Nigéria: 200 mil dólares são pedidos para libertar alemães
Ole Tangen Jr | AFP | AP
25 de fevereiro de 2017
Arqueólogos alemães foram raptados na última quarta-feira (22.02) numa localidade no norte da Nigéria. Durante o rapto, dois moradores locais foram mortos.
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Um trabalhador no local onde dois arqueólogos alemães foram sequestrados esta semana, no norte da Nigéria, afirmou que os sequestradores contataram o supervisor do local e exigiram 200 mil dólares (190 mil euros) para garantir a libertação dos pesquisadores. O homem, que não quis se identificar, disse à agência de notícias Associated Press que os raptores demandaram que a polícia e as forças de segurança do país não fossem envolvidas.
O arqueólogo alemão e professor Peter Breunig e seu assistente Johannes Behringer, ambos associados à Universidade Goethe de Frankfurt, foram levados por homens armados na última quarta-feira (22.02) enquanto trabalhavam no vilarejo de Jenjela, na província de Kaduna, no norte nigeriano.
Eles fazem parte de uma equipa de quatro pessoas que trabalham com a Comissão Nacional de Museus e Monumentos da Nigéria para recuperar relíquias da cultura Nok, uma das primeiras da Idade do Ferro e considerada a mais antiga civilização daquela região.
Desde o sequestro dos pesquisadores, investigadores e homens das forças especiais da polícia vêm percorrendo os arredores da vila de Jenjela. A polícia local confirmou que dois moradores foram assassinados durante o sequestro.
"Os sequestradores vieram com armas e facões e pediram aos dois alemães que os seguissem para o mato", disse um morador da aldeia, que pediu para não ser identificado por motivos de segurança, à AFP.
Investigações
O superintendente-assistente da polícia Aliyu Usman, do Comando Policial de Kaduna, confirmou aos meios de comunicação na quinta-feira que os homens haviam sido sequestrados. "Nós lançamos uma caça ao sequestrador e esperamos muito em breve ter um resultado positivo", acrescentou.
A polícia nigeriana não fez mais comentários sobre o caso. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha também não se manifestou a respeito do rapto.
Um engenheiro alemão raptado no norte da Nigéria, em 2012, foi morto por seus sequestradores após uma tentativa fracassada de resgate conduzida pelas forças armadas da Nigéria. Num outro caso, em 2006, um dos dois trabalhadores petrolíferos alemães que foram sequestrados na Nigéria foi morto enquanto o outro foi libertado ileso.
Os sequestros por resgate são comuns na Nigéria, mas as vítimas geralmente são libertadas ilesas depois que o valor exigido pelos sequestradores é pago.
Nigéria: Auto-estrada no meio da floresta?
A floresta Ekuri, no sul da Nigéria, uma das últimas florestas tropicais intactas do país, está em perigo. O governo local quer construir uma estrada de seis faixas a atravessar a vegetação. A população está indignada.
Foto: DW/A. Kriesch
Protesto no paraíso
Até agora, nenhum meio de comunicação internacional veio até esta pequena aldeia, na floresta Ekuri. "É a primeira vez que alguém nos ouve", diz um dos habitantes que espontaneamente organizaram um protesto. O governo do estado de Cross River, no sul da Nigéria, quer construir uma auto-estrada gigante, no coração da floresta. Estes manifestantes temem perder a casa e os meios de subsistência.
Foto: DW/J. P. Scholz
Sem luz e sem estradas
Aqui, muitas pessoas sentem que foram deixadas ao abandono: Foram elas que tiveram de construir as pontes que dão acesso à aldeia. Não há água canalizada, nem eletricidade. Antes das últimas eleições, houve um político que os visitou - de helicóptero. Os habitantes dizem que ele ofereceu dinheiro e fez várias promessas. Mas, depois das eleições, nunca mais apareceu.
Foto: DW/J. P. Scholz
Terras confiscadas
Os habitantes receberam a notícia no início do ano. Ao ler o jornal, descobriram que não só o governo regional planeava construir uma auto-estrada no estado de Cross River, como também expropriar todas as terras num perímetro de 10 quilómetros em redor da nova rodovia.
Foto: DW/J. P. Scholz
A primeira super-estrada da Nigéria
A estrada deverá ligar um novo porto em Calabar, a capital do estado de Cross River, ao norte da Nigéria - o plano é construir uma das estradas mais modernas de África, com 260 quilómetros, seis faixas e internet de alta velocidade para todos os condutores. O projeto custará 800 mil milhões de nairas, quase quatro mil milhões de euros. Não se sabe ainda ao certo como será financiada.
Destruindo o verde da floresta
Algumas árvores começaram a ser cortadas mesmo sem se saber como o projeto iria ser pago. O governo local nem esperou pelo estudo de impacto ambiental, exigido por lei. Entretanto, o estudo já deu entrada, mas não cumpre as normas internacionais, informa o Ministério nigeriano do Ambiente.
Foto: DW/A. Kriesch
Bulldozers à espera
O Ministério ordenou que se parasse de imediato o abate de árvores antes de receber o estudo de impacto ambiental e depois dos protestos de ambientalistas e habitantes. Os bulldozers estão parados na floresta, à espera de "luz verde".
Foto: DW/A. Kriesch
Natureza ímpar
Na floresta Ekuri habitam animais ameaçados de extinção, como o mandril ou o gorila de Cross River. Há aqui mais de 1.500 espécies de plantas. Esta é uma das florestas tropicais mais diversas do planeta.
Foto: DW/A. Kriesch
"Estão a esconder alguma coisa"
Odigha Odigha é ex-presidente da Comissão Florestal de Cross River e está agora a tentar travar a construção da auto-estrada, com a organização "Coligação pelo Meio Ambiente" - "Ao todo, são 520.000 hectares de terras que serão nacionalizadas, 25% da área deste estado", diz Odigha. "Ainda ninguém nos disse por que estão interessados numa área tão grande - estão a esconder alguma coisa."
Foto: DW/A. Kriesch
Comércio de madeira em vez de desenvolvimento?
Alguns ativistas e habitantes suspeitam que, além da construção da estrada, há também interesse em comercializar a valiosa madeira da floresta. Por isso é que não se expande a estrada principal que já existe, dizem. A nova estrada gigante serviria, assim, como pretexto para poder cortar a madeira e vendê-la ao exterior, a preços inflacionados.
Foto: DW/A. Kriesch
Governo local desmente
A ministra da Informação de Cross River nega. "Vamos plantar duas árvores por cada árvore cortada", diz Rosemary Archibong. Mas continua a não ser claro por que é necessário nacionalizar 10 quilómetros de cada lado da rodovia. "As pessoas deverão beneficiar do desenvolvimento ao longo da estrada, por exemplo através da agricultura", responde Archibong. "Mas esse tema ainda vai ser debatido."
Foto: DW/A. Kriesch
Habitantes continuam protesto
Os habitantes da floresta Ekuri queixam-se que ninguém falou com eles. Margret Ikimu está desiludida com a política: "Primeiro, deviam melhorar esta estrada decrépita que passa por aqui", diz. "O governo regional já está há um ano no poder e ainda não vimos mudanças. E agora querem levar o único que nos resta, a floresta."