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Nigéria: Custos eleitorais afetam jovens políticos

mjp | Umar Zaharaddeen | AFP
7 de setembro de 2018

Os dois principais partidos da Nigéria estão a vender formulários para os interessados a se candidatar às eleições gerais de 2019. Mas os jovens políticos denunciam os "custos exorbitantes" cobrados.

Eleições nigerianas em 2015Foto: APC

Na Nigéria, os dois principais partidos políticos – o Congresso dos Progressistas (APC), no poder, e o Partido Popular Democrático (PDP), na oposição – anunciaram o início da venda dos formulários para os interessados a concorrer a cargos públicos nas eleições gerais de fevereiro de 2019.

Entretanto, muitos nigerianos, especialmente os jovens, estão a denunciar o que classificam como custos exorbitantes e inaceitáveis. O preço da inscrição de um aspirante a candidato presidencial, por exemplo, ultrapassa os 45 milhões de nairas – mais de 100 mil euros – no APC.

Mesmo a inscrição para a candidatura à posição política mais baixa em disputa, um assento numa assembleia estadual, custa cerca de 1,5 mil euros - o preço de um bom automóvel ou uma casa no nordeste da Nigéria -, uma quantia que nem todos podem pagar, num país onde milhões de pessoas vivem em pobreza extrema.

É o caso deste jovem de 27 anos que falou à DW sob a condição de anonimato, temendo represálias do seu partido, o APC. Ele está a tentar angariar fundos para comprar o formulário para se candidatar a um assento na assembleia estadual.

"Para já não posso dizer que tenho este dinheiro, mas se Deus quiser, sei que vou conseguir. Se não tiveres o dinheiro para comprar o formulário, estás automaticamente excluído da corrida a esta posição que eu quero ocupar".           

Juventude reprova custos eleitorais

Nigéria: Custos eleitorais dificultam o ingresso de jovens na política

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Há três meses, o Presidente Muhammadu Buhari promulgou uma lei que eliminou o limite mínimo de idade para os jovens que pretendem candidatar-se a cargos públicos. Mas os custos dos formulários para o efeito não agradam à juventude que aplaudiu a aprovação da lei.

"Algumas pessoas que são realmente credíveis não poderão concorrer. E tiraram-me o meu direito como eleitora de poder votar na pessoa que eu quero, porque ela não tem a possibilidade de comprar esse formulário", defende um jovem nigeriano.

"É um golpe à chamada lei 'Não demasiado jovem para concorrer'. Um amigo meu quer concorrer a um cargo governativo. Não tem esse dinheiro", afirmou outro cidadão à DW África.

Incertezas

Os preços das fichas de inscrição, que obrigam os aspirantes a políticos a vestirem a camisola dos partidos nas eleições do próximo ano, estão a gerar incerteza no seio das formações políticas, especialmente do APC. Um dos membros do partido – que pretende candidatar-se à Presidência – ameaçou deixar o APC, se o preço da inscrição não baixar dos 108 mil euros exigidos pelo partido.

Lawal Buba, dirigente do partido no estado de Kaduna, diz, no entanto, que não há motivo para alarme. "Se não tiveres o dinheiro, não há qualquer problema, esperas pelo teu tempo. Ninguém te está a impedir de concorrer. Penso que isto é um processo e é algo normal. Nos outros partidos, como o PDP, acontece o mesmo".

O Presidente Muhammadu Buhari foi eleito em 2015 com a promessa de travar a corrupção no Governo. Mas os críticos dizem que os custos elevados das candidaturas a cargos públicos favorecem os mais ricos e contribuem para práticas corruptas. Isto, porque os doadores que muitas vezes pagam os custos da inscrição dos candidatos esperam um retorno assim que os políticos assumem os cargos.

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