Moçambicanos preparam-se para pagar uma nova taxa de eletricidade, cujo valor ainda não se sabe, mas que já está a ser alvo de críticas por parte dos consumidores.
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Os moçambicanos terão de apertar ainda mais o cinto. Vem aí a nova taxa de electricidade, que deverá ser aprovada no final deste mês de novembro pelo Conselho de Ministros.
A nova taxa está incluída na proposta de revisão da Lei de Eletricidade, que está no processo de auscultação pública.
O Governo quer que esta taxa financie o alargamento da rede elétrica, para que todos os moçambicanos tenham acesso à energia até 2030, segundo a diretora do Gabinete Jurídico do Ministério dos Recursos Minerais e Energia, Marcelina Joel.
"Eventualmente essa taxa também, alguma percentagem dela, para além de atender a questão da expansão, irá atender a essa questão de iluminação pública. Então a adição dessa taxa não é arbitrária, é mesmo para responder a uma situação que nos preocupa hoje".
Consumidores contra nova taxa
A taxa de eletrificação deverá ser paga pelos consumidores singulares, que constituem 90 por cento dos clientes da empresa pública, Eletricidade de Moçambique. E são estes consumidores que se sentem sacrificados com a nova taxa.Alcino Manhiça, marceneiro, queixa-se de ter que pagar uma taxa pela má qualidade de energia. "Primeiro é a qualidade. Há cortes frequentes de energia. Por causa dos cortes, chegamos a perder os eletrodomésticos. Eu tenho um contador que, quando a energia é fraca, corta a corrente. Agora, aumentar a taxa sem qualidade nada significa para mim".
Nova taxa de electricidade para aumentar a rede agita moçambicanos
Qualidade é fraca
Amália Chiango, comerciante, também diz não fazer sentido que seja paga a taxa de energia, porque a qualidade é muito fraca.
"Se a alguém tem geleira tende comprar mais. Não é fácil ter congelador e geleira porque para usar é difícil devido a qualidade. Há muitos produtos que se estragam dentro do congelador. Vai ser difícil, porque mesmo para assistir a televisão é difícil. As lâmpadas? Vale a pena ter vela".
Para Joaquim Carlos, funcionário do Estado, as taxas que os moçambicanos estão a pagar resultam da dívida pública.
"Há várias situações que motivam que a vida seja complexa. Primeiro devido a questão da dívida pública, que é um dos aspetos que colocou este cenário e além disso as próprias políticas orçamentais que têm a ver com salários, então isso tem tido uma má contribuição para a sociedade moçambicana".
Em Moçambique apenas cerca de 30 por cento da população, estimada em 28 milhões de habitantes, tem acesso a energia elétrica.
As maiores barragens de África
Nilo, Congo, Zambeze: os rios africanos guardam grande potencial para a produção de energia. Os governos reconhecem isso e apostam cada vez mais em megaprojetos. Um panorama das maiores centrais hidroelétricas de África.
Foto: William Lloyd-George/AFP/Getty Images
Grande Represa do Renascimento, na Etiópia
No sudoeste da Etiópia, está a ser erguida aquela que será a maior barragem de África. A construção da Grande Represa do Renascimento começou em 2011 e deve ser concluída em 2017. A barragem localiza-se perto da fronteira com o Sudão, no Nilo, e terá uma potência de 6.000 megawatts (MW). O reservatório será um dos maiores do continente, com capacidade para armazenar 63 quilômetros cúbicos de água.
Foto: William Lloyd-George/AFP/Getty Images
Represa Alta de Assuão, no Egito
A Represa Alta de Assuão é atualmente a barragem mais potente de África. Está localizada perto da cidade de Assuão, no sul do Egito. O lago atrás da barragem pode armazenar até 169 quilómetros cúbicos de água. Seu maior afluente é o Rio Nilo. As turbinas têm uma capacidade de 2.100 megawatts. A construção durou onze anos e a inauguração foi em 1971.
Uma das maiores barragens do mundo está localizada na província de Tete. A hidroelétrica Cahora Bassa, no rio Zambeze, tem uma potência de 2.075 megawatts, pouco menos que a Represa Alta de Assuã, no Egito. A maior parte da energia gerada é exportada para a África do Sul. No entanto, sabotagens durante a guerra civil impediram a produção de eletricidade por mais de dez anos, a partir de 1981.
Foto: DW/M. Barroso
Represa Gibe III, na Etiópia
A barragem Gilgel Gibe III fica 350 quilômetros a sudoeste da capital etíope, Addis Abeba. Foi concluída em 2016 e pode gerar um máximo de 1.870 megawatts, tornando-se a terceira maior barragem em África. A construção durou quase nove anos e foi financiada a 60% pelo Banco de Exportação e Importação da China, China Exim Bank.
Foto: Getty Images/AFP
Kariba, entre a Zâmbia e o Zimbabué
A barragem de Kariba fica na garganta do rio Zambeze, entre a Zâmbia e o Zimbabué. Tem 128 metros de altura e 579 metros de comprimento. Cada país tem sua própria central eléctrica. A estação norte, da Zâmbia, tem capacidade total de 960 megawatts. A estação sul, do Zimbabué, tem capacidade total de 666 megawatts. As obras de expansão em 300 megawatts começaram em 2014 e devem terminar em 2019.
Foto: dpa
Inga I e Inga II na RDC
As barragens Inga consistem de duas represas. Inga I tem capacidade para produzir 351 megawatts e Inga II, 1424 megawatts. Foram encomendadas em 1972 e 1982, como parte do plano de desenvolvimento industrial do ditador Mobutu Sese Seko. Mas, atualmente, atingem apenas 50% de seu potencial energético.
Foto: picture-alliance/dpa
Inga III
Inga I e Inga II localizam-se perto da foz do rio Congo e ligadas às cataratas Inga. O governo congolês já planeia o lançamento de Inga III, com custo de 13 mil milhões de euros e capacidade de 4.800 megawatts. Juntas, as três barragens seriam a central hidroelétrica mais potente de África.
Merowe no Sudão
O Sudão também depende fortemente de energia eólica com duas grandes barragens no país: Merowe no Rio Nilo (na foto) tem uma capacidade de 1.250 MW e foi construída por uma empresa chinesa. Ainda maior é a barragem de Roseires no Nilo Azul, que desde a sua construção em 1966 foi várias vezes ampliada e conta atualmente com turbinas que têm uma potência total de 1.800 MW.
Foto: picture-alliance/dpa
Akosombo, no Gana
A oitava maior barragem de África é Akosombo, no Gana. Construída na garganta do Rio Volta, a represa teve como resultado o Lago Volta - o lago artificial do mundo, com área de 8.502 quilómetros quadrados. As seis turbinas têm uma capacidade combinada de 912 megawatts. Além de gerar eletricidade, a barragem também protege contra inundações.
Foto: picture-alliance / dpa
Represa Tekezé, na Etiópia
Outra represa grande de África está localizada na Etiópia. A barragem Tekeze encontra-se entre as regiões de Amhara e Tigré. Apesar de seus impressionantes 188 metros de altura, a capacidade máxima da hidrelétrica é de 300 megawatts e, assim, apenas um vigésimo da potência da Grande Represa do Renascimento. A represa entrou em funcionamento em 2009.