Novas tarifas dos transportes em Maputo desagradam utentes
Leonel Matias (Maputo)
1 de dezembro de 2018
Agravamento das passagens de comboios urbanos e interurbanos na capital moçambicana varia entre 14% e 40%. Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique diz que ajuste é necessário para melhorar a qualidade dos serviços.
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Viajar de comboio ficará mais caro a partir deste sábado (01.12) no sul de Moçambique. Utentes destes serviços consideram que o agravamento das tarifas vem a tornar a vida dos cidadãos ainda mais difícil.
A empresa pública Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique(CFM) aumentou as passagens dos comboios urbanos e interurbanos na cidade de Maputo entre 14% e 40%. As novas tarifas abrangem os seis percursos de transporte de passageiros com ligação à capital.
O maior aumento será nas viagens de comboios entre Maputo e Matola Gare, no município mais povoado do país. A tarifa vai passar de cinco para sete meticais, o correspondente a um aumento de 0,07 para 0,10 euros.
Novas tarifas dos transportes em Maputo desagradam passageiros
O aumento mais reduzido será aplicado na viagem de Maputo para Chicualacuala, numa distância de cerca de 500 quilômetros, que passa a custar 208 meticais, o equivalente a cerca de três euros.
A CFM justifica a introdução da nova tarifa com a necessidade de melhorar continuamente a prestação dos serviços de transporte de passageiros. A empresa refere que a tarifa não era reajustada há 13 anos.
Ainda este sábado entraram em vigor novas tarifas do Metrobus, o sistema integrado de transporte de autocarros e comboios na região metropolitana de Maputo. O aumento varia entre 28% e 31%. O bilhete de passagem de comboio vai passar de 29 para 38 meticais, o correspondente a um aumento de 0,41 para 0,54 euros.
A empresa privada que faz a gestão deste sistema, a Fleetrail, justifica o agravamento das passagens afirmando que esta a financiar o custo do bilhete em 80%.
Impacto do agravamento
Em Moçambique, os comboios têm um forte impacto na vida das populações, pois servem não apenas para o transporte de pessoas e bens, mas também garantem o escoamento da produção agrícola do campo para a capital.
Milhares de trabalhadores dependem diariamente do comboio para se deslocarem ao serviço na capital. Manuela Manuel vive em Kobwe, na cidade da Matola, e trabalha em Maputo na zona do Museu. Para chegar ao trabalho, precisa apanhar o Metrobus. A moçambicana lamenta que os novos aumentos estejam a ocorrer justamente no mês de dezembro, numa altura em que todos os preços têm tendência de subir. "Só este preço atual já é puxado", diz.
Salvador Xavier reside na Matola Gare e tem que viajar todos os dias de comboio para trabalhar na baixa de Maputo. "Mesmo agora, para pagar os cinco meticais, está a se tornar um bocadinho difícil. Nós não dependemos só do comboio. Apanhamos o comboio, descemos num certo ponto, depois temos que apanhar alguns chapas (transporte semicoletivo de passageiros) para chegar à nossa casa", afirma.
Monteiro Sitoi considera que o agravamento da tarifa se justifica, pois os comboios da CFM com ligação à cidade de Maputo continuarão a estar entre os meios de transporte mais baratos no país. "Acredito que se ajusta aquilo que são as despesas. Os serviços prestados pela operadora facilita-nos muito", sublinha.
Julião de Mateus trabalha numa empresa de limpeza na zona do Museu na cidade de Maputo para onde se desloca a partir do bairro da Liberdade, na Matola. Ele afirma que o comboio continua a ser o meio de transporte mais seguro e económico para se deslocar diariamente ao posto de trabalho.
"Viajando de comboio levo 30 a 40 minutos para chegar a casa, quando de chapa chego a levar mesmo duas horas por causa do engarrafamento", diz.
Já Sidonio Langa, que trabalha igualmente na baixa de Maputo e viaja diariamente no Metrobus para o serviço, o agravamento não é benéfico. "Qualquer mexida naquilo que é o bolso do cliente não é saudável", afirma.
País pobre com táxis de luxo
Táxis e autocarros da Mercedes-Benz definem o cenário nas ruas de Bissau. Quase todos os taxistas deste país pobre conduzem viaturas da construtora alemã de carros topo da gama, sobretudo modelos a gasóleo dos anos 80.
Foto: DW/B. Darame
Táxis da Mercedes-Benz por todo o lado em Bissau
Nas estradas da Guiné-Bissau, país situado na África Ocidental, prevalecem carros da marca Mercedes-Benz. Apesar deste ser um dos países mais pobres do mundo, ocupando a 12ª posição a contar do fim no índice de desenvolvimento humano das Nações Unidas, quase todos os taxistas conduzem viaturas da Daimler, construtora alemã de carros topo da gama.
Foto: DW/B. Darame
Modelos resistentes a gasóleo
Os modelos mais resistentes são também os mais procurados. Ao contrário dos modelos modernos, os mais antigos podem ser reparados pelos proprietários e condutores sem conhecimentos de informática. Quase a totalidade dos transportes públicos de Bissau, com os seus 400 000 habitantes, é operada com táxis coletivos e mini-autocarros da marca Mercedes-Benz.
