Novo ataque terá provocado mais mortes em Cabo Delgado
Lusa | tms
5 de junho de 2018
Um ataque de um grupo armado à localidade de Naunde, distrito de Macomia, na província Cabo Delgado, no norte de Moçambique, terá provocado a morte de pelo menos seis pessoas na madrugada desta terça-feira (05.06).
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A informação é de residentes da aldeida de Naunde, que afirmaram à agência de notícias Lusa que, além das vítimas fatais, a ação do grupo também resultou na destruição de várias casas.
A maioria das pessoas conseguiu fugir, mas pelo menos duas morreram queimadas, referiu um dos residentes na região. Outras quatro morreram ao serem atacadas com catanas, já durante a fuga. Segundo as mesmas fontes, foram ainda incendiadas várias barracas de comércio e dois carros de transporte coletivo.
Há ainda relatos de que vários medicamentos terão sido roubados de um centro de saúde que foi também vandalizado. A aldeia é um local sem eletricidade e sem outras infraestruturas, onde as habitações são feitas de materiais tradicionais como blocos de adobe.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) referiu à agência Lusa que está a fazer o levantamento da situação em Naunde e remeteu mais informação para uma conferência de imprensa a realizar esta tarde.
Ataques
O ataque relatado pelos residentes é mais a povoações remotas do meio rural da província de Cabo Delgado, depois de noutras incursões, há uma semana, 10 habitantes terem sido decapitados. Desde outubro de 2017, a província tem sido alvo dos grupos armados, causando um número indeterminado de mortes e deslocados.
Um estudo divulgado em maio, em Maputo, aponta a existência de redes de comércio ilegal na região e a movimentação de grupos radicais islâmicos, oriundos de países a norte, como algumas das raízes da violência.
Diversos investimentos estão a avançar na província para exploração de gás natural dentro de cinco a seis anos, no mar e em terra, com o envolvimento de algumas das grandes petrolíferas mundiais.
Apoio congolês
Entretanto, o comandante-geral da Polícia moçambicana, Bernardino Rafael, anunciou que a República Democrática do Congo (RDC) vai apoiar Moçambique a combater grupos armados que têm atacado civis em distritos de Cabo Delgado.
Os comandantes-gerais da polícia dos dois países estiveram reunidos em Luanda, capital angolana, para apresentar o ponto de situação em relação às ações de grupos armados nos dois territórios, segundo Bernardino Rafael, citado hoje pelo diário Notícias.
O responsável falava à margem de uma reunião de chefe de polícia da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) que decorre na capital angolana. "Moçambique está há oito meses com este problema e a RDC há dois anos. Uma segunda reunião está agendada para breve, de modo a alinharmos posições para melhor combater estes malfeitores", referiu Bernardino Rafael.
Pemba: degradação em tempos de boom
Apesar do crescimento económico causado pelas descobertas de gás no norte de Moçambique, os edifícios históricos de Pemba continuam degradados. Os investimentos vão à construção de novos edifícios e não à reabilitação.
Foto: DW/E. Silvestre
Casas históricas em ruínas
Apesar do crescimento económico causado pelas descobertas de gás no norte de Moçambique, os edifícios do centro histórico de Pemba continuam degradados. Os investimentos vão à construção de novos edifícios e não à reabilitação. A degradação não poupa prédios com elevado valor histórico como esta casa, que foi na era colonial e até 1979 a residência do governador da província de Cabo Delgado.
Foto: Eleutério Silvestre
Mercado central de Pemba
O mercado localiza-se na cidade baixa da cidade desde 1940. Foi uma atração turística de Pemba, que em tempos coloniais era chamada Porto Amélia. Os números e as letras na placa por cima da fachada da entrada, resistem as intempéries naturais e ainda testemunham o quanto foi importante o mercado para os colonos portugueses.
Foto: Eleutério Silvestre
Negócio parado: as bancas do mercado
Nestas bancas simples eram expostos cereais, leguminosas e outros produtos alimentares. Antes do total abandono nos anos 2000, o mercado era frequentado por cidadãos da classe média de diferentes bairros de Pemba, atraídos pelo nível de higiene que caraterizava na exposição dos produtos. Vendia-se o melhor peixe e a melhor carne da cidade de Pemba.
Foto: Eleutério Silvestre
Abandono total: o cinema de Pemba
O cinema de Pemba, localizado na periferia da cidade baixa, era o único da cidade. Até 1990, eram projetados filmes na sala: das 14 às 16 horas os filmes para menores e das 17 às 21 horas as longas metragens para maiores de 18 anos. O cinema era ponto de encontro de cidadãos de diferentes idades de Pemba. O edifício funcionou também como ginásio de 2008 a 2012.
Foto: Eleutério Silvestre
Novas construções na vizinhança
Em vez de renovar e adaptar edifícios históricos já existentes, constroem-se novos prédios em Pemba, a capital da província moçambicana de Cabo Delgado. Este projeto do anfiteatro de Pemba é fruto de uma parceria público privada, entre o Hotel Wimbe Sun e o Conselho Municipal de Pemba. Mais um exemplo de que os investimentos vão para a construção e não para a reabilitação.
Foto: DW/E. Silvestre
Construir de raiz em vez de reabilitar
Mesmo para escritórios, que facilmente poderiam ser instalados em prédios históricos renovados, a opção preferida é construir de raiz. Assim sendo, o "boom" económico causado pela descoberta de grandes quantidades de gás na Bacia do Rovuma na província de Cabo Delgado não beneficia o centro histórico da cidade de Pemba. Este edifício é destinado para albergar uma filial bancária.
Foto: DW/E. Silvestre
Antiga delegação da Cruz Vermelha
Esta casa localiza-se na principal via de acesso à cidade baixa de Pemba. Serviu em regime de arrendamento como primeira delegação da Cruz Vermelha na província. A partir deste edifício, a Cruz Vermelha desencadeou ações humanitárias durante a guerra civil de Moçambique. Em 1999, a Cruz Vermelha de Moçambique abandonou a casa e mudou para infraestruturas próprias modernas.
Foto: Eleutério Silvestre
Armazém histórico de Pemba
Este armazém na cidade baixa faz parte dos edifícios históricos abandonados. Durante a guerra civil, serviu para o armazenamento de alimentos. Foi aqui que os residentes do bairro mais antigo de Pemba, Paquitequete, compravam produtos de primeira necessidade. Teve um papel muito importante durante a emergência de fome que assolou a população de Pemba durante a guerra civil no ano de 1980.
Foto: Eleutério Silvestre
Porto de Pemba
Quando o centro histórico está em degradação, uma das zonas mais dinámicas de Pemba é o porto. Do lado direito, as antigas instalações, do lado esquerdo a zona de ampliação destinada a carga do material da exploração do gás. O cais flutuante foi construído pela empresa francesa Bolloré. A esperança é que o boom do gás ajuda a reabilitar para além do porto também os edifícios históricos de Pemba.