Novo ataque provoca quatro mortos no norte de Moçambique
Lusa
8 de julho de 2018
Um novo ataque de um grupo armado provocou quatro mortos e deixou uma pessoa ferida com gravidade, no sábado (07.07) à noite, numa aldeia remota de Cabo Delgado, província do norte de Moçambique.
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O ataque aconteceu na aldeia de Macanca - Nhica do Rovuma, pertencente ao posto administrativo de Pundanhar e ao distrito de Palma, disseram fontes locais à agência de notícias Lusa. O grupo incendiou cinco casas da aldeia, acrescentaram.
O posto administrativo ao qual a aldeia pertence está situado a cerca de 60 quilómetros a sudeste da vila de Palma, acessível por caminhos de terra batida.
O último ataque tinha acontecido em 22 de junho em Manganja, uma aldeia 15 quilómetros a sudeste de Palma. Só na mais recente vaga de violência, desde 27 de maio, morreram pelo menos 33 habitantes, 11 supostos agressores e dois elementos das forças de segurança, segundo números das autoridades e testemunhos da população à Lusa.
Povoações remotas da província têm sido saqueadas com violência por desconhecidos nos últimos noves meses. Os grupos invadem as casas de construção precária com catanas em busca de gado, comida, dinheiro e bens. Têm provocado um número indeterminado de mortes, algumas com recurso a metralhadoras, além de incendiarem parte das povoações.
Ataques começaram em Mocímboa da Praia
A onda de ataques teve início em Mocímboa da Praia com um grupo armado que integrava alguns elementos de um grupo muçulmano que ocupava uma mesquita da vila e defendia que a lei islâmica devia sobrepor-se ao Estado de direito.
Os grupos que têm atacado as aldeias nunca fizeram nenhuma reivindicação nem deram a conhecer as suas intenções. Os ataques acontecem numa altura em que avançam os investimentos de companhias petrolíferas em gás natural na região, mas sem que até agora tenham entrado no perímetro reservado aos empreendimentos.
Relatórios de investigadores notam que há redes criminosas internacionais ligadas ao tráfico de heroína, marfim, rubis e madeira que estão presentes há vários anos na província de Cabo Delgado e sugerem que a onda de violência esteja ligada a essas redes.
As autoridades têm anunciado centenas de detenções e referem que os supostos agressores estão fragilizados, mas sem qualquer esclarecimento adicional sobre as razões da onda de violência.
Os ataques têm provocado vagas de centenas de deslocados internos que procuram refúgio nas sedes de distrito mais próximas (Palma, Mocímboa da Praia, Macomia, ilha do Ibo e Quissanga).
Pemba: degradação em tempos de boom
Apesar do crescimento económico causado pelas descobertas de gás no norte de Moçambique, os edifícios históricos de Pemba continuam degradados. Os investimentos vão à construção de novos edifícios e não à reabilitação.
Foto: DW/E. Silvestre
Casas históricas em ruínas
Apesar do crescimento económico causado pelas descobertas de gás no norte de Moçambique, os edifícios do centro histórico de Pemba continuam degradados. Os investimentos vão à construção de novos edifícios e não à reabilitação. A degradação não poupa prédios com elevado valor histórico como esta casa, que foi na era colonial e até 1979 a residência do governador da província de Cabo Delgado.
Foto: Eleutério Silvestre
Mercado central de Pemba
O mercado localiza-se na cidade baixa da cidade desde 1940. Foi uma atração turística de Pemba, que em tempos coloniais era chamada Porto Amélia. Os números e as letras na placa por cima da fachada da entrada, resistem as intempéries naturais e ainda testemunham o quanto foi importante o mercado para os colonos portugueses.
Foto: Eleutério Silvestre
Negócio parado: as bancas do mercado
Nestas bancas simples eram expostos cereais, leguminosas e outros produtos alimentares. Antes do total abandono nos anos 2000, o mercado era frequentado por cidadãos da classe média de diferentes bairros de Pemba, atraídos pelo nível de higiene que caraterizava na exposição dos produtos. Vendia-se o melhor peixe e a melhor carne da cidade de Pemba.
Foto: Eleutério Silvestre
Abandono total: o cinema de Pemba
O cinema de Pemba, localizado na periferia da cidade baixa, era o único da cidade. Até 1990, eram projetados filmes na sala: das 14 às 16 horas os filmes para menores e das 17 às 21 horas as longas metragens para maiores de 18 anos. O cinema era ponto de encontro de cidadãos de diferentes idades de Pemba. O edifício funcionou também como ginásio de 2008 a 2012.
Foto: Eleutério Silvestre
Novas construções na vizinhança
Em vez de renovar e adaptar edifícios históricos já existentes, constroem-se novos prédios em Pemba, a capital da província moçambicana de Cabo Delgado. Este projeto do anfiteatro de Pemba é fruto de uma parceria público privada, entre o Hotel Wimbe Sun e o Conselho Municipal de Pemba. Mais um exemplo de que os investimentos vão para a construção e não para a reabilitação.
Foto: DW/E. Silvestre
Construir de raiz em vez de reabilitar
Mesmo para escritórios, que facilmente poderiam ser instalados em prédios históricos renovados, a opção preferida é construir de raiz. Assim sendo, o "boom" económico causado pela descoberta de grandes quantidades de gás na Bacia do Rovuma na província de Cabo Delgado não beneficia o centro histórico da cidade de Pemba. Este edifício é destinado para albergar uma filial bancária.
Foto: DW/E. Silvestre
Antiga delegação da Cruz Vermelha
Esta casa localiza-se na principal via de acesso à cidade baixa de Pemba. Serviu em regime de arrendamento como primeira delegação da Cruz Vermelha na província. A partir deste edifício, a Cruz Vermelha desencadeou ações humanitárias durante a guerra civil de Moçambique. Em 1999, a Cruz Vermelha de Moçambique abandonou a casa e mudou para infraestruturas próprias modernas.
Foto: Eleutério Silvestre
Armazém histórico de Pemba
Este armazém na cidade baixa faz parte dos edifícios históricos abandonados. Durante a guerra civil, serviu para o armazenamento de alimentos. Foi aqui que os residentes do bairro mais antigo de Pemba, Paquitequete, compravam produtos de primeira necessidade. Teve um papel muito importante durante a emergência de fome que assolou a população de Pemba durante a guerra civil no ano de 1980.
Foto: Eleutério Silvestre
Porto de Pemba
Quando o centro histórico está em degradação, uma das zonas mais dinámicas de Pemba é o porto. Do lado direito, as antigas instalações, do lado esquerdo a zona de ampliação destinada a carga do material da exploração do gás. O cais flutuante foi construído pela empresa francesa Bolloré. A esperança é que o boom do gás ajuda a reabilitar para além do porto também os edifícios históricos de Pemba.