadou Issoufou, na sexta-feira, mas a reunião foi cancelada, disse o gabinete de Buhari num comunicado um dia antes. "O reagendamento deste compromisso é um pedido do Presidente Issoufou que tem outro compromisso doméstico", disse o porta-voz da presidência, Femi Adesina.
Enquanto isso, uma organização não-governamental, o Centro de Defesa Legislativa da Sociedade Civil (CISLAC, sigla em inglês) aconselhou o Presidente a descansar.
"Entendemos que a condição de saúde do Presidente está se deteriorando cada vez mais", disse o diretor da CISLAC, Auwal Musa Rafsanjani. "Pensamos que é bom para ele ter mais descanso e também cuidar bem de sua condição de saúde para que possa continuar com seus deveres presidenciais", Rafsanjani acrescentou.
A doença de Buhari ainda está sendo tratada como um assunto privado, embora ele ocupe o cargo público mais alto do país. Algumas pessoas suspeitam que ele chegou ao poder sabendo muito bem que não estava apto o suficiente para fazer o trabalho.
No entanto, o analista político Mallam Abdulrahman afirmou que não há necessidade de informar os nigerianos sobre o estado de saúde de seu Presidente. "Os nigerianos votaram para ele ficar no cargo. Eles o amam e confiam nele", disse Abdulrahman a DW. Ele, porém, aconselhou Buhari a procurar atendimento médico. "Nós precisamos dele vivo e apto".
A Nigéria continua a lidar com crises que incluem ataques do grupo extremista Boko Haram, milhões enfrentam fome no nordeste do país e uma economia que no ano passado se contraiu pela primeira vez em um quarto de século.
Al-Amin Mohammad contribuiu para esta reportagem.
Dez líderes africanos que morreram em exercício
A população costuma acompanhar com atenção o estado de saúde dos altos dirigentes – muitos especulam atualmente, por exemplo, sobre a saúde do Presidentes da Nigéria. Vários chefes de Estado já morreram em exercício.
Foto: picture-alliance/dpa
John Magufuli, Presidente da Tanzânia
Morreu a 17 de março de 2021, doente. O seu estado de saúde, pouco antes da falecer, esteve em volto a muito secretismo. Assumiu a liderança do país em 2015 e boa parte do seu povo enaltece os seus feitos, tais como a melhoria dos sistemas de saúde, educação e transporte. Mas também foi contestado por algumas políticas duras e por perseguir os seus críticos.
Foto: Sadi Said//REUTERS
1) Malam Bacai Sanhá, Presidente da Guiné-Bissau (2012)
Malam Bacai Sanhá morreu em 2012. Ele sofria de diabetes e morreu em Paris, aos 64 anos, menos de três anos depois de chegar ao poder. Sanhá tinha vários problemas de saúde.
Foto: dapd
2) João Bernardo "Nino" Vieira, Presidente da Guiné-Bissau (2009)
João Bernardo "Nino" Vieira foi assassinado em março de 2009. Tinha 69 anos de idade. Esteve no poder durante mais de duas décadas. Tornou-se primeiro-ministro em 1978 e, em 1980, tomou a Presidência. Ficou no cargo até 1999, ano em que foi para o exílio. Regressou a Bissau em 2005 e venceu nesse ano as presidenciais.
Foto: picture-alliance/dpa/L. I. Relvas
3) Mouammar Kadhafi, chefe de Estado da Líbia (2011)
Mouammar Kadhafi foi assassinado em 2011. Kadhafi, auto-intitulado líder da "Grande Revolução" da Líbia, foi morto por forças rebeldes em circunstâncias ainda por esclarecer. Estava no poder há 42 anos, desde um golpe de Estado contra a monarquia líbia em 1969, onde não houve derramamento de sangue. A sua liderança chegou ao fim com a chamada "Primavera Árabe".
Foto: Christophe Simon/AFP/Getty Images
4) Umaru Musa Yar'Adua, Presidente da Nigéria (2010)
Umaru Musa Yar'Adua morreu em 2010 aos 58 anos de idade. Morreu no seu país, vítima de uma inflamação do pericárdio – estava há apenas três anos no poder. Já durante a campanha eleitoral, Yar'Adua teve de se ausentar várias vezes devido a problemas de saúde. Depois de ser eleito, em 2007, a sua saúde deteriorou-se rapidamente.
Foto: P. U. Ekpei/AFP/Getty Images
5) Lansana Conté, Presidente da Guiné-Conacri (2008)
Após 24 anos no poder, Lansana Conté morreu de "doença prolongada" aos 74 anos de idade. O Presidente da Guiné-Conacri sofria de diabetes e de problemas cardíacos. Conté foi o segundo chefe de Estado do país, de abril de 1984 até à sua morte, em dezembro de 2008.
Foto: Getty Images/AFP/Seyllou
6) John Atta Mills, Presidente do Gana (2012)
John Atta Mills morreu de apoplexia em 2012. Tinha 68 anos. Atta Mills esteve apenas três anos no poder. Enquanto chefe de Estado, introduziu uma série de reformas sociais e económicas que lhe granjearam fama a nível local e internacional.
Foto: AP
7) Meles Zenawi, primeiro-ministro da Etiópia (2012)
Meles Zenawi morreu na Bélgica aos 57 anos de idade, vítima de uma infeção não especificada. Zenawi liderou a Etiópia durante 21 anos – como Presidente, de 1991 a 1995, e como primeiro-ministro, de 1995 a 2012. Foi elogiado por introduzir o multipartidarismo, mas criticado por reprimir violentamente os protestos do povo Oromo no norte da Etiópia.
Foto: AP
8) Omar Bongo, Presidente do Gabão (2009)
Omar Bongo morreu em Barcelona, Espanha, em junho de 2009, vítima de cancro nos intestinos. Bongo estava no poder há 42 anos e morreu aos 72 anos de idade. Foi um dos líderes que esteve mais tempo no poder e um dos mais corruptos. Bongo acumulou uma riqueza imensa enquanto a maior parte da população vivia na pobreza, apesar de o país ter grandes receitas de petróleo.
Foto: AP
9) Michael Sata, Presidente da Zâmbia (2014)
Michael Sata morreu no Reino Unido aos 77 anos. A causa da morte não foi divulgada. Após a sua eleição em 2011, circularam rumores sobre o estado de saúde do Presidente. As suas ausências em eventos oficiais alimentaram ainda mais as especulações, apesar dos seus porta-vozes garantirem que estava tudo bem.
Foto: picture-alliance/dpa
10) Bingu wa Mutharika, Presidente do Malawi (2012)
Bingu wa Mutharika morreu em 2012. Teve um ataque cardíaco e faleceu dois dias depois, aos 78 anos de idade. Esteve oito anos no poder e ganhou gama internacional devido às suas políticas agrícolas e de alimentação. A sua reputação ficou manchada por uma onda de protestos por ter gasto 14 milhões de dólares num jato presidencial.