Na tomada de posse do novo Executivo, Filipe Nyusi advertiu que não vai aceitar "desculpas" em caso de falhanço, apelando aos ministros para se focarem nos resultados que permitam a melhoria da vida do povo.
Tomada de posse de Filipe Nyusi, a 15 de janeiroFoto: Getty Images/R. Paquete
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"Doravante, não poderá existir a desculpa de que sou novo ou nova na função, pois as instituições que passam a dirigir sempre existiram e possuem instrumentos que delimitam as suas atribuições e competências", afirmou Filipe Nyusi, falando após empossar os novos membros do Executivo, este sábado (18.01).
Na cerimónia que decorreu no Palácio da Ponta Vermelha, a residência oficial do chefe de Estado moçambicano, tomaram posse o primeiro-ministro e 16 dos 17 ministros nomeados na sexta-feira, estando ausente Eldevina Material, nomeada ministra da Cultura e Turismo.
O chefe de Estado garantiu que optou por um elenco pragmático, visando o alcance de resultados com impacto na melhoria das condições de vida da população moçambicana. "Os mais de 28 milhões de moçambicanos ouviram o vosso termo de juramento e vão cobrar os resultados, não temos tempo, a partir de agora, vamos trabalhar", exortou Filipe Nyusi.
Os dirigentes empossados devem pautar-se pela integridade, lealdade, ética governativa e intolerância à corrupção, um mal que fragiliza as instituições do Estado moçambicano, assinalou Nyusi.
Filipe Nyusi discursa na cerimónia de investidura para um segundo mandato de cinco anos como PresidenteFoto: Getty Images/R. Paquete
Recados aos ministérios
No seu discurso, o chefe de Estado moçambicano concentrou-se depois em alguns dos ministérios mais importantes do Executivo, apontando o que considera serem os principais objetivos.
Segundo Filipe Nyusi, o Ministério da Economia e Finanças deve apostar na consolidação orçamental, assegurando o aumento dos recursos do Estado e o rigor nos gastos. "Toda a atividade económica vai ter como denominador comum a criação de oportunidades de emprego, sobretudo, para a juventude, tendo em vista a melhoria das condições de vida do nosso povo", sublinhou.
Do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Nyusi disse esperar uma maior dinâmica na diplomacia económica e a revitalização da rede diplomática moçambicana no estrangeiro. Os ministérios da Defesa e do Interior terão de se concentrar na defesa da paz, tranquilidade e ordem pública, tendo em conta os focos de instabilidade nas regiões Centro e Norte do país.
O Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural vai ter como aposta o alcance da "fome zero", através de ações que assegurem o aumento da produção e produtividade.
A Presidência da República ainda não esclareceu se a formação do novo elenco governamental está fechada e se serão extintos ou criados novos ministérios.
Carlos Agostinho do Rosário tomou novamente posse como primeiro-ministroFoto: picture-alliance/dpa/A. Silva
Dança das cadeiras
No elenco governamental há 10 caras novas e oito são reconduções em relação ao Executivo anterior.
Carlos Agostinho do Rosário mantém-se no lugar de primeiro-ministro, enquanto Adriano Maleiane, Max Tonela e João Machatine foram reconduzidos para os cargos de ministros da Economia e Finanças, dos Recursos Minerais e Energia e das Obras Públicas e Recursos Hídricos, respetivamente.
Celso Correia, Carmelita Namashulua e Helena Kida também permanecem no Governo, mas assumem pastas diferentes. Correia deixa o extinto Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural para assumir o novo Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural.
Carmelita Namashulua sai do Ministério da Administração Estatal e Função Pública para o ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, enquanto Helena Kida deixa a função de vice-ministra do Interior para assumir a pasta da Justiça.
Ainda entre os nomes reconduzidos, Carlos Mesquita deixa a tutela dos Transportes e Comunicações e assume o cargo de ministro da Indústria e Comércio.
Estreias
Nas novas caras, Verónica Macamo, que sai da presidência da Assembleia da República, assume o cargo de ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, em substituição de José Pacheco - que não surge na lista hoje divulgada.
Margarida Talapa deixa a liderança da bancada parlamentar do partido no poder, Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), para ocupar o cargo de ministra de Trabalho, Emprego e Segurança Social, e Augusta Maita transita da direção do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades para o cargo de ministra do Mar, Águas Interiores e Pesca.
Outros nomes novos entre os ministros e ministras empossados são Jaime Neto (Defesa), Amade Miquidade (Interior), Armindo Tiago (Saúde), Gabriel Salimo (Ciência e Ensino Superior), Ivete Maibase (Terra e Ambiente), Janfar Abdulai (Transportes e Comunicações) e Eldevina Materula (Cultura e Turismo).
