Organização japonesa anti-armas nucleares vence Nobel da Paz
11 de outubro de 2024O Prémio Nobel da Paz 2024 foi, esta sexta-feira (11.10), atribuído à organização japonesa Nihon Hidankyo, de sobreviventes das bombas atómicas lançadas há 79 anos pelos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki, anunciou o Comité Nobel norueguês.
A organização "recebe o prémio da paz pelos seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar, através de testemunhos, que as armas nucleares nunca mais devem ser utilizadas", afirmou o presidente do Comité Nobel norueguês, Jorgen Watne Frydnes.
Fundada em 10 de agosto de 1956, a Nihon Hidankyo defende "a assinatura de um acordo internacional para a proibição total e a eliminação das armas nucleares", segundo a página da organização na Internet.
Ao atribuir o prémio, o Comité Nobel advertiu contra o enfraquecimento do tabu da utilização de armas nucleares.
"Há quase 80 anos que nenhuma arma nuclear é utilizada numa guerra", afirmou o presidente do Comité Nobel. "É, por isso, alarmante verificar que, atualmente, este tabu contra a utilização de armas nucleares está sob pressão", afirmou.
O presidente do Comité Nobel, Jorgen Watne Frydnes, alertou que "as potências nucleares estão a modernizar e a atualizar" os arsenais, que novos países parecem estar a preparar-se para adquirir armas nucleares e que "estão a ser feitas ameaças" do seu uso em guerras em curso.
Em 2025, o mundo prepara-se para assinalar o 80.º aniversário dos dois primeiros bombardeamentos nucleares da história, que mataram 214.000 pessoas e precipitaram a rendição do Japão e o fim da Segunda Guerra Mundial (1936-1945). A primeira bomba atómica foi lançada sobre a cidade de Hiroshima em 06 de agosto de 1945, e a segunda em Nagasaki, três dias depois.
Organização "surpreendida"
Em reação, Toshiyuki Mimaki, o co-presidente da Nihon Hidankyo, manifestou-se surpreendido.
"Nunca imaginei que isto pudesse acontecer", disse aos jornalistas. O mesmo respnsável lembrou que as armas nucleares não são garantia de um mundo livre de conflitos e alertou para os conflitos em curso na Ucrânia e no Médio Oriente.
"Foi dito que, graças às armas nucleares, a paz seria mantida em todo o mundo. Mas as armas nucleares podem ser utilizadas por terroristas", afirmou.
"Por exemplo, se a Rússia as utilizar contra a Ucrânia e Israel contra Gaza, não se ficará por aí. Os líderes políticos devem estar conscientes deste facto", acrescentou Mimaki à imprensa.