Foto: DW/B. Darame
Amado conduz este Mercedes-Benz desde 1999
Um tio que emigrou para a Alemanha em 1997 enviou este Mercedes para Bafatá, no leste do país, para apoiar a família. Em 1999, o carro foi levado para a capital, Bissau. Desde então serve de ganha-pão ao taxista Amado. As receitas chegam para pagar o almoço e o jantar a toda a família.
Foto: DW/B. Darame
Todos os táxis são táxis coletivos
Tal como todos os taxistas em Bissau, também Amado recolhe sempre vários passageiros que querem ir mais ou menos para o mesmo lado. Os táxis de Bissau estão quase sempre em movimento. Se ainda há um lugar livre, pode-se mandar parar o táxi. Mas o destino deve ser próximo daquele dos restantes passageiros. Também é possível ter o uso exclusivo do táxi, mas é mais caro.
Foto: DW/B. Darame
Painéis dos anos 80
Uma apreciação do interior da viatura revela instrumentos clássicos dos anos 80. Este é o interior de um modelo 190D da série Mercedes-Benz W201. Entre 1982 e 1993 foram produzidos cerca de 1,8 milhões de exemplares deste predecessor da atual classe C. Olhando com atenção deteta-se no lado direito da imagem uma bandeira alemã. Este género de símbolos é muito popular entre os taxistas.
Foto: DW/B. Darame
Oficina da rua
Muitos táxis já têm mais de um milhão de quilómetros de rodagem, e, por isso, sofrem de numerosos defeitos. A reparação torna-se assim num negócio rentável, no qual se especializaram várias oficinas da rua. Sobretudo os jovens aprendem aqui como reparar os modelos da Mercedes-Benz, ocupação que lhes garante o sustento.
Foto: DW/B. Darame
Carros canibalizados
Hoje em dia é fácil obter em Bissau todas as peças sobressalentes dos modelos mais comuns da Mercedes-Benz. Elas não são importadas da Alemanha, mas extraídas dos numerosos táxis cujas carroçarias já não resistem ao uso. As viaturas são canibalizadas e usadas como depósito de peças de reposição. Neste caso foi extraído o bloco completo do motor para ser inserido noutro táxi.
Foto: DW/B. Darame
Investimento conjunto
Sete guineenses juntaram-se para comprar este táxi Mercedes-Benz. Com a matrícula, 42-11-CD, é um dos táxis mais conhecidos da cidade. No fim do mês, o condutor paga o aluguer aos proprietários. Quando o negócio anda de vento em popa, sobra o equivalente a 75 euros para cada um. O que na Guiné-Bissau é uma pequena fortuna. O rendimento médio per capita no país é inferior a 50 euros mensais.
Foto: DW/B. Darame
O modelo para carreiras de longo curso
O modelo 240TD da série 123 foi construído de 1975 a 1986, e é conhecido pelo nome de "sete plass" (sete lugares) na Guiné-Bissau. Este carro é considerado muito resistente e usado, sobretudo, para carreiras de longo curso. Este táxi coletivo faz a carreira de Bissau para Ziguinchor, na Casamansa (Casamance), no vizinho Senegal. A publicidade no para-brisas revela a sua origem.
Foto: DW/B. Darame
Furgonetas da Mercedes para rotas fixas
Enquanto os pequenos táxis coletivos têm rotas flexíveis, as grandes furgonetas da Mercedes-Benz cumprem carreiras fixas. É o caso deste mini-autocarro do tipo 210D ("Mercedes Transporter"), chamado de "toca-toca", que faz a ligação entre o centro da cidade o Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira em Bissau, como se pode ler na placa que diz “Aeroporto”.
Foto: DW/B. Darame
Miríade de tipos
Também há vários tipos de mini-autocarros, mas a preferência dos motoristas pelos modelos da Mercedes-Benz é evidente. Os carros desta marca têm a fama de ser resistentes. O furgão do tipo 210D foi construído na fábrica de Bremen, no norte da Alemanha, entre 1977 e 1995. Deste modelo de nome “Bremer Transporter” foram fabricados 970.000 unidades. Hoje ele é construído sob licença na Índia.
Foto: DW/B. Darame
A importação é sempre de segunda mão
Tanto as furgonetas amarelas e azuis que servem de mini-autocarro como os táxis azuis e brancos são geralmente importados em segunda mão. Normalmente os carros oriundos da Europa entram em África via Banjul, cidade portuária na vizinha Gâmbia. Daí seguem via sul do Senegal e norte da Guiné-Bissau para a capital, Bissau. Onde são pintados nas cores típicas.
Foto: DW/B. Darame
Parte integrante do cenário de Bissau
Na imagem, vários táxis pintados em azul e branco seguem numa estrada secundária de terra batida em Bissau. Os táxis da Mercedes-Benz são hoje parte integrante do cenário da capital da Guiné-Bissau. Como as viaturas são muito resistentes e fáceis de reparar, é muito provável que os modelos dos anos 80 e do início da década 90 ainda possam ser admirados por muito tempo nas ruas de Bissau.