Nova campanha para livrar a África Ocidental da poliomielite
AFP | Reuters | Lusa | tms
25 de março de 2017
Equipas preparam-se para vacinar 116 milhões de crianças nos países da África Ocidental e Central, especialmente na Nigéria, que ainda regista casos.
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Pelo menos 116 milhões de crianças serão vacinadas contra a poliomielite a partir da próxima semana em 13 países da África Ocidental e Central. A campanha, uma das maiores já realizadas no continente africano, faz parte de um conjunto de medidas para combater a doença na região.
Todas as crianças com menos de cinco anos de idade nos 13 países – Benin, Camarões, República Centro-Africana, Chade, Costa do Marfim, Guiné-Conacri, Libéria, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria e Serra Leoa – serão vacinadas contra a poliomielite, ou paralisia infantil, informaram a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) num comunicado conjunto.
As equipas de vacinação, que integram mais de 190 mil profissionais de saúde e voluntários, "trabalharão até 12 horas por dia, deslocando-se a pé e de bicicleta, muitas vezes com uma humidade sufocante e temperaturas superiores a 40 graus centígrados", assinalam.
O diretor de erradicação da poliomielite da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michel Zaffran, disse que este tipo de ação coordenada é necessário para alcançar a erradicação da doença em África.
Sobrevivente de poliomielite combate a doença na Nigéria
O especialista da OMS disse: "A epidemia de poliomielite no nordeste da Nigéria é, de fato, parte de uma grande crise humanitária. Esta parte do país é afetada por conflitos, insegurança, desnutrição, deslocamento de populações e as equipes de poliomielite estão trabalhando muito duro lá, coordenando com os trabalhadores humanitários para garantir que a vacina contra a pólio seja entregue juntamente com intervenções de saúde mais amplas".
O diretor de erradicação da poliomielite explicou que, enquanto o vírus permanecer no continente, continua a haver um risco para as crianças em todos os lugares.
Envolvimento da sociedade
De acordo com a OMS, o envolvimento total dos líderes políticos e comunitários em todos os níveis é considerado muito importante para o sucesso da campanha. É somente através da participação plena dessa liderança que todos os setores da sociedade civil são mobilizados para garantir que todas as crianças sejam atingidas, alerta a organização.
Matshidiso Moeti, diretora regional para África da OMS, lembra que Nelson Mandela lançou há 20 anos a campanha "Kick Polio Out of Africa", numa altura em que a poliomielite era endémica em todos os países e em que "mais de 75 mil crianças ficavam paralisadas anualmente devido à doença".
A vacina oral contra a poliomielite (bOPV) imuniza contra dois dos três sorotipos do poliovírus selvagem: 1 e 3. O poliovírus selvagem tipo 2 foi erradicado.
As cicatrizes invisíveis do ébola
O ébola já matou mais de 5 mil pessoas na África Ocidental, mais de metade delas na Libéria. Houve liberianos que perderam a família inteira.
Foto: DW/Julius Kanubah
Ausentes da fotografia
Faltam três pessoas nesta foto de família, diz Felicia Cocker, de 27 anos. O vírus do ébola matou o seu marido e dois dos seus cinco filhos: "A vida tem sido muito dura. Não tenho mais ninguém que me possa ajudar."
Foto: DW/Julius Kanubah
Autoridades falharam
Stephen Morrison perdeu sete irmãos e uma irmã. Ele diz que a culpa do alastramento da doença na Libéria é a falta de informação e os rituais fúnebres tradicionais. "Os meus familiares começaram a morrer depois do falecimento de um idoso", conta. "Na altura, não sabíamos que era ébola. Por todo o lado se negava o surto."
Foto: DW/Julius Kanubah
Um depois do outro
"Eu e três crianças – fomos os únicos a sobreviver", conta Ma-Massa Jakema. Antes da epidemia ela vivia com 13 familiares. O vírus matou a sua irmã mais velha e o seu irmão mais novo, seis sobrinhas e sobrinhos, além de outros parentes afastados. "Morreu tanta gente, é horrível", diz Jakema.
Foto: DW/Julius Kanubah
Futuro incerto
"Não sei como vai ser agora", diz Amy Jakayma. "Primeiro morreu a minha tia, depois o meu marido e os meus filhos. A minha vida está virada do avesso – perdi a família inteira."
Foto: DW/Julius Kanubah
Desespero
Massah S. Massaquoi chora ao lembrar os familiares que morreram infetados com o vírus do ébola. "É difícil viver assim. Eu sobrevivi – fui uma das únicas a sobreviver na minha família mais próxima. Agora estou a viver com o meu avô." Massah perdeu o filho, a mãe e o tio.
Foto: DW/Julius Kanubah
Discriminação
Princess S. Collins, de 11 anos, mora na capital liberiana, Monróvia. Sobreviveu ao ébola mas o vírus roubou-lhe a mãe, o tio e o irmão. Mas agora "os vizinhos começaram a apontar para nós e a chamar-nos de 'doentes com ébola'".
Foto: DW/Julius Kanubah
Ébola também destrói futuros
Mamie Swaray (esq.) tem 15 anos de idade. Na verdade, ela devia estar na escola, mas o tio morreu infetado com o vírus do ébola e, por isso, não tem mais ninguém que lhe possa pagar as propinas escolares. Swaray sobreviveu ao ébola mas agora o seu futuro é incerto.
Foto: DW/Julius Kanubah
"Vontade de Deus"
Oldlady Kamara vive no bairro de Virginia, na zona ocidental de Monróvia. 17 membros da sua família morreram infetados com o vírus do ébola, incluindo o seu marido. "É horrível mas não posso fazer nada contra. É a vontade de Deus", diz Kamara. Ela contraiu ébola mas está muito grata por ter sido tratada num centro de saúde.
Foto: DW/Julius Kanubah
Obrigada aos médicos
Bendu Toure acaba de ter alta do centro de tratamento. O seu corpo conseguiu combater o vírus. Ela contraiu o ébola a partir da sua irmã. Toure cuidou dela até ela morrer. O seu irmão também faleceu. Apesar de tudo, Toure está bastante grata aos médicos: "Estou tão contente por poder sair daqui. Todos os dias tinha de assistir a mortes."