Novo diretor do CIP nega relações com a Frelimo
1 de outubro de 2012O Centro de Integridade Pública de Moçambique (CIP), órgao sem fins lucrativos cujo objetivo é a promoção da integridade, transparência, ética, boa governação na esfera pública e defesa dos direitos humanos, como esclarece o site do órgão, tem um novo diretor.
Adriano Nuvunga substitui Marcelo Mosse que teria deixado a instituição por motivos de saúde. A imprensa moçambicana está a tratar o tema com atenção devido as supostas ligações políticas que Nuvunga teria com a Frelimo, o partido no poder. Recorda-se que o CIP é uma entidade de direito privado, não partidária e prestigiada a nível nacional e internacional devido a fiscalização que faz ao governo. Em 2014, Moçambique pretende organizar eleições gerais para escolher um novo chefe de Estado.
À DW África, o novo diretor do CIP disse que não há com o que se preocupar porque a principal meta da instituição continuará a ser com a integridade, um compromisso com a credibilidade.
DW África: Em que contexto surge essa mudança de direção?
Adriano Nuvunga (AN): Na verdade, a mudança aconteceu há muito tempo. O segundo aspecto é que o mandato do Marcelo Mosse chegou ao fim. Na sede da Assembleia Geral, onde sentam os membros fundadores do CIP, e na qual participou o Marcelo Mosse, houve eleições. Marcelo Mosse ficou doente. O CIP inclusive teve um diretor interino. Os membros votaram em mim e eu nem era candidato.
DW: O senhor é visto como uma figura próxima do partido no poder, a Frelimo. É verdade?
AN: Os órgãos de comunicação social devem ser transparentes. Acho interessante como uma das notícias [sobre o tema] foi construída. Diz lá que alguns setores pensam [que a mudança é resultado de ações da Frelimo]. As pessoas são livres para pensar o que quiserem. Mas eu, Adriano Nuvunga, não tenho qualquer tipo de ligação com o partido. O CIP é uma instituição que se preocupa com a transparência. Se alguém tem alguma informação contrária, de que eu tenha ligação com o partido Frelimo, pode se apresentar. Isso é simples.
DW: Com a nova direção do CIP e o senhor no comando, podemos esperar a continuidade de um trabalho crítico e de qualidade como nos tem oferecido o centro até agora?
AN: Eu sou membro fundador do CIP. Desde que o CIP começou a funcionar, eu estive no centro como diretor de pesquisa. É só percorrer todas as publicações do CIP, vais ver que está lá o meu nome. O primeiro aspecto é: eu não sei por que [a continuidade de um trabalho credível] acabaria. O segundo aspecto é o trabalho eleitoral nesse país, sobre transparência e denúncia de fraude sempre foi feito por mim. O que eu posso fazer é aproveitar essa entrevista para dizer às pessoas que me digam o que me implica no partido Frelimo. Vejam só o que uma das notícias [sobre o assunto] diz: decapitação da antiga direção. O Marcelo Mosse está vivo, não está decapitado. Qualquer um pode falar com ele. Numa sociedade democrática, em que membros, um grupo de pessoas fundam uma organização com estatutos, e esses membros elegem um diretor ...aparece uma jornalista de fora e diz que não, que esse membro que vocês (leia-se CIP) elegeram é do partido Frelimo. A nossa preocupação é com a integridade, com a qualidade do trabalho.
Autora: Nádia Issufo
Edição: Bettina Riffel / António Rocha