Nigéria: Estratégia estatal acelera combate à corrupção
Jens Borchers | ar
28 de abril de 2017
Montante foi recuperado nos primeiros quatro meses deste ano. Governo está a incentivar a denúncia por meio de recompensa que oferece a quem informar sobre casos de desvio de dinheiro público.
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Na Nigéria, o Governo já recuperou nos últimos quatro meses cerca de 200 milhões de euros em operações anticorrupção. Estas ações só têm sido possível por meio da nova estratégia desenvolvida pelo Estado para combater a corrupção, que afeta todos os escalões da sociedade até ao mais alto nível do aparelho do Estado.
Trata-se de proteger e remunerar todo aquele que aceite correr os riscos de denunciar atos de corrupção dos chamados "intocáveis". Assim, qualquer pessoa que forneça informações suscetíveis de permitir ao Estado recuperar dinheiro roubado, nomeadamente do herário público, pode receber até 5% do montante desviado. A estratégia já parece dar os seus frutos.
Na capital, Lagos, as autoridades não se surpreendem ao descobrir em esconderijos nas paredes de salões e luxuosas residências, milhares e milhares de notas de euros, dólares americanos, libras e nairas nigerianas, cuidadosamente embaladas em sacos de plástico.
A descoberta não acontece por acaso. Alguém passou a informação e, em troca, esta pessoa deverá receber até 5% do montante encontrado. Recentemente, por meio de denúncias, as autoridades encontraram escondido numa dessas residências luxuosas um montante equivalente a 45 milhões de euros. A pessoa que forneceu a informação deverá receber mais de dois milhões por ter repassado a informação que levou a apreensão das notas.
Estratégia
Segundo o Governo, esta abordagem no combate à corrupção permitiu às autoridades recuperar nos últimos quatro meses 200 milhões de euros em notas de banco. Garba Abari, que dirige os serviços encarregados de dar a conhecer aos potenciais informadores esta nova estratégia para combater a corrupção afirma que "os nigerianos acolheram a nossa iniciativa com entusiasmo".
Proteger e recompensar as informações como forma de diminuir ou mesmo acabar com o fenómeno da corrupção na Nigéria é também uma iniciativa aplaudida por Kolawale Banwo, que trabalha numa ONG que luta há muitos anos contra o desvio de dinheiros públicos no país.
28.04.2017 Nigéria-corrupção - MP3-Mono
"Há muito tempo que defendemos a aplicação de uma estratégia do género, mas que a medida seja objeto de uma lei. Penso que não é da forma como essa luta é feita atualmente que poderemos realmente lutar contra a corrupção na Nigéria", argumenta.
Presidente estimula combate à corrupção
Recorde-se, que o Presidente em exercício Muhammadu Buhari fez-se eleger quando prometeu nomeadamente levar a cabo uma luta sem trégua contra a corrupção que atinge todos os setores do seu país, da política à economia, passando pelos serviços públicos.
Ele anunciou várias medidas neste sentido. Recentemente, quando os seus críticos o acusavam de apontar o dedo somente aos membros da oposição, Muhammadu Buhari ordenou a suspensão de dois altos funcionários da sua administração, acusados de desvios do herário público.
A agência anticorrupção anunciou na última terça-feira (25.04) que vai levar ao tribunal o médico pessoal do ex-Presidente Goodluck Jonathan, envolvido num caso de lavagem de capitais.
Milionários na África Subsaariana
Em muitos países ao sul do deserto do Saara a pobreza segue opressiva. Contudo, o número dos milionários na região nunca foi tão grande, segundo estudo do instituto New World Wealth.
Foto: DW
África do Sul
O país do continente africano com o maior número de milionários é a África do Sul. Entre a Cidade do Cabo e Johanesburgo, vivem 46.800 pessoas de patrimônio líquido elevado, ou "high-net-worth individuals" (HNWIs), e a tendência é ascendente. Para efeito de comparação, na Alemanha, atualmente 1,1 milhão de pessoas dispõem de um capital líquido de 1 milhão de dólares ou mais.
Foto: picture-alliance/dpa
Nigéria
Segundo a revista americana de economia "Forbes", o homem mais rico da África é o nigeriano Aliko Dangote (foto). Sua fortuna, acumulada principalmente com o comércio de alimentos, cimento e petróleo, é estimada em 18,2 bilhões de dólares. Ele é um dos 15.400 HNWIs da Nigéria – a qual, por outro lado, atualmente é um dos países africanos com o maior número de refugiados na Europa.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Von Loebell/World Eco
Quênia
A fortuna dos 8.500 milionários do Quênia equivale a dois terços do desempenho econômico do país – uma quota extremamente elevada. Enquanto esses quenianos mais ricos acumulam, em média, 83 milhões dólares por cabeça, quase metade da população dispõe de menos de dois dólares por dia.
Foto: Fotolia/vladimir kondrachov
Angola
O boom do petróleo em Angola provocou um acentuado crescimento do número dos super-ricos desde a virada do século 21. Atualmente há 6.400 HNWIs angolanos, quase seis vezes mais do que há 15 anos. Lá também vive a mulher mais rica do continente: Isabel dos Santos (foto), filha do presidente José Eduardo, que tem uma fortuna 3,2 bilhões de dólares.
Foto: picture-alliance/dpa
Maurícia
Apesar de só ter 1,3 milhão de habitantes, a República da Maurícia, no Oceano Índico, reúne 3.200 milionários, a taxa mais alta no contexto africano. O setor turístico é o que mais floresce. Além, disso, há anos o Estado insular é conhecido como paraíso fiscal.
Foto: picture-alliance/Ria Novosti/Anton Denisov
Namíbia
A mineração é o principal setor industrial da Namíbia, responsável por 25% do desempenho econômico total do país. Diamantes são seu principal produto de exportação. Com pouco mais de 2 milhões de habitantes, a ex-colônia alemã tem 3.100 cidadãos com um patrimônio líquido superior a 1 milhão de dólares.
Foto: picture-alliance/dpa/Y. Smityuk
Etiópia
Novata entre as dez nações com mais super-ricos na África Subsaariana é a Etiópia. Graças a uma relativa estabilidade política e a investimentos estrangeiros, desde 2003 a economia etíope cresce constantemente. Seus milionários chegam a 2.800 – enquanto 30% de seus compatriotas seguem vivendo na pobreza.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
Gana
Ouro, petróleo e cacau em grão são os principais produtos de exportação de Gana, e também fonte da riqueza de um bom número de seus cidadãos. Hoje há 2.700 milionários ganenses, quatro vezes mais do que 15 atrás. Além de matérias-primas, muitos acumularam seu patrimônio nos setores imobiliário e de serviços.
Foto: imago/Xinhua
Botsuana
Há 2.500 milionários vivendo em Botsuana. Principalmente a indústria de diamantes produziu numerosos super-ricos nos últimos anos. Apesar de uma quota elevadíssima de infecções com o vírus HIV e do grande número de desempregados, o país registra a quarta maior renda per capita da África Subsaariana.
Foto: AFP/Getty Images
Costa do Marfim
A guerra civil na Costa do Marfim terminou há oito anos, e desde então a economia nacional está em expansão. O país ostenta 2.300 "high-net-worth individuals", cifra que deverá continuar subindo nos próximos anos. O petróleo é o principal fator de crescimento do país.