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"No Na Riba Terra": Maio Coopé lança álbum 20 anos depois

16 de dezembro de 2020

Mário Silva, nome de nascimento de Maio Coopé, lançou um novo álbum, no qual procura reproduzir uma mensagem de esperança aos guineenses na diáspora, depois um ano marcado pela pandemia e por "crises políticas crónicas".

Foto: João Carlos/DW

"No Na Riba Terra", o novo álbum cujo lançamento estava adiado desde março, marca o regresso do artista guineense Maio Coopé à música tradicional, 20 anos depois do último trabalho. Para o músico, esta é uma compilação que serve de chamamento aos guineenses para regressarem à terra-mãe.

A capa do disco foi desenhada pelo próprio Maio Coopé. Em entrevista concedida à DW, em Portugal, o músico refletiu sobre o regresso aos estúdios 20 anos depois, anunciando "fatores pessoais de foro estrutural e económico". 

"Tem como título: Nós Vamos Regressar à Terra, que eu acabei de lançar e ainda não está concretizado, porque com a pandemia, estamos condicionados. Programámos fazer o lançamento em abril deste ano, mas nessa altura tudo começou a fechar e pronto", conta.

Álbum apela à esperança e harmonia

É com fé e esperança que o músico encara estes novos tempos, tal é a mensagem deste seu terceiro álbum. "É um apelo à esperança, ao dinamismo, para as pessoas terem mais confiança de que as coisas podem mudar no país. (A crise na Guiné-Bissau) é quase crónica. Vários países também passaram por esta fase até chegarem a uma conclusão de que temos que reunir os esforços e a inteligência, temos que fazer tudo para chegar a uma plataforma de compreensão e harmonia".

Maio Coopé usa o bombolon nas suas músicasFoto: João Carlos/DW

Apesar da atual conjuntura, refere que este novo disco, produzido pelo conterrâneo Manecas Costa, com recurso aos instrumentos tradicionais, chegou numa altura boa, após as últimas eleições, que foram bastante renhidas e marcadas por muitas polémica.

"O povo estava à espera de uma coisa para alegrar as gentes. O disco contagiou todo o país, tocando na rádio, televisão e festas populares. Nem eu esperava tanto. É um fenómeno", confessa.

Maio Coopé é conhecido também pela preferência que dá aos instrumentos tradicionais nas suas músicas, entre os quais o bombolon, o balafon, o dondon, o djembé e o kora. "Na base musical, são os instrumentos que eu toco: As cabaças, o kora, xilofone. São variadíssimos tipos de instrumento que a gente aprendeu e adotou ao longo do tempo e executamos na música".

Portugal como segunda casa

O intérprete da música tradicional considera que esta faz parte da sua identidade e é isso que o diferencia dos outros músicos. "Ultimamente, devido à evolução tecnológica, as pessoas tendem a esquecer estes valores instrumentais e musicais, mas que nós sempre preservámos para fazer a diferença. Até agora, estamos a tentar dar realce a esses instrumentos, porque tem o seu valor histórico, tem um conteúdo forte e muita gente já começou a refletir sobre isso", diz.

Maio Coopé vive no Cacém, linha de Sintra, em PortugalFoto: João Carlos/DW

Maio Coopé, que canta desde criança, na altura das festas populares, perfaz uma carreira de quase 40 anos. Há 21 anos veio para Portugal, por ocasião da exposição mundial EXPO-98, mas em parte também empurrado pela crise político-militar na Guiné-Bissau. "Portugal serviu-me como base para eu poder expandir para outros países da Europa como a Holanda, Bélgica, França, Dinamarca e por aí fora", recorda.

Como crente que é, o artista admite que 2021 vai trazer algum oxigénio de esperança. Tudo dependerá da vacina e da evolução da pandemia. Um dos países onde já esteve e onde gostaria de apresentar o novo trabalho é a Alemanha, nomeadamente nas cidades de Colónia e Hamburgo, onde existe uma importante comunidade guineense. Na Guiné-Bissau, seu país natal, sonha com um "mega-concerto".

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