Novas denúncias sobre turismo sexual na Guiné-Bissau
10 de novembro de 2023Na Guiné-Bissau, ressurgiram as denúncias sobre o alegado turismo sexual praticado nas Ilhas Bijagós, envolvendo supostamente menores de 18 anos de idade.
As Ilhas Bijagós são um dos pontos mais procurados pelos turistas que visitam a Guiné-Bissau e mesmo no período da pandemia da Covid-19, as unidades hoteleiras do arquipélago estiveram sobrelotadas, devido a crescente procura dos turistas.
Mas supostas práticas de turismo sexual, envolvendo meninas oriundas de vários pontos do país, estão a criar alarme na região.
Em 2017, a secretaria de Estado do Turismo emitiu um despacho que proibia a entrada de raparigas não acompanhadas nos hotéis do arquipélago. Mas o presidente da Associação de Jovens, Filhos e Amigos das Ilhas de Bubaque, Samba Baldé, denuncia que a medida está a ser ignorada. "A prática de turismo sexual prevalece," conta.
Samba Baldé explica que a suposta prática envolve meninas oriundas de Bissau e de outras partes do país com destaque para as Ilhas Bijagós. "Aqui em Bubaque é o palco central de toda essa situação. Por exemplo, isso verifica-se com a abertura turística, de 15 de outubro a 15 de maio".
A Associação denunciante culpa os pais por não sensibilizarem as filhas, mas também as autoridades, por nada fazerem para pôr fim à prática.
Samba Baldé afirma que a delegacia do turismo em Bubaque não se preocupa em saber dos casos, apesar das denúncias do envolvimento de menores de 18 anos.
Práticas antigas
"Eles só se importam com a cobrança do imposto turístico aos hotéis. Mas todos os trabalhadores de diferentes hotéis confirmaram que as meninas menores de 18 anos têm frequentado nestes lugares, e isso é grave", lamenta.
As denúncias não são recentes. Também em 2021, a Rede de Crianças e Jovens Jornalistas (RCJJ) tinha denunciado o alegado turismo sexual infantil nas Ilhas Bijagós. Na altura, a rede informou que as meninas eram aproveitadas supostamente pelos proprietários dos estabelecimentos hoteleiros, devido à precariedade de condições da comunidade local.
O jurista Cabi Sanhá lamenta o alegado desinteresse das autoridades sobre o assunto. Sanhá questiona a falta de uma legislação especifica para eliminar a prática.
A fonte sublinhou que "não é segredo para ninguém, mesmo para o Estado da Guiné-Bissau, que este fenómeno está a crescer e a ganhar contornos preocupantes, isto porque não existe nenhuma legislação para o seu combate.”
O jurista destaca o crescimento do setor turístico e lamenta a falta do que considera "medida compensatória, do ponto de vista legal e social, para mitigar os efeitos nocivos do próprio turismo."
O jurista Cabi Sanhá adverte que sobre as consequências nefastas da prática do turismo sexual na Guiné-Bissau, "queremos o turismo, sim senhor, mas um turismo limpo e saudável. O turismo sexual, de facto, complica todo o tecido social".
A DW África tentou, sem sucesso, ouvir a Secretária de Estado de Turismo sobre o caso.