Dia de eleições em Moçambique em imagens
De norte a sul de Moçambique, grande afluência de eleitores marcou primeiras horas de votação. 13,1 milhões de moçambicanos foram chamados a escolher Presidente da República, 250 deputados e 10 governadores provinciais.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Filipe Nyusi abre votação em Maputo
As primeiras assembleias de voto abriram às 07:00 para as sextas eleições gerais. Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique e candidato a um segundo mandato, abriu a votação em Maputo. Depois de votar na Secundária Josina Machel, em direto na televisão pública, pediu ao país para mostrar ao mundo que Moçambique "apoia a democracia". "Vamos acreditar e vamos confiar", sublinhou o candidato da FRELMO.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Ossufo Momade vota na Ilha de Moçambique
O candidato presidencial da RENAMO, Ossufo Momade, disse que "nunca" vai aceitar "resultados eleitorais manipulados", assinalando que a negação da vontade popular levou o país a hostilidades militares no passado. "Estamos determinados em fazer qualquer coisa que o povo nos indicar", declarou Momade. O candidato falava após votar na sua terra natal, na Ilha de Moçambique, província de Nampula.
Foto: Getty Images/A. Barbier
Daviz Simango apela ao voto de todos
Daviz Simango, candidato à presidência pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), votou no bairro de Macuti. "Aproveito esta oportunidade para lembrar a todos os moçambicanos que não votarem que vão ter a oportunidade de ser dirigidos por aqueles que não escolheram", advertiu. Pediu ainda às autoridades para "criarem condições para que estas eleições sejam transparentes livres e justas".
Foto: DW/A. Sebastião
Tentativas de fraude a favor da FRELIMO
Segundo o Centro de Integridade Pública (CIP), registaram-se já vários "casos de tentativas de enchimento de urnas" nos dois maiores círculos eleitorais do país. Os casos, a favor da FRELIMO, ocorreram nas assembleias de voto instaladas nas escolas primárias completas Eduardo Mondlane de Angoche, em Nampula, e 16 de Junho, em Mopeia, na Zambézia, precisou a ONG.
Foto: DW/L. da Conceição
UE: Observação eleitoral "em boas condições"
A Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (UE) considera que a abertura das mesas de voto decorreu de modo ordeiro. "Havia muitas filas, mas os procedimentos foram seguidos em grande parte", disse Sànchez Amor. O chefe da missão da UE informou ainda que "a observação está a realizar-se em boas condições" e, por enquanto, "o processo desenrola-se conforme o previsto".
Foto: DW/L. Matias
Quelimane: Zambezianos em peso nas urnas
Assembleias de voto em Quelimane, província central da Zambézia, registam grande afluência de eleitores desde as primeiras horas. A DW encontrou vários cidadãos que não conseguiram votar por problemas com o cartão de eleitor. Luís Boavida, cabeça de lista do MDM, e Manuel de Araújo, da RENAMO, apelaram aos zambezianos para irem às urnas. Pio Matos, da FRELIMO, garantiu que está "tudo tranquilo".
Foto: DW/N. Issufo
Gaza: Ambiente calmo e ordeiro
A tranquilidade marcou a abertura das mesas de voto em Mandlakazi, na província de Gaza, no sul. Gaza foi notícia nos últimos meses porque foi aqui que os órgãos eleitorais moçambicanos recensearam cerca de 230 mil eleitores a mais do que o número da população em idade eleitoral anunciada pelo INE. Irregularidades muito contestadas por oposição e sociedade civil.
Foto: DW/C. Matsinhe
Nampula: Eleitores impedidos de votar
Em Mulila, no populoso bairro de Namicopo, na cidade de Nampula, pelo menos oito eleitores foram impedidos de votar, alegadamente porque os seus nomes não constavam dos cadernos eleitorais. O bairro de Namicopo é na sua maioria habitado por apoiantes da RENAMO. Já a Sala da Paz condenou a "falta de vontade dos órgãos eleitorais" em credenciar observadores na província de Nampula.
Foto: DW/S. Lutxeque
Tete: Balanço positivo da Sala da Paz
A Sala da Paz faz um balanço positivo das primeiras horas de votação em Tete, apesar de se verificaram longas filas de eleitores e de alguns membros desta plataforma eleitoral não terem sido credenciados pelos órgãos de administração eleitoral para a observação do pleito. Nestas eleições, Tete elege 21 deputados para a Assembleia da República e 82 membros para a Assembleia Provincial.
Foto: DW/A. Zacarias
Inhambane: Prioridade para eleitores idosos
Idosos em Inhambane estão a ter prioridade nas mesas das assembleias de voto. Nesta província, as mesas abriram à hora prevista, com milhares de eleitores nas filas para exercerem o seu direito cívico. A afluência às urnas diminuiu ao final da manhã. Os concorrentes ao cargo de governador votaram cedo e aguardam os resultados nas suas residências, sob fortes medidas de segurança.
Foto: DW/L. da Conceição
Pemba: Longa espera para votar
Ao contrário de Inhambane, em Pemba, província de Cabo Delgado, alguns idosos queixam-se da longa espera para votar e lamentam que não lhes seja concedida prioridade, como preconiza a lei. "Há lutas na fila e como nós somos mais velhas não conseguimos ficar paradas, por isso ficamos sentadas", disse à DW África a idosa Albertina Navaia, que vota na Escola Primária de Cariacó.
Foto: DW/D. A. Uatanle
Manica: Votação sem sobressaltos
Em Manica, a votação tem sido sobressaltos nem registo de ilícitos eleitorais. Apesar de, no geral, os partidos darem nota positiva ao arranque do processo na província, o delegado do MDM, Humberto Escova, lamentou a circulação de automóveis blindados, na zona de Pinanganga, no distrito de Gondola, e acusou o contingente policial de semear o medo entre os eleitores.