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Novo Governo de Moçambique "não impressiona"

Nádia Issufo (Maputo)
19 de janeiro de 2025

Caíram por terra expetativas da formação de um Governo de Unidade Nacional. À DW, analista prevê uma governação "difícil". Já RENAMO diz que "pessoas empossadas fazem parte do histórico que levou população às ruas".

Presidente de Moçambique Daniel Chapo
Daniel Chapo empossou novo Governo no sábado (18.01)Foto: ALFREDO ZUNIGA/AFP/Getty Images

A maioria dos ministros do Governo ora empossado pelo Presidente Daniel Chapo são caras novas, embora com experiência no Executivo. Mesmo assim, há quem não ponha muita fé no elenco, como é o caso do jornalista Fernando Lima, que diz que quer "ver para crer".

"Não fiquei muito impressionado com as escolhas governamentais", começa por afirmar o jornalista, acrescentando que tem "dificuldades [em achar que] esta equipa possa corresponder à fasquia muito, muito elevada que Daniel Chapo colocou no seu discurso de investidura".

Ainda assim, Fernando Lima lembra que "todos nós temos direito ao benefício da dúvida".

"Gostaria que o Governo tivesse uma boa performance, mas  teremos de ver se estas pessoas estarão à altura dos desafios ou não", diz.

Daniel Chapo investido Presidente de Moçambique

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A megafraude eleitoral que revoltou boa parte da população também impede o reconhecimento do novo Executivo. Para a RENAMO, os nomes não representam a grande transformação desejada.

Marcial Macome, porta-voz da segunda maior força da oposição, frisa que este "Governo não tem nenhuma legitimidade para ser empossado. Nós não reconhecemos o Governos saído destes resultados", diz.

Em segundo lugar, entende Macome, "as pessoas empossadas fazem parte do histórico da governação deste país que levou a população a sair às ruas. Estes nomes estão associados, de certa forma, à má governação".

Mas qual seria a composição ideal do Governo?

O porta-voz da RENAMO responde: "deveria ser baseada em nomes de reconhecido mérito social e profissional e não com base no clientelismo e lobismo, deveria ser com base no profissionalismo e na meritocracia".

Governo de Unidade Nacional

Também defraudou as expetativas de vários setores o facto de não se ter formado um Governo de Unidade Nacional (GUN). A inclusão de outras sensibilidades políticas no Executivo era vista como uma das soluções para a crise pós-eleitoral.

A não materialização de um GUN pode acirrar as atuais tensões?

Fernando Lima: "Não fiquei muito impressionado com as escolhas governamentais"Foto: Nádia Issufo/DW

Fernando Lima acredita que sim. Para ele, "a nomeação deste Governo se acompanhada da continuação de um diálogo com a oposição, com passos mais concretos no diálogo com Venâncio Mondlane, pode afastar essas interrogações em relação à cor política do Governo".

Embora a FRELIMO, no poder há quase 50 anos, insista num discurso de diálogo e de maior abertura, a sua narrativa há muito que caiu no descrédito. Para muito, era dado adquirido de que "os camaradas" nunca aceitariam dividir o poder.  

"FRELIMO não tem  espírito de pacificação"

É o caso da RENAMO. Marcial Macome diz que "pensar num GUN, inclusivo, com o nível de intolerância que se foi propagando, seria mais um caminho para a pacificação, mas não vejo a FRELIMO com esse espírito de pacificação".

"A FRELIMO é um partido que historicamente é intolerante e isso se manifesta através dos seus Governos instituídos. A única coisa que esperamos é que se façam reformas significativas para o bem da própria população", acrescenta.

Apesar da FRELIMO e o seu candidato terem sido reconhecidos, do ponto de vista de lei, não têm aceitação popular. Um contexto que, aos olhos de Fernando Lima, coloca ao Executivo um enorme desafio.

"Este Governo enfrenta uma grande hostilidade popular  e se esse elemento que foi corporizado pelas manifestações, também de natureza política, não for ultrapassado, terá muitas dificuldades em ter uma performance positiva nas suas atividades", conclui.

A oposição angolana precisa de um Mondlane?

28:34

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