Nigéria e Quénia fecham locais de exibição dos jogos com receio de ataques
13 de junho de 2014![](https://static.dw.com/image/17689346_800.webp)
O cinema Lamido está encerrado. Até início de junho, este era um encontro muito popular para os adeptos do futebol em Yola, no leste da Nigéria. Os fãs juntavam-se aqui para assistir aos jogos no grande ecrã. Até ao dia em que chegou a notícia de um atentado à bomba num campo de futebol mais a norte, em Mubi, no estado federado de Adamawa que fez 40 mortos. As autoridades suspeitam que o ataque seja da autoria do grupo terrorista islamista Boko Haram.
"A situação está má. Com o ataque recente, as pessoas evitam ir para onde há concentrações de grupos", lamenta Yusuf Saleh, o gerente do cinema encerrado.
Poucas semanas antes, um atentado suicida durante a transmissão em praça pública da final da Liga dos campeões na cidade de Jos, no estado federado de Plateau, matou pelo menos três pessoas. Numa análise, o instituto londrino IHS, parte com certeza quase total de atentados em sessões do chamado “public viewing” no nordeste e no centro da Nigéria.
Boko Haram muito ativo
A frequência de ataques e raptos da Boko Haram subiu em flecha nos últimos meses.
"Estou viciado em futebol, principalmente em vê-lo nos centros de 'public viewing'. Mas decidi que este Mundial vai ser visto na minha sala de estar no meu sofá", diz Seguan Ofadeji, um fã do desporto-rei na cidade de Bauchi.
No estado federado de Plateau, os donos de bares que mostram futebol associaram-se para conceber um plano contra o perigo de atentados. O líder do movimento, Zakari Mohammed, descarta riscos.
"Não é fácil contratar pessoal de segurança para todos os centros de visualização. Mas graças aos vigilantes nas áreas onde serão vistos os jogos teremos, com a ajuda de Deus, a possibilidade de ver este Mundial com paz e sossego", prevê.
Atentado no Uganda ainda no pensamento
Outro atentado registado em África numa exibição pública de jogos ocorreu em 2010, no Uganda. Na altura morreram 70 pessoas que assistiam à final num restaurante da capital, Kampala.
A organização terrorista islamista da Somália, al-Shabaab, reivindicou o atentado, afirmando tratar-se de uma advertência para os países que participam na missão de paz da União Africana na Somália.
Desde 2011, o Quénia começou a fazer parte desta missão. Também neste país, existem receios de ataques durante o mundial.
"O nosso pessoal de segurança é formado pela polícia. Aprendem onde os terroristas costumam esconder armas, por exemplo, granadas de mão nos cabelos…", explica Cyrus Mwangi, proprietário do clube "Masters", que não esconde o medo.
"Ver uma partida sem companhia não tem graça para um fã. Mas a situação é muito tensa. Ultimamente temos que trazer sempre o documento de identificação na mão, já não o podemos levar no bolso", admite.