Apesar do Banco Nacional de Angola ter dado "luz verde" à movimentação das contas em moeda estrangeira, cidadãos ouvidos pela DW continuam com dificuldades. Para muitos, a solução é continuar a comprar divisas nas ruas.
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Passaram duas semanas desde que o Banco Nacional de Angola (BNA) pediu aos bancos comerciais que permitissem aos clientes movimentar as contas em moeda estrangeira. No entanto, cidadãos ouvidos pela DW denunciam que, de lá para cá, já tentaram levantar dólares e não conseguiram.
Jesse Bengui, residente em Luanda, planeia viajar em breve e foi ao banco buscar divisas. Mas viu o pedido recusado: "Eu tenho uma conta em dólares no [banco] Millennium e não me deixam tirar, dizem sempre que não têm", conta Bengui.
A DW tentou obter uma explicação junto do banco Millennium Atlântico, sem sucesso.
No banco ou na rua? A luta para comprar divisas em Angola
Mais fácil na rua?
O BNA suspendeu estas operações com divisas em 2017, por causa da crise económica. Há duas semanas, voltou a autorizar movimentações em moeda estrangeira para importar mercadorias, pagar salários de expatriados ou pagar despesas de viagens e de saúde.
Mas Jesse Bengui não é o único a ter problemas para obter moeda estrangeira. Benjamim José Thiago, outro morador de Luanda, diz à DW que também não conseguiu levantar dólares para pagar o tratamento médico de um familiar na Namíbia.
Para muitas pessoas, o "mais fácil" acaba por ser comprar dólares na rua, porque "no banco não está fácil trocar kwanzas por dólares", revela.
E isso sai caro: no mercado informal, uma nota de 100 dólares chega a custar mais de 40 mil kwanzas. No banco, para comprar 100 dólares bastam 35 mil kwanzas, ao câmbio atual.
"O nosso kwanza tem que ter valor para que possamos ter dólar", desabafa Benjamim José Thiago. "Quando à troca, o dólar está alto e o nosso kwanza está baixo, não temos como fazer. É difícil."
Ajuda do FMI a Angola será em "condições boas" - Lourenço
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Reclamações
O Banco Nacional de Angola anunciou em comunicado que os clientes que não conseguirem movimentar as suas contas devem reclamar.
Questionado sobre se já tinha informado o banco central de que não conseguiu levantar dólares, Jesse Bengui diz que não. Mas espera que o BNA leve as reclamações dos cidadãos a sério: "Espero que valha a pena, porque não vamos aqui tapar o sol com a peneira - a situação está mesmo difícil."
O BNA diz que, se os bancos comerciais não conseguem disponibilizar dólares, devem oferecer alternativas: ou fazer uma transferência bancária ou, por exemplo, carregar um cartão pré-pago de aceitação internacional.
Quem são as mulheres mais poderosas de África?
Nove mulheres africanas dão que falar no mundo da política e dos negócios, geralmente dominado por homens. Saiba quem são e como se têm destacado.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Primeira mulher Presidente em África
Ellen Johnson Sirleaf foi a primeira mulher eleita democraticamente num país africano. De 2006 a 2018, governou a Libéria, lutando contra o desemprego, a dívida pública e a epidemia do ébola. Em 2011, ganhou o Prémio Nobel da Paz por lutar pela segurança e direitos das mulheres. Atualmente, lidera o Painel de Alto Nível da ONU sobre Migração em África.
Foto: picture-alliance/dpa/EFE/EPA/J. Lizon
Um grande passo para as mulheres etíopes
Sahle-Work Zewde foi eleita, em outubro, Presidente da Etiópia. O poder no país é exercido pelo primeiro-ministro e o Conselho de Ministros. Entretanto, a eleição de uma mulher para a cadeira presidencial é considerada um grande avanço na sociedade etíope, onde os homens dominam os negócios e a política. Mas isto está a mudar. Hoje em dia, metade do Governo é formado por mulheres.
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Mulher mais rica de África
Isabel dos Santos tem uma reputação controversa em Angola. É filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que a colocou na administração da Sonangol em 2016. Mas o novo Presidente, João Lourenço, luta contra o nepotismo e despediu Isabel dos Santos. Mesmo assim, dos Santos ainda detém muitas participações empresariais e continua a ser a mulher mais rica de África, segundo a revista Forbes.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Magnata do petróleo e benfeitora da Nigéria
1,6 mil milhões de dólares norte-americanos é a fortuna da nigeriana Folorunsho Alakija. A produção de petróleo faz com que a dona da empresa Famfa Oil seja a terceira pessoa mais rica da Nigéria. Com a sua fundação, a mulher de 67 anos apoia viúvas e órfãos. Também é a segunda mulher mais rica de África, apenas ultrapassada pela fortuna de Isabel dos Santos de 2,7 mil milhões (segundo a Forbes).
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Oficial da dívida da Namíbia
Na Namíbia, uma mulher lidera o Governo: desde março de 2015, Saara Kuugongelwa-Amadhila é primeira-ministra – e a primeira mulher neste escritório na Namíbia. Anteriormente, foi ministra das Finanças do país e perseguiu uma meta ambiciosa: reduzir a dívida nacional. A economista é membro da Assembleia Nacional da Namíbia desde 1995.
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Discrição e influência
Jaynet Kabila é conhecida pela sua discrição e cuidado. Irmã gémea do ex-Presidente congolês Joseph Kabila, é membro do Parlamento da República Democrática do Congo e também é dona de um grupo de meios de comunicação. Em 2015, a revista francesa Jeune Afrique apontou-a como a pessoa mais influente do Governo na RDC.
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Triunfo diplomático
A ex-secretária de Estado do Ruanda, Louise Mushikiwabo, será secretária-geral da Organização Internacional da Francofonia em 2019. Isto, mesmo depois de o país ter assumido o inglês como língua oficial há mais de 10 anos. A escolha de Mushikiwabo para o cargo é vista como um triunfo diplomático. O Presidente francês, Emmanuel Macron, foi um dos apoiantes da sua candidatura.
Outra mulher influente: a nigeriana Amina Mohammed, vice-secretária-geral das Nações Unidas desde 2017. Entre 2002 e 2005, já tinha trabalhado na ONU no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Mais tarde, foi assessora especial do então secretário-geral, Ban Ki-moon, e, por um ano, foi ministra do Meio Ambiente na Nigéria.
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A ministra dos recordes no Mali
Recente no campo da política externa, Kamissa Camara é a mais jovem na política e primeira ministra do Exterior da história do Mali. Aos 35 anos, foi nomeada para o cargo pelo Presidente Ibrahim Boubacar Keïta e é agora uma das 11 mulheres no Governo. No total, o gabinete maliano tem 32 ministros.