1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

OMS criticada por nomear Mugabe embaixador da boa vontade

EFE | Lusa | AFP | Reuters
21 de outubro de 2017

Organização Mundial da Saúde justifica escolha por esforços feitos pelo Presidente do Zimbabué na luta contra o tabaco e doenças não transmissíveis. Ativistas acusam Robert Mugabe de sucatear o sistema de saúde do país.

Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, é alvo de sanções da ONU devido a violações de direitos humanosFoto: Getty Images/AFP/J. Njikizana

A nomeação do presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, como embaixador da boa vontade da Organização Mundial da Saúde (OMS)está a gerar indignação. Mugabe foi convidado esta semana pela organização, em anúncio feito no Uruguai, a promover a luta contra doenças não transmissíveis, como ataques cardíacos e asma em África. Ativistas, entretanto, consideram que o sistema de saúde do Zimbabué entrou em colapso durante o regime autoritário de Mugabe.

A OMS justificou que Mugabe fez esforços importantes na luta contra o tabaco e doenças não transmissíveis no país. "Um homem que apanha o avião para Singapura para tratamento médico, porque destruiu o sistema de saúde do Zimbabué é embaixador da boa vontade da OMS", criticou pelo Twitter o ativista e defensor dos direitos humanos no Zimbabué Doug Coltart.

O principal partido da oposição do Zimbabué, o MDC, considerou a nomeação "ridícula". "O sistema de saúde do Zimbabué está numa estado caótico, é um insulto", declarou Obert Gutu, porta-voz do partido.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, antiga potência colonial no Zimbabué, expressou preocupação ao diretor-geral da OMS expressando que a nomeação de Mugabe é "surpreendente e decepcionante, em particular à luz das sanções dos Estados Unidos e da União Europeia contra ele", informou um porta-voz. 

No Zimbabué, a maior parte dos hospitais tem falta de medicamentos e equipamentos, e enfermeiros e médicos ficam muitas vezes sem salários. Iain Levine, um dos diretores da organização não-governamental Human Rights Watch, apontou a escolha como "embaraçosa" para a OMS e para o diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que foi ministro da Saúde da Etiópia.

Falando em Montevidéu, o presidente da OMS saudou o Zimbábue como um país que coloca a "oferta universal de saúde" no centro de suas políticas de cuidados para todos.

Escolha não definitiva

A Federação Mundial do Coração, o Instituto de Pesquisa do Câncer do Reino Unido e outras 20 organizações emitiram um comunicado criticando a nomeação, dizendo que as autoridades de saúde estariam "chocadas e profundamente preocupadas" devido à "longa lista de violações dos direitos humanos" cometidas pelo regime de Mugabe.

Já em 2008, a associação de ajuda humanitária Médicos pelos Direitos Humanos havia divulgado um relatório documentando as falhas no sistema de saúde do Zimbabué. "O governo de Robert Mugabe presidiu a dramática reversão do acesso da população a alimento, água limpa, saneamento básico e cuidados de saúde", anunciou.

Mugabe também sofre sanções da ONU devido a abusos contra os direitos humanos em seu governo. Aos 93 anos, ele é atualmente o chefe de Estado mais velho do mundo e se encontra no poder desde a independência do país em 1980.

A nomeação de personalidades para chamar a atenção do público para o trabalho de agências da ONU não estão sujeitas à aprovação do secretário-geral das Nações Unidas, mas podem ser canceladas a qualquer momento.

Saltar a secção Mais sobre este tema
Saltar a secção Manchete

Manchete

Saltar a secção Mais artigos e reportagens da DW