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CulturaNigéria

"Bronzes do Benim" vão ser devolvidos à Nigéria

5 de julho de 2022

Por todo o continente africano, reina o entusiasmo face à decisão da Alemanha de devolver mais de mil "Bronzes do Benim" à Nigéria. Mas também há pedidos para que haja uma compensação monetária.

Frankreich | Rückgabe von Raubkunst an Benin
Foto: Gao Jing/Xinhua/imago images

"Este é talvez o acordo mais significativo assinado por uma nação europeia com a Nigéria em relação à diplomacia cultural", disse à DW Yusuf Tuggar, embaixador da Nigéria na Alemanha, após a assinatura do acordo de devolução de mais de mil artefactos de bronze beninense ter sido assinado na sexta-feira (01.06).

"É um marco muito significativo e esperamos que conduza à devolução não só dos Bronzes do Benim, mas também de outros bens culturais roubados de outros países", disse Yusuf Tugga.

Os museus alemães possuem mais de 1.130 dos artefactos roubados, que estão espalhados pelo Museu Linden em Estugarda, o Fórum Humboldt de Berlim, o Museu Rautenstrauch-Joest de Colónia, o Museu das Culturas Mundiais de Hamburgo e as Coleções Etnográficas Estatais da Saxónia.

Peças como este leão, exposto em Colónia, estão entre os artefactos a serem devolvidos à NigériaFoto: Benjamin Bischof/DW

Recuperar a história do Benim

A importância da decisão de devolver os "Bronzes do Benim" é sublinhada pelo líder do povo Bana nos Camarões, Fon Sikam Happi V. "É uma exelente notícia. Isto vai permitir à África aceitar o seu passado e recuperar objetos que nunca deveriam ter saído do continente", comentou.

Os artefactos foram roubados do antigo Reino do Benim pelos britânicos, quando organizaram um assalto a vários pontos da cidade, em 1897. A maioria das peças do palácio real foram roubadas e a cidade de Benim, que é hoje o Estado nigeriano do sul de Edo, ficou praticamente toda destruída.

Para a maioria dos residentes de Edo, a notícia do regresso dos artefactos não poderia ter chegado em melhor altura.

"Estamos realmente felizes com a notícia do regresso dos artefactos do Benim", disse Osaro. "O nosso património e bens que foram roubados estão finalmente a ser devolvidos ao legítimo proprietário, o Reino do Benim. Estamos realmente felizes", acrescentou.

Alemanha vai devolver arte roubada à Nigéria

01:52

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O ativista Lancelot Imansuen acredita que esta decisão vai inspirar os artistas de profissão do país.

"Como artista, como homem Edo e como criativo, sinto-me muito entusiasmado com a iniciativa do governo alemão de devolver estas obras de arte", disse Imansuen.

Em toda a Nigéria, muitos encaram esta devolução como uma oportunidade para aprender mais sobre a sua história.

"Para nós isto significa ter contacto com a história do nosso país. Agora, vamos todos poder olhar para a história do nosso povo, saber que era um povo civilizado. Todos os artefactos devolvidos contam uma história", explicou Samuel Marv, licenciado em História e designer.

Poderão ser pagas indemnizações?

No entanto, para alguns nigerianos a repatriação não é suficiente. Embora estejam entusiamos com o regresso dos artefactos culturais a África, mostram-se preocupados com o pagamento de indemnizações.

"Para além da devolução dos objetos que foram roubados e expostos em museus europeus, deve ser paga uma compensação. Isto ajudaria a África a construir museus apropriados para albergar estes artefactos", defende Fon Happi.

Ify James, um empreiteiro independente, disse à DW que a devolução dos "Bronzes de Benim" deveria ser acompanhada de "uma grande compensação porque rendeu toneladas de dinheiro enquanto estiveram nos museus" europeus.

Embora seja improvável que a Alemanha pague qualquer compensação monetária, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, afirmou que o país está "a ajudar a Nigéria a estabelecer um novo museu na cidade de Benim, que também vai exibir os bronzes no futuro".

Estes artefactos de bronze beninense e outros mil regressam brevemente à NigériaFoto: Warofdreams - sa

Outros países africanos estão também a exigir que os seus artefactos sejam devolvidos. O Togo, que foi uma colónia alemã até 1914, diz que em breve fará um pedido formal para que a sua arte seja devolvida.

"Há professores-investigadores que estão em galerias e museus alemães a identificar os bens culturais do Togo", comentou Kossi Gbenyo Lamadokou, ministro da Cultura e Turismo do Togo. "No final da identificação dos bens na Alemanha e na França, podemos dizer qual dos bens precisa de ser repatriado", acrescentou.

Lamadokou explicou que nem toda a arte africana que se encontra nos museus europeus foi levada de forma ilícita e que o Togo pretende apenas recolher a arte roubada.

Na Tanzânia, há um debate crescente sobre a devolução dos ossos de dinossauro "Brachiosaurus brancai", recuperados por paleontólogos alemães em 1909. Os ossos de dinossauro foram escavados em mais de 100 locais em Tendaguru, no sul da Tanzânia. Hoje, o esqueleto do dinossauro é a principal exposição do Museu de História Natural de Berlim.

"O fóssil de dinossauro é importante para se realizarem investigações na área da arqueologia e paleontologia. Para o recebermos, temos também de garantir que dispomos dos recursos humanos para os reter, não só para benefício da Tanzânia, mas também para o mundo", disse o embaixador da Tanzânia na Alemanha, Abdallah Possi. O país tem estado em negociações com a Alemanha sobre o regresso dos fósseis de dinossauros.

Os “Bronzes do Benim” e o debate sobre a arte roubada